- Daqui a pouco, eu vou achar que isso é perseguição. - Steven me acusou sorrindo de lado.
- Bem, você é o policial, então provavelmente você seria o perseguidor aqui. - olhei divertida para o policial que coçava a nuca envergonhado.
- Touché.
- Tio, foi sem querer, eu juro! - o sobrinho do Steven anunciou ainda chorando.
- O que houve? - Steven me olhou confuso.
- Coisas de crianças.
Dei de ombros e vi o menino que estava chorando me olhar confuso.
- O que? - o mais velho exclamou e a garota ao seu lado riu.
- Obrigada! - o menino de 12 anos me abraçou forte e eu juntei os lábios para não rir.
- É mentira dela! Ele...
- Ele é adorável. - interrompi o garoto mais velho e senti o menino que me acertou puxar meus braços para baixo me fazendo abaixar até ficar na sua altura.
- Quer ser minha namorada? - ele pediu parecendo realmente estar emocionado.
- Minho! - Steven puxou o garoto que até então havia fechado os olhos preparado para me beijar.
- Okay, já estou indo!
Vi o garoto pegar a bola e correr para longe de nós, sendo seguido por seus irmãos enquanto o tio deles se virava para mim com um olhar desconfiado.
- Tem certeza que está tudo bem?
- Absoluta.
Sorri para o policial, mas o meu campo de visão foi coberto por um corpo alto que parou na minha frente.
- Kim Matthew. - Matthew anunciou estendendo a mão para o Steven - Eu moro com ela.
- Ah sim, eu lembro de você. - Steven sorriu simpático apertando a mão do Matt .
- De onde? - Matthew questionou confuso.
- Da fraternidade que você divide com ela, certo?
- Ah sim.
- E não houve mais problemas? - Steven perguntou agora olhando para mim.
- Nenhum. - sorri tranquilizando o policial.
- E como está o Harold?
- Logo logo volta pra mim. - anunciei fingindo emoção enquanto tocava meu coração.
Na verdade, eu tinha que arrumar um jeito de pagar o concerto do meu melhor amigo, ai Harold, as coisas iram melhorar para você, bom amigo!
- Quem é Harold? - Matthew perguntou confuso voltando ao meu lado.
- VOCÊS VEM OU NÃO? - ouvi o Henry gritar lá da quadra e ri me lembrando do quanto dramático aquele menino consegue ser e olha que não tem tanto tempo assim que a gente se conhece, mas eu já notei isso no garoto.
- Eu tenho que ir.
- Espera! - Steven segurou meu pulso delicadamente me fazendo o olhar - Vai fazer alguma coisa amanhã?
- Não, eu...
- Vai me ajudar a pintar o cabelo! - Matthew me interrompeu com as bochechas vermelhas - Ela vai estar muito ocupada!
- Ah, então nesse caso. - Steven me soltou e pegou seu celular do bolso mexendo em algo nele, mas logo me estendeu o mesmo - Me passa seu número? Sabe, assim você não precisa ligar diretamente para a central de polícia.
- Tudo em nome da lei? - perguntei rindo enquanto pegava o celular da sua mão e colocava meu número alí.
- E somente dela.
- Tchau Steven . - sorri devolvendo o celular para ele.
- JB. - ele sorriu jogando o cabelo para trás - Pode me chamar só de JB, Tchau.
Observei o JB se virar e começar a caminhar para longe de nós e então foquei minha atenção no garoto ao meu lado.
- Pintar seu cabelo?
- Ah. - Matthew arregalou os olhos enquanto mantinha sua boca entreaberta parecendo estar muito sem jeito - Eu queria mesmo pintar ele, você podia me acompanhar até o cabe... Cabele...Cabe...
- Calebereiro? - perguntei confusa.
- Caberero?
- Cabetocarreiro?
- Cabeibobero.
- Cabeijoloiro
- CaBERRObero.
- Cabe...
- Você vai comigo amanhã? - ele me interrompeu confuso.
- Claro. - ri e peguei a bola de basquete esquecida no chão e voltei até a quadra sendo seguida pelo Matt .
- Por que demoraram tanto? - Tyler perguntou deitado no chão, parecendo entendiado.
- É, e quem é aquele cara?
- HENRY !
- Você precisa sempre ser tão incoveniente? - Peter o indagou sério.
- Vocês ainda querem jogar? - perguntei alcançando a bola para as mãos do Dean .
- Você não? - Dean me olhou confuso.
- Eu estou um pouco cansada.
E quando que eu não me encontrava cansada, hein? Tenho quase certeza que se inventassem um dia internacional da preguiça, ele seria nomeado com o meu nome.
- Então vamos para casa. - Finn anunciou batendo palmas e sinalizando a saída para nós.
- Posso falar com você? - Peter perguntou começando a andar ao meu lado.
- Claro.
- Você ainda quer passar na biblioteca onde eu trabalho para tentar a vaga?
- Quero sim! Quando eu posso ir?
- Bom, segunda começa as aulas na faculdade, e amanhã é domingo o que significa que não vou trabalhar, então se ficar muito pesado para você ir na segunda, você pode ir na terça, que tal? - perguntou encarando seus pés.
- Por que ficaria pesado na segunda? - perguntei confusa.
- Porque as aulas vão começar. - ele explicou como se fosse óbvio.
- Ah é, as aulas.
- Você já descobriu o que vai fazer?
"Vagabundiar" minha mente me lembrou e eu revirei os olhos.
- Administração. - falei a primeira coisa que veio na minha cabeça.
- Sério? E qual é a área que você faz?
- Segundo andar? - perguntei confusa.
- Não. - o garoto riu - O que você faz na administração da faculdade?
- Eu... administro?
- Isso eu sei. - ele deu de ombros - Mas em que área?
- Olha, um esquilo! - apontei para qualquer coisas atrás dele só para poder fugir desse assunto.
- Aonde? - Peter se virou para aonde eu apontei curioso.
- Que peninha, ele já foi embora. - fiz um bico fingindo tristeza... Globo, me contrata.
- Isso é estranho. - Peter mordeu os lábios com as sobrancelhas franzidas - Não há esquilos nessa área.
- Então, ele é um imigrante. - falei rindo, mas o Peter continuou apenas me olhando.
- Essa foi boa! - Finn falou rindo se metendo no nosso meio - Um esquilo imigrante, um...
- Esquilogrante. - falamos em coro e logo começamos a rir.
- Acho que esse papo ficou meio confuso. - Peter riu sem graça, nos olhando perdidos.
- Você não compartilha o mesmo humor que a gente. - Finn parou de rir e se virou para mim piscando o olho.
Okay, ele é maravilhoso.
(...)
- Posso entrar? - ouvi alguém perguntar depois de deixar leves batidas na porta do meu quarto.
- Pode. - avisei e logo a porta foi aberta revelando um Min Tyler com um capuz que tampava quase todo seu rosto - Oi, Tyler , precisa de algo?
- Sim. - ele anunciou e meio atrapalhado me entregou um bilhete - Toma.
Depois de praticamente jogar o bilhete em mim, o garoto se virou e saiu quase que correndo do meu quarto.
- O que é isso? - encarei confusa o bilhete.
"Sai do meu dormitório"