Dante
Acordei com a boca seca, a cabeça latejando, o corpo pesado.
Por um instante, pensei que estivesse morto.
Mas então senti o cheiro dela no quarto.
Lívia.
Abri os olhos devagar. A luz suave da manhã entrava pelas cortinas, e ela estava ali, sentada à beira da cama, vestindo apenas uma camisa minha, comprida demais para ela.
— Bom dia. — disse, sem sequer me olhar.
— Louca. — murmurei, a voz rouca.
Ela sorriu de canto.
— Eu avisei que ia te surpreender.
— O que colocou no meu uísque? — perguntei, tentando me sentar.
Ela me empurrou de volta com a palma da mão no meu peito.
— Só o suficiente para você lembrar que não é invencível.
— Você tem noção… — comecei, mas precisei pausar para recuperar o ar.
— Tenho. — cortou-me. — Tenho toda a noção do que estou fazendo.
Ela se inclinou sobre mim, os cabelos caindo para frente, a ponta do nariz roçando a minha bochecha.
— E você? Tem noção do que eu posso fazer com você agora, nessa cama?
O calor subiu por minha espinha apesar do veneno ainda correndo nas veias.
— Então faça. — desafiei, os olhos cravados nos dela.
Ela se endireitou e abriu lentamente os botões da camisa, deixando-a cair pelos ombros.
Debaixo dela, nada.
O corpo dela brilhava sob a luz suave, cada curva, cada marca que eu mesmo deixara ali.
Ela subiu na cama, ficando sobre mim, os joelhos de cada lado do meu quadril.
— Agora é você que vai obedecer. — disse, firme.
— Nunca. — rosnou a minha voz.
— Sempre. — rebateu.
Ela agarrou meus punhos e os prendeu acima da minha cabeça, as coxas pressionando meus flancos.
— Você está fraco. — disse, sorrindo maliciosa. — É todo meu.
Eu não lutei.
Só a observei, sentindo o sangue ferver, mas incapaz de me mover rápido como antes.
Ela se inclinou e mordeu meu pescoço devagar, descendo pelo peito, até a barriga.
— Vou marcar você por dentro dessa vez. — murmurou.
As mãos dela se moveram habilidosas, libertando-me das roupas, e antes que eu pudesse reagir, ela me montou de uma vez, um gemido escapando dos lábios dela enquanto se ajustava a mim.
— Olhe para mim. — ordenou.
Obedeci.
Os cabelos dela caiam em volta do rosto, as mãos apoiadas no meu peito enquanto ela começava a se mover, lenta no início, depois mais rápido, como se quisesse me destruir e me salvar ao mesmo tempo.
— Sente isso? — perguntou, a voz entrecortada.
— Sempre. — respondi, ofegante.
— Você é meu agora. — disse, cravando as unhas em meu peito.
Eu soltei um riso baixo, mesmo sem forças.
— Você acha que ganhou? — provoquei.
Ela se inclinou até nossos lábios quase se tocarem.
— Não preciso ganhar, Dante. Só preciso te quebrar.
Ela intensificou os movimentos, o corpo dela se arqueando, os olhos fechados por um instante, depois voltando a me encarar com uma fome selvagem.
Cada vez que ela descia sobre mim, eu sentia mais do meu controle ir embora, como se ela estivesse arrancando minha alma e me devolvendo pedaços diferentes.
— Boa garota. — murmurei entre dentes.
Ela sorriu, triunfante.
— Não. — disse, a voz firme. — Boa… não. Eu sou a mulher que vai te arruinar.
Quando chegou ao ápice, ela se curvou para frente, os lábios em meu ouvido.
— E você vai me agradecer por isso.
Eu não tive forças para responder.
Só para segurá-la com as mãos trêmulas enquanto o prazer me rasgava por dentro.
Ela permaneceu sentada sobre mim por alguns segundos, respirando rápido, antes de deslizar para o meu lado e deitar com a cabeça no meu peito.
Ficamos assim em silêncio.
A tensão ainda pulsava entre nós.
— Você me odeia? — perguntou ela, finalmente.
— Eu te quero. — respondi.
— Isso não responde. — disse, fechando os olhos.
— Porque eu não sei. — confessei.
Ela riu baixinho.
— Então estamos quites.
Eu fechei os olhos também, sentindo o veneno ainda queimando, mas agora misturado com algo mais quente, mais perigoso.
— Cuidado, cara mia. — murmurei. — Quando eu recuperar minhas forças… você vai pagar por hoje.
— m*l posso esperar. — respondeu ela, com um sorrisinho vitorioso.
Ficamos assim, deitados, dois inimigos jurados e amantes insaciáveis, trançados um no outro como uma corda que já não sabia mais onde começava ou terminava.
Eu sabia que ela estava ganhando.
Mas ainda não era o fim.
Nem para ela.
Nem para mim.