Sabia que, para o plano dar certo, precisaria de gente em quem pudesse confiar. E, com a ideia ainda tomando forma, começou a reunir os comparsas.
Preto: Especialista em eletrônicos como alarmes e sistemas de segurança. Douglas: Agressivo, do tipo que transformava carros comuns em máquinas de fuga. Por último, ele contactou Renan, com contatos que podiam conseguir armas e informações privilegiadas sobre o alvo. Beto era o mais novo e desconfiado dos contatos, mas Warley tinha a argumentação certa para convencê-lo.
O grupo se reuniu em um lote abandonado, local que chamou de “Base Temporária”. O ambiente era escuro, com paredes inacabadas e o chão sujo de graxa. A mesa localizada ao centro tinha um mapa do bairro espalhado por cima, junto com algumas anotações.
— Perfeito meu povo. Esse é o nosso ponto de partida — destacou.
Preto analisou cruzando os braços.
— Tem quase uma hora que tá aí só enrolando. Se não tá ligado o tempo urge.
— É isso aí. E quanto ao plano?
Apoiou Douglas roçando a barba rala.
— Relaxa, meu parceiro. Para o golpe ser bem executado, é preciso cautela.
Ele puxou uma folha de papel rabiscada, detalhando o que parecia ser a planta de um minimercado.
— Esse é o alvo. Pequeno, mas lucrativo. Segurança básica. A ideia é invadir de madrugada, quando o estoque de dinheiro do fim de semana ainda estiver no cofre. Como devem imaginar, Douglas vai ser o piloto. Preto desativa o alarme, Renan entra comigo, Beto fica do lado de fora de vigia. Caso surja um imprevisto. Alguma dúvida?
Apesar de tudo, a recompensa prometida ainda estava por vir e ninguém ousou questionar ou abandonar o esquema.
A estratégia: invadir uma loja de eletrônicos de médio porte que, segundo as informações levantadas com antecedência, recebia grandes quantias de dinheiro em espécie para evitar taxas de cartões. O local tinha segurança mínima e um esquema descomplicado de fechamento.
A loja de eletrônicos ficava em uma ponto movimentado que à noite, a rua ficava deserta. Preto confirmou que o alarme do local era antigo, algo que ele conseguia desativar em menos de dois minutos. Renan, por sua vez, conseguiu informações com um contato interno: o cofre ficava no escritório dos fundos, trancado apenas por uma fechadura simples.
A ação rápida. Entrar, limpar o cofre e sair antes que alguém perceba.
A fuga: pela avenida principal já mapeada com previsão. E para o caso de dar algo errado, um carro reserva estaria estacionado na rua de trás. Segundo os dados, a margem de erro era mínima.
O plano inicial foi colocado em prática. De acordo com as premeditações, Preto conseguiria desativar as travas da porta em questão de segundos, Douglas estaria a espera no carro, pronto para a fuga, Renan e Warley invadiriam o escritório, enquanto Beto cobriria o perímetro.
À 1h da manhã, o grupo se reuniu no ponto de encontro. Warley conferiu outra vez as ferramentas dentro da mochila: luvas, lanterna, máscaras. Tudo estava pronto.
— Preto, é com você. Dá o sinal quando terminar — disse ele.
Preto se aproximou da porta lateral da loja. Em poucos segundos, o alarme estava desativado. Ele fez um aceno, e Renan e Warley entraram na loja iluminada apenas pelo bico de luz vindo da rua que passava pelas janelas. Renan foi direto ao escritório.
— Aqui, achei o cofre! — sussurrou.
Warley usou uma chave-micha para abrir a fechadura. E demorou cerca de dez segundos até que a porta se abrisse, revelando o interior repleto de dinheiro.
— Que foi que eu disse? — murmurou colocando os pacotes de dinheiro dentro da mochila.
Enquanto do lado de fora, Beto vigiava atento a qualquer movimento estranho naquele trecho. Praticamente imerso em um calmaria profunda. Tanto que chegava a ser suspeito. Foi então que uma viatura da polícia apontou virando rápido a esquina.
Beto correu até a porta lateral e gritou avisando os dois.
Warley e Renan largaram tudo e correram. Com as mochilas cheias, passaram pela porta lateral e entraram no utilitário.com o motor já ligado.
As sirenes chegava perto. Uma viatura apontou logo atrás deles. Douglas dirigia como um louco, cortando ruas e quase colidindo com outros carros estacionados. As mãos suando no volante enquanto pisava fundo no acelerador. O som das sirenes ressoava em sua mente como uma contagem regressiva.
Beto, olhava nervosamente pelo retrovisor, onde as luzes vermelhas e azuis os perseguiam incansavelmente.
Desviaram bruscamente de um caminhão vindo na contramão, quase pegando de raspão na lataria e entrou em uma rua estreita, tentando ganhar distância.
Douglas enfiou o pé no acelerador, o motor rugindo. No cruzamento o veículo fez uma manobra arriscada. Os pneus cantaram alto deixando um rastro de borracha queimada no asfalto. A viatura continuava firme, aproximando-se com os faróis iluminados. Até que não conseguindo contornar a curva fechada, bateu frontalmente contra a mureta. Pondo assim um fim na perseguição. Havendo consequentemente falhado em barrar a fuga do veiculo, que desaparecia em um desvio da pista escura.