Capítulo 9: Talvez eu Precise de Ajuda

1093 Words
ISABELA A noite estava quieta, mas minha mente não. Depois do que aconteceu com Ryan, eu m*l conseguia dormir. Meu rosto ainda doía, mesmo depois de um dia e a lembrança daquela cena no chão da sala me assombrava. Eu sabia que precisava tomar uma decisão, mas o medo de estar sozinha, de enfrentar o mundo sem ninguém, ainda me paralisava. Enquanto me virava na cama, meu celular vibrou. Era uma notificação do i********:. Me lembrando que o Jace tinha me seguido. Eu hesitei por um momento, mas, no fim, aceitei o pedido. Não sei por que. Talvez fosse a curiosidade de saber por que alguém como ele estaria interessado em alguém como eu. Logo depois, vi que ele tinha curtido algumas das minhas fotos mais antigas. Uma delas era justamente a do vídeo no barzinho, onde eu dançava com meus amigos ao som de uma das músicas dele. Eu sorri, lembrando daquela noite. Tinha sido um dos poucos momentos de felicidade genuína nos últimos tempos. Mas, ao mesmo tempo, aquilo me deixou um pouco desconfortável. Jace era famoso, cercado de fãs e garotas que fariam qualquer coisa por ele. Por que ele estava interessado em mim? Eu não era nada especial. Só uma garota comum, com uma vida comum e problemas comuns. Meu celular vibrou de novo. Era uma mensagem direta. — "Gostei do vídeo. Você dança bem." Fiquei paralisada, olhando para a tela. O que eu devia responder? Sequer sabia se queria responder. Mas, antes que eu pudesse decidir, outra mensagem chegou. — "E, pelo visto, você gosta das minhas músicas. Isso é um ponto a mais pra você." Eu não pude evitar um sorriso. Ele era confiante, isso era certo. Mas, de alguma forma, aquela confiança não me irritava tanto quanto eu esperava. — "Obrigada," —respondi, simplesmente. A resposta dele veio quase imediatamente. — "Por que você não me aceitou antes? Estava esperando a uma eternidade." Eu ri baixinho, mas logo me lembrei de Ryan e da situação em que estava. Não podia me deixar levar por isso. Não agora. — "Desculpa, eu... tenho tido uns problemas pessoais," — escrevi, hesitante. Ele não demorou a responder. — "Problemas são feitos pra serem resolvidos. Se precisar de ajuda, tô aqui." Aquela mensagem me pegou desprevenida. Não esperava que ele fosse tão direto, tão sincero. Mas, ao mesmo tempo, eu sabia que não podia me envolver com alguém como ele. Era muito complicado. — "Obrigada, mas acho que consigo resolver sozinha," — respondi, tentando manter uma certa distância. Ele não respondeu de imediato, e eu aproveitei para desligar o celular e tentar dormir. Mas, mesmo com os olhos fechados, minha mente não parava de pensar nele. Em Jace. E, no fundo, eu sabia que aquela conversa não tinha acabado. Talvez estivesse apenas começando. Mas, por enquanto, eu precisava focar em mim. Em resolver meus problemas. Em encontrar uma saída para a situação com Ryan. E, enquanto o sono finalmente começava a me levar, uma única pergunta ecoava na minha mente. — "O que eu realmente quero?" Eu não sabia por que tinha respondido Jace. Nem por que tinha aceitado o pedido dele para me seguir. Mas as poucas palavras que trocamos mexeram comigo de uma forma diferente. Será que eu estava gostando dele? A ideia parecia absurda. Eu m*l o conhecia, e ele era... bem, ele era Jace. Um cara famoso, cercado de fãs e com uma vida que eu nem conseguia imaginar. Mas, mesmo assim, aquela noite consegui dormir tranquila. Por sorte, quando acordei de manhã, Ryan não tinha aparecido. Eu preferia assim. Não me sentiria pressionada a ficar com ele logo cedo, a fingir que estava tudo bem quando claramente não estava. Eu o perdoava e ele sumia, era sempre assim. Saí do quarto e tomei um banho rápido, me preparando para mais um dia de faculdade. A rotina era sempre a mesma, mas, de alguma forma, hoje parecia um pouco mais leve. Talvez fosse por causa daquela conversa com Jace. Ou talvez fosse só a ausência de Ryan. A marca do tapa ainda era nítida no meu rosto, fiz uma make pra disfarçar, coloquei uma roupa confortável e sai. Na faculdade, encontrei meus colegas, Tomas, Mirela, Jade, Diogo e Conrado. Eramos um grupo unido, mas, às vezes, parecíamos três casais. Tomas ficava com Jade, Mirela com Diogo, e Conrado... bem, talvez ele estivesse interessado em mim. Mas todos ali sabiam que eu namorava, então ele nunca tinha feito nada além de algumas brincadeiras inocentes. — Oi, Isa! — Mirela cumprimentou, abrindo um sorriso. — Tudo bem? Você não veio ontem, achei que não viria hoje. — Tudo bem. — respondi, tentando não pensar muito no motivo de não ter vindo ontem. — Só precisava dormir, descansar, tenho trabalhado muito esses dias. — Que bom que voltou hoje. — Jade comentou, enquanto Tomas passava o braço em volta dela. — A gente ia tomar um café na lanchonete. Vem com a gente? Eu concordei, e logo estávamos todos sentados na lanchonete em frente à faculdade, rindo e conversando como sempre. Conrado sentou ao meu lado, como de costume, e eu não pude evitar notar o jeito como ele olhava para mim. — E aí, Isa, como tá com o Ryan? — ele perguntou, tentando parecer casual. — Tá... tá tudo bem. —menti, evitando o olhar dele. Conrado não insistiu, mas eu sabia que ele tinha percebido que algo estava errado. Ele sempre percebia. Enquanto tomávamos café, minha mente voltou para Jace. O que ele estaria fazendo agora? Será que ele tinha mandado mais alguma mensagem? Eu resisti à tentação de checar o celular, mas a curiosidade estava lá, insistente. — Isa, você tá meio distante hoje. — Mirela comentou, levantando uma sobrancelha. — Tudo bem mesmo? — Tudo sim. — respondi, forçando um sorriso. — Só tô com muita coisa na cabeça. — Se precisar conversar, a gente tá aqui. — Diogo disse, dando uma piscadinha. Eu agradeci com um aceno de cabeça, mas sabia que não podia contar a eles sobre Ryan. Nem sobre Jace. Aquilo era algo que eu precisava resolver sozinha. Quando o café acabou, voltamos para a faculdade, e o dia seguiu como sempre. Aulas, conversas, risadas. Mas, no fundo, minha mente não parava de pensar naquela mensagem de Jace. — "Se precisar de ajuda, tô aqui." E, pela primeira vez em muito tempo, eu me peguei pensando que talvez, só talvez, eu precisasse mesmo de ajuda. Mas, por enquanto, eu continuava fingindo que estava tudo bem. Afinal, era o que eu sempre fazia.
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