Acordei com o agradável barulho da chuva, o tempo estava muito nublado e com ele veio à preguiça de levantar da cama, olhei para o relógio e percebi que ele havia parado, estava marcando 4h59min, devia ser umas 5h50min ou 6 horas. Resolvi me arrumar e descer para o café, para minha surpresa, a mesa estava posta, um cheiro incrível de panquecas vindo da cozinha, ouvi vozes e para minha surpresa, era Hank, meu irmão conversando com meu pai.
Corri até a cozinha, mas para minha surpresa, não havia ninguém, virei para a mesa e tudo que tinha lá á alguns segundos atrás, havia sumido. Fiquei atordoada e sem saber o que fazer como aquelas coisas haviam sumido, e as vozes.
Corri de volta para meu quarto, mas antes de chegar ás escadas escuto uma voz me chamando:
- Susan, espere.
Viro e vejo um rapaz de cabelos negros compridos, olhos negros profundos, muito parecidos com o de Will, mas não era ele.
Aproximei-me com calma e perguntei:
- Quem é você?
O rapaz se aproximou mais ainda de mim e respondeu:
- Daniel.
Disse se aproximando mais ainda e quando encostou o peito de sua mão em meu rosto, senti como se estivesse queimando.
Ele aproximou seu rosto do meu e quando ia me beijar, alguém bateu na porta, acabei acordando e reparei que estava deitada no sofá, sendo que na noite anterior, dormi no meu quarto, na minha cama.
Morgana dissertando sobre as revoluções espanholas e toda aquela baboseira que professores de língua estrangeira, principalmente quando são de sua natureza, gostam de falar, defender seu “território”.
Não vi Jackie, devia estar na aula de literatura, e muito menos Will. Tempo depois estava recostada no meu lugar “secreto”, que nem era tão secreto assim, era só um lugar em que os alunos não gostavam de ficar, já que dava para os fundos da escola, local que não é nada agradável.
Procurei por Jackie, mas para minha surpresa ele não fora para aula naquela manhã, logo me preocupei pensei em mil e uma coisas, será que sofrera um sequestro na volta pra casa, fora assaltado e havia desmaiado em algum lugar, meus pensamentos foram interrompidos por Brown, que chega com toda sua alegria contagiante falando:
- Susan o que esta fazendo aqui sozinha?
Dei-lhe um pequeno sorriso amarelo e disse:
- Sabe que gosto de ficar aqui Brown, quando estou com v*****e ficar a sós com meus pensamentos.
Ele baixou mais o tom no ânimo e retrucou:
- Desculpa, pergunta estúpida essa minha, mas... Queria saber se está bem? Precisa de alguma coisa?
Olhei fixamente em seus olhos e sentia algo estranho, resolvi tirar minha duvida:
- O que está acontecendo?
Ele baixou a cabeça, aproximou-se de mim e falou:
- Acho que não sou a pessoa mais adequada pra lhe dar essa noticia, Jackie está na diretoria, quer falar com você.
Naquele momento, sabia que algo havia acontecido e temia pelo pior, temia por Jackie.
Alguns minutos depois, lá estava eu, na frente da diretoria esperando ser chamada. Ouvia vozes vindas de dentro da sala, uma delas era de Morgana, sua voz rouca era inigualável, a outra de Jackie, ouvi uns sussurros, como se tivesse mais gente dentro da sala, parecia vozes masculinas.
Após algum tempo, das vozes cessarem, Morgana ordenou que eu entrasse na sala onde se encontravam Sr. Hills, Jackie e um rapaz que estava de costas e que não conhecia.
Sr. Hills veio ao meu encontro:
- Susan, nós precisamos ter uma conversa muito séria.
Pra aumentar ainda mais minha preocupação, Jackie se aproxima e diz:
- Aconteceu uma tragédia, Susan, algo que nem eu mesmo consigo acreditar.
Não aguentando mais, retruquei a todos na sala:
- O que aconteceu?!
Jackie continua:
- Encontraram D. Marie morta em casa.
Naquela hora meu coração disparou, a única Marie que conhecia, era minha avó. Parecia que tinha sido acertada por uma torrente de água forte e que ela havia arrancado minhas raízes da terra, levando-me para longe.
Sem reação, as únicas palavras que consegui dizer:
- O que?! Como?!
Morgana que ate o momento esteve calada, levantou-se de sua cadeira dizendo:
- Estamos nos fazendo estas e muitas outras perguntas, desde quando soubemos. É algo quase inacreditável, digo quase, por que a violência esta aumentando cada vez mais, principalmente entre os jovens.
Ainda com muitas duvidas, retruquei-a:
- Como assim “desde a hora que vocês souberam” isso não foi hoje?!
Jackie e ela trocam olhares e ele continua:
- Os vizinhos acham que possa ter acontecido ontem à noite, ou ate mesmo pela manhã, já que não a viam há uns dois dias.
Fiquei perplexa diante de tudo aquilo, não conseguia acreditar, havia falado com ela à exatamente dois dias e meio e com minha mãe, na noite passada.
Passava milhares de coisas na minha cabeça, como ia dizer para o restante da família, e como mamãe iria voltar logo se as passagens foram remarcadas.
Senti meu corpo congelar, não tinha forças para sair dali, mas antes de sair da sala, aquele rapaz que nunca vira antes fala:
- Desculpa interromper, meu nome é Daniel, e gostaria de ajudar.
Daniel, esse nome, esse rosto, esse cabelo e essa voz, tudo isso era muito familiar. Olhei-o fixamente, tentando lembrar, de onde o conhecia, ele aproximou-se de mim, para cumprimentar e pude notar algo muito estranho; ele usava um cordão, metade lua e metade sol, não conseguia acreditar, ele era o rapaz que tinha aparecido nos meus sonhos ultimamente.
Ele estendeu a mão para mim, revidei esticando a minha; ao sentir sua pele, senti um choque e arregalei os olhos, ele também pareceu surpreso, mas nada falou.
Nossos olhares se cruzaram por um longo tempo, ate que Morgana falou:
- Susan, este é Daniel, ele tem umas informações importantes, que podem nos ajudar. Ele trabalha no mercado em frente a casa de sua avó, e ele diz ter notado uma movimentação diferente em frente a casa dela.
O rapaz estranho continuou:
- Nos últimos 3 dias, percebi que sempre tinha um carro parado em frente a casa dela, e sempre tinha alguém dentro, quem, eu não sei, mas tinha.
Aquilo parecia mais um filme de espionagem, alguém vigiando minha avó, por que fariam isso, ela não era rica, seus únicos bens, eram a própria casa e um estabelecimento, que estava fechado ha muitos anos, desde a morte do vovô.
Ele continuou:
- Ontem, por volta das 8 da noite vi um rapaz, pelo pouco que vi, estava de jaqueta e um boné, ele devia ter 1,85m, quase 1,90m e forte. Nunca o vi por ali, por isso achei estranho e fiquei olhando para onde ele ia, mas ele simplesmente passou perto da praça e sumiu.
Não ajudava muito, mas era melhor que nada, pelo menos tinha alguém que poderia ajudar em alguma coisa, talvez esse rapaz nem tenha nada haver com a morte da minha avó, talvez seja um vândalo e que tenha cometido algum crime, ou algo do tipo.
Ate aquele momento, tinha conseguindo segurar ás lágrimas, tentando esconder o sentimento terrível que estava sentindo, mas quando cai em si e vi que todos estavam calados e olhando com uma cara de pena, não resisti, uma lágrima escorreu, e outra e depois outra. Era impossível não chorar, era minha avó, minha segunda ou ate mesmo minha primeira mãe, ela cuidara de mim desde sempre, principalmente quando meus pais viajavam.
Não queria ceder, não queria mostrar fraqueza diante daqueles “estranhos”, simplesmente pedi licença e sai da sala, Jackie ate tentou ir comigo, mas fiz sinal de que não precisava, ele insistiu e retruquei, negando novamente à sua ajuda, chegando aos portões de Forrest Hills, meus olhos não mais conseguiram segurar, lágrimas escorreram e sai dali com um vazio enorme, em meu coração.
Não queria ir para casa, não queria ver ninguém, só queria ficar sozinha e chorar. No caminho de casa, tinha um desvio de estrada de terra, fui uma única vez ali para acampar com meu irmão e uns amigos, e já fazia muito tempo, depois disso nunca mais voltei.
Peguei a estradinha e em poucos minutos, estava apreciando uma paisagem magnífica, o céu estava nublado, ameaçando chuva, conseguia ouvir trovões ao longe. Parece que aquele dia prenunciava muitos acontecimentos, mas não os melhores. Duvidas me consumiam e se misturavam as lembranças de minha avó, não conseguia entender quem poderia fazer isso á uma senhora de idade, que nunca fez m*l a ninguém, que sempre se preocupava com o próximo e que fazia o possível e ate mesmo o impossível, para ver o seu próximo feliz.
O terreno não tinha nenhum lugar apropriado para se deitar, era arenoso e sujo, mas pouco me importava, aconcheguei-me o máximo possível e apreciei o céu, que se envolvia cada vez mais em nuvens de chuva, que logo depois começaram a escorrer pelo tempo, juntamente com minhas lágrimas.
Depois de um tempo, a chuva aumentou e senti que não mais respingava em mim, abri os olhos e deparo-me com Will, com um enorme guarda chuva e um sorriso na boca.
Não sabia se ele tinha ideia do que estava acontecendo então perguntei:
- O que está fazendo aqui?
Ele respondeu:
- Estava te procurando e finalmente te achei.
Talvez ele soubesse, mas não queria ele ali, queria ficar sozinha com meus pensamentos, então tentei despacha-lo:
- Gostaria de ficar sozinha.
Ele olha-me fixamente, abaixa-se e diz:
- Sei o que aconteceu, mas ficar sozinha com seus pensamentos, lembranças e piormente com suas suposições do motivo disto ter acontecido, não vai ajuda-la em nada, só vai fazer você chorar e ficar desse jeito, esse jeito que tanto detesto.
Fitei-o novamente e respondi:
- Sei que só quer ajudar, mas eu realmente quero ficar aqui, sentindo a chuva, lavando minha alma.
Ele olhou-me profundamente nos olhos e largou o guarda chuva dizendo:
- Se, é isso que quer, ficarei aqui com você, para lavar minha alma também.
Quando dei por vista, ele estava deitado ao meu lado, olhando para cima, ele era perfeitamente lindo; seus olhos eram tão negros, que reluziam, seus músculos, por conta da chuva grossa e que molhara rapidamente sua roupa, se exaltaram diante da camiseta branca que usava.
Seus lábios eram rosados e perfeitos, nem reparei quando um sorriso se abriu e ele disse:
- Estou começando a ficar corado e e******o, com você me olhando desse jeito e mordendo os lábios...
Quando consegui processar o que ele disse, estava com tanta vergonha, que tornei a olhar para cima, sem responder nada. O silencio tomou conta do lugar, o único barulho que se ouvia, era da chuva e dos trovões ao longe.
Cerca de meia hora depois, a chuva cessou e sentei-me para apreciar as nuvens que aos poucos iam embora, Will fez o mesmo.
Estava me sentindo muito melhor, como se a chuva tivesse lavado minha alma e tirado um pouco da tristeza e aflição que sentia. Estava feliz por Will ter ficado o tempo todo ao meu lado e ter respeitado meu momento de tristeza, não poderia deixar de agradecer:
- Muito obrigada, pelas palavras, pela companhia, por tudo...
Olhei para ele e percebo que ele fitava-me com intensidade, quando vi seus lábios se moveram, pensei que fosse dizer algo como “por nada” ou “não por isso”, mas o que ouvi algo muito diferente:
- O que está fazendo aqui?!
Viro-me e vejo o estranho de hoje cedo, Daniel, o que ele fazia ali e como sabia onde estávamos. Antes mesmo de fazer-lhe alguma pergunta, ele responde a Will:
- Sabe muito bem o que estou fazendo, Susan venha comigo.
Disse estendendo a mão para mim.
Não movi um dedo.
- Ir com você pra onde? Nem lhe conheço.
Vi em seu olhar um ponto de tristeza, mas não consegui entender, repeti novamente a perguntar:
- Ir pra onde com você?!
Will parecendo incomodado com aquela situação, interviu:
- Vá embora antes que eu faça algo bem r**m contra você...
Seus olhares eram fugazes, com raiva e muito ódio, Daniel em pé com o punho cerrado, pronto para acertar Will se necessário, mas nada fez, simplesmente estendeu a mão para mim novamente e disse:
- Susan, por favor, venha comigo agora...
Antes de falar algo, percebo Will de pé, frente a ele, não querendo ver uma discussão ou uma terrível briga, pus-me de pé e intervi entre dois:
- Por favor, parem com isso. Will vá embora, já estou indo para casa, agradeço pela companhia.
Daniel recuou um pouco, mas seu adversário ficara imóvel, fitando-o ferozmente e serrando os punhos.
Parei diante de ambos, com medo do que pudesse acontecer, esperei mais alguns segundos, ate que Daniel diz:
- Vou embora, não quero lhe deixar com raiva Susan, mas quanto a você, nos acertaremos depois.
E ele saiu sem olhar para trás e sumiu entre as arvores. Will olhava-o com ódio, não conseguia entender como duas pessoas que nunca tinham se visto antes, podiam se odiar tanto assim.
Sai rapidamente dali e logo cheguei à minha casa. Subi correndo para meu quarto, entrei no banheiro, tirei a roupa e chorei debaixo do chuveiro. Sentia-me fraca, desamparada, largada e totalmente sozinha, mil coisas passavam em minha mente naquele momento; como ia contar para o restante da família, o enterro e pior, não tinha ido ver o corpo de minha avó no reconhecimento, era o pior dia de toda minha vida.
Joguei-me na cama e rapidamente peguei no sono e mais uma vez tive um sonho estranho; estava andando numa estrada de terra, ao lado de um cemitério, ouvia alguém chamar por uma Julieta, era uma voz masculina, pelo menos era o que parecia.
Um medo súbito tomou conta de mim e comecei a correr em disparada, esbarrei em um homem que estava parado ali, no meio do nada; estava vestido de preto, dos pés a cabeça. Cai bruscamente no chão e ele continuou ali parado, ate que ele aproximou-se de mim e pude ver seus olhos vermelhos e ardentes, não conseguia acreditar, era Will, ou pelo menos parecia ser. Ele abaixou-se mais para próximo de mim e no meu ouvido sussurrou:
“nunca conseguirá escapar de mim”
Olhei novamente em seu rosto e vi a face de minha mãe, com um sorriso f*****o e um olhar de tristeza, tentei tocar-lhe, mas ela se esquivou e levantou-se, pus-me de pé na sua frente, mas ela virou e saiu correndo, tentei alcança-la, mas foi em vão, ela sumiu rapidamente naquela imensa escuridão que envolvia o lugar.
Acordei atordoada e muito assustada, era 3:45 da madrugada. Desci para pegar um pouco de água, a casa era muito vazia e sombria e agora ficaria ainda mais; sem meus pais e principalmente sem minha avó, que sempre que a família viajava ela ficava comigo, eu realmente não conseguia acreditar que ela se fora de maneira tão bruta e sem sentido.
Voltei rápido para meu quarto e quando entro tomo um grande susto, lá estava Will sentado na poltrona; estava com uma camiseta azul- marinho e uma calça preta. Não tive tempo nem de perguntar o que ele fazia ali, ele foi logo dizendo:
- Vim ate aqui, porque fiquei preocupado com você, não queria te deixar sozinha.
Fiquei feliz em vê-lo ali, mas nunca tinha recebido um rapaz em meu quarto, a não ser Jackie, mas sempre fomos muito próximos, então sempre o vi como irmão, então não via problema em recebê-lo em meu quarto. Mas com Will era diferente, ele já havia me beijado e me tratava de uma forma diferente, carinhoso e demonstrava querer “segundas intenções” comigo, por isso não achava muito certo em tê-lo ali, só nós dois, resolvei “despacha-lo”:
- Sabe que não é certo você vir até aqui, principalmente à noite.
Ele olhou-me fixamente e respondeu:
- Porque é errado eu vir aqui, não vejo problema algum nisso.
Dito isso, levantou-se rapidamente da poltrona e veio em minha direção. Ficou ali, bem na minha frente, parado, olhando-me fixamente. Quando já ia dizer algo para quebrar o silencio, ele se antecipa:
- Você é tão linda, tão perfeita, é como se o tempo não mudasse sua essência. É sempre delicada, educada, h*****a e protetora, não é toa que todos querem você.
Não consiga entender o porquê dele, ter dito aquilo. Ate parece que eu era alguma miss EUA.
Passei por ele para ir até minha cama, mas ele segura-me pelo braço e pôs-se atrás de mim, cheirando meu cabelo e continuando o que dizia:
- Sempre conseguia arranjar um jeito de me controlar diante de você, mas desta vez, está impossível. Desta vez, tem algo diferente, mais forte, que faz você ficar irresistível, apreciável demais, para não se saborear.
Virei para olhá-lo e pude notar que seus olhos tinham mudado de cor, um medo súbito me abateu naquele momento, eram os mesmos olhos vermelhos ardentes que havia visto no meu sonho.
Empurrei-o para longe de mim, seus olhos voltaram ao seu tom natural, mas seu jeito estava estranho, respiração ofegante, como se tivesse corrido muito, eufórico.
Vendo meu espanto diante daquilo, ele tornou a falar:
- Desculpa, não queria te assustar, acho melhor ir embora.
Antes de sair, ele aproximou-se novamente de mim, pegou-me por de trás da nuca e beijou-me intensamente. Sentia sua língua invadir-me com força e paixão, por um momento lembrei-me de seus olhos vermelhos e queria sair dali, mas depois, não consegui resisti e deixe-me levar. Ele puxou-me contra si e jogou-me na cama, caindo sobre mim, continuava a beijar intensamente. Rasgou minha blusa, e começou a beijar meu colo; aquilo era tão bom. Aos poucos tirou sua blusa e arrancou meu short, estava totalmente entregue e pronto para receber sua paixão, quando de repente, algo o fez parar. Fiquei atônita, sem saber o que tinha acontecido.
Ele olhava para mim e para a janela, como se estivesse vendo algo ou alguém, seja lá o que tenha sido, o fez sair de cima de mim e saltar em direção à janela, deixando para trás sua blusa e eu, num estado de d****o pelo toque dele.
Fui dormir agarrada à sua blusa, na esperança de sonhar com ele, com seu corpo desnudo e sexy.