— Retaliação

761 Words
Dante Acordei com a boca seca, a cabeça latejando, o corpo pesado. Por um instante, pensei que estivesse morto. Mas então senti o cheiro dela no quarto. Lívia. Abri os olhos devagar. A luz suave da manhã entrava pelas cortinas, e ela estava ali, sentada à beira da cama, vestindo apenas uma camisa minha, comprida demais para ela. — Bom dia. — disse, sem sequer me olhar. — Louca. — murmurei, a voz rouca. Ela sorriu de canto. — Eu avisei que ia te surpreender. — O que colocou no meu uísque? — perguntei, tentando me sentar. Ela me empurrou de volta com a palma da mão no meu peito. — Só o suficiente para você lembrar que não é invencível. — Você tem noção… — comecei, mas precisei pausar para recuperar o ar. — Tenho. — cortou-me. — Tenho toda a noção do que estou fazendo. Ela se inclinou sobre mim, os cabelos caindo para frente, a ponta do nariz roçando a minha bochecha. — E você? Tem noção do que eu posso fazer com você agora, nessa cama? O calor subiu por minha espinha apesar do veneno ainda correndo nas veias. — Então faça. — desafiei, os olhos cravados nos dela. Ela se endireitou e abriu lentamente os botões da camisa, deixando-a cair pelos ombros. Debaixo dela, nada. O corpo dela brilhava sob a luz suave, cada curva, cada marca que eu mesmo deixara ali. Ela subiu na cama, ficando sobre mim, os joelhos de cada lado do meu quadril. — Agora é você que vai obedecer. — disse, firme. — Nunca. — rosnou a minha voz. — Sempre. — rebateu. Ela agarrou meus punhos e os prendeu acima da minha cabeça, as coxas pressionando meus flancos. — Você está fraco. — disse, sorrindo maliciosa. — É todo meu. Eu não lutei. Só a observei, sentindo o sangue ferver, mas incapaz de me mover rápido como antes. Ela se inclinou e mordeu meu pescoço devagar, descendo pelo peito, até a barriga. — Vou marcar você por dentro dessa vez. — murmurou. As mãos dela se moveram habilidosas, libertando-me das roupas, e antes que eu pudesse reagir, ela me montou de uma vez, um gemido escapando dos lábios dela enquanto se ajustava a mim. — Olhe para mim. — ordenou. Obedeci. Os cabelos dela caiam em volta do rosto, as mãos apoiadas no meu peito enquanto ela começava a se mover, lenta no início, depois mais rápido, como se quisesse me destruir e me salvar ao mesmo tempo. — Sente isso? — perguntou, a voz entrecortada. — Sempre. — respondi, ofegante. — Você é meu agora. — disse, cravando as unhas em meu peito. Eu soltei um riso baixo, mesmo sem forças. — Você acha que ganhou? — provoquei. Ela se inclinou até nossos lábios quase se tocarem. — Não preciso ganhar, Dante. Só preciso te quebrar. Ela intensificou os movimentos, o corpo dela se arqueando, os olhos fechados por um instante, depois voltando a me encarar com uma fome selvagem. Cada vez que ela descia sobre mim, eu sentia mais do meu controle ir embora, como se ela estivesse arrancando minha alma e me devolvendo pedaços diferentes. — Boa garota. — murmurei entre dentes. Ela sorriu, triunfante. — Não. — disse, a voz firme. — Boa… não. Eu sou a mulher que vai te arruinar. Quando chegou ao ápice, ela se curvou para frente, os lábios em meu ouvido. — E você vai me agradecer por isso. Eu não tive forças para responder. Só para segurá-la com as mãos trêmulas enquanto o prazer me rasgava por dentro. Ela permaneceu sentada sobre mim por alguns segundos, respirando rápido, antes de deslizar para o meu lado e deitar com a cabeça no meu peito. Ficamos assim em silêncio. A tensão ainda pulsava entre nós. — Você me odeia? — perguntou ela, finalmente. — Eu te quero. — respondi. — Isso não responde. — disse, fechando os olhos. — Porque eu não sei. — confessei. Ela riu baixinho. — Então estamos quites. Eu fechei os olhos também, sentindo o veneno ainda queimando, mas agora misturado com algo mais quente, mais perigoso. — Cuidado, cara mia. — murmurei. — Quando eu recuperar minhas forças… você vai pagar por hoje. — m*l posso esperar. — respondeu ela, com um sorrisinho vitorioso. Ficamos assim, deitados, dois inimigos jurados e amantes insaciáveis, trançados um no outro como uma corda que já não sabia mais onde começava ou terminava. Eu sabia que ela estava ganhando. Mas ainda não era o fim. Nem para ela. Nem para mim.
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