Você Já é Minha

889 Words
Lívia Quando a porta se fecha atrás dele, sinto o ar finalmente voltar aos meus pulmões. Sozinha, por alguns instantes, permito-me desabar. Minhas mãos tremem enquanto aliso a colcha sob mim. Meus joelhos ainda doem de tanto que me pressionei contra o colchão para não gritar mais alto. Eu deveria odiá-lo. Eu o odeio. Mas meu corpo insiste em desmentir minha mente, ainda quente, ainda latejando no mesmo ritmo que as palavras dele martelam em minha cabeça: Você é minha. Minha. Só minha. Levanto-me devagar, indo até a janela. A cidade lá fora continua indiferente ao que acontece aqui dentro. Carros, pessoas apressadas, o sol brilhando como se nada tivesse acontecido. Respiro fundo. Eu preciso ir embora. Ele não pode me manter aqui para sempre. Ou pode? A maçaneta gira de novo e eu me viro, já com a máscara de indiferença no rosto. Mas não é Dante. É um homem mais velho, vestido com terno impecável, que carrega uma bandeja com café, frutas, pães. Ele não diz nada, apenas abaixa os olhos e deposita a bandeja sobre a mesa antes de sair em silêncio. Um arrepio percorre minha espinha. Até os empregados dele sabem que eu não devo falar, não devo pedir ajuda. Sento-me à mesa, mas não toco em nada. Só quando ele volta é que percebo que estou prendendo a respiração de novo. Dante está impecável, de terno escuro, cabelos penteados para trás, o nó da gravata perfeito. — Bom dia, cara mia. — Bom dia. — minha voz m*l sai. Ele caminha até mim, para atrás da cadeira e se inclina, suas mãos pousando em meus ombros. — Você não comeu. — constata, a boca perigosamente próxima do meu ouvido. — Não estou com fome. — Não é uma escolha. Ele puxa a cadeira ao meu lado e se senta. Coloca um pedaço de pão no meu prato e serve café. — Coma. Obedeço em silêncio. — Assim é melhor. — Ele se recosta, satisfeito, observando cada movimento meu. — Vai precisar de energia para mais tarde. O calor sobe ao meu rosto, e desvio o olhar para a janela. — O que você quer de mim agora? — pergunto, finalmente. Ele sorri. — Já disse. Quero você. — Já me tem. — retruco. — Não completamente. Ainda sinto você tentando resistir aqui. — Ele aponta para minha cabeça. — Ainda me desafia aqui. — Não vou parar de lutar. — Ah, vai. — Seus olhos brilham. — E quando acontecer, você mesma vai me implorar para nunca mais sair daqui. Ele se levanta, dá a volta por trás de mim e desliza as mãos por meus braços até entrelaçar os dedos aos meus. — Vem. — ordena, puxando-me da cadeira. — Para onde? — Para onde eu quiser. Ele me conduz pelo corredor, até um quarto maior, dominado por uma enorme cama de dossel, cortinas esvoaçantes e espelhos estrategicamente posicionados. — Você vai aprender a se olhar. — murmura, fechando a porta atrás de nós. — Vai aprender a se ver como eu vejo você. Engulo em seco quando ele me empurra para a beirada da cama. — Tire a roupa. — Dante… — Agora. Suas mãos já estão no nó da gravata enquanto eu obedeço, descendo lentamente os ombros do vestido. Ele se senta na poltrona, apenas assistindo, o olhar tão intenso que sinto a pele queimar onde quer que seus olhos toquem. — Você não faz ideia do que faz comigo. — diz, enquanto desabotoa a camisa. — Ontem, quando tentou fugir, eu quase coloquei um homem atrás de você para quebrar suas pernas. Só não fiz porque… — Porque? — pergunto, quase sem ar. — Porque prefiro ser eu a te quebrar. — Seu sorriso é sombrio. — Mas depois conserto, peça por peça. Ele se levanta, finalmente, e em poucos segundos está atrás de mim, as mãos firmes na minha cintura, os lábios na curva do meu pescoço. — Olhe. — ele ordena, apontando para o espelho. — Quero que veja quem você é quando está comigo. Nossos olhos se encontram no reflexo. Meu peito sobe e desce rápido, as bochechas coradas, os lábios entreabertos. — Você já é minha. — diz, os dedos deslizando lentamente por minha barriga até alcançarem a rendinha da lingerie. — Não… — tento protestar, mas é um gemido o que escapa. — Sim. — Ele morde meu ombro de leve. — Diga. — Eu sou… sua. — Boa garota. Ele me empurra para frente, me fazendo apoiar as mãos na cama enquanto me possui devagar, mas firme, olhando-me no espelho o tempo todo. — Olhe. Não ouse fechar os olhos. — exige, enquanto se move dentro de mim, cada vez mais profundo, cada vez mais certo de que me destruiu por dentro. E ele está certo. Quando o prazer explode em ondas e eu caio sobre os lençóis, sem forças para resistir, ele se deita ao meu lado, a respiração ainda descompassada. — É assim que gosto de ver você. — murmura, passando a mão pelo meu cabelo. — Quebrada. Minha. Fecho os olhos, tentando me convencer de que ainda sou eu mesma. — O que vai ser de mim? — pergunto, quase sem voz. Ele ri baixinho, a mão ainda na minha nuca. — Você já é minha. Agora só falta perceber isso.
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