Romana acordou com a promessa de um dia ensolarado pela frente. Trocou a camisola que Edgar afirmou ser h******l por um macacão jeans confortável.
Como mulher não entendia o porquê dele sempre fazer questão de fazer com que ela se sentisse desconfortável ou f**a. Ou até mesmo de fazê-la pensar que seu modo de vestir era ultrapassado e cafona como já havia dito várias vezes.
Ela quase acreditava naquilo, mas Guadalupe não a deixava se sentir inferior, era a sua sorte.
Na sala deu bom-dia para o marido, mas ele não respondeu, o que já era de se esperar.
Ela olhou pela janela e viu Tasha chegando, já ansiosa para começar o dia.
Foi encontrar com a menina e a amiga.
— Como estão as coisas? — Guadalupe perguntou.
— Difíceis, mas... Eu não sei o que fazer — Romana admitiu.
— Precisa ser feliz, minha amiga.
— Eu sei, vou conversar com ele.
Guadalupe partiu logo, porque tinha infinitas horas extras para fazer no trabalho. Já Romana foi para a cozinha e preparou o café da manhã para Tasha.
Observou que a menina deu um sorriso para o pai, mas não ganhou o mesmo de volta ou um abraço.
Como Edgar podia descontar os problemas deles na filha?
Depois de um café rápido, Romana e Tasha se dirigiram para o quintal, onde uma tarefa aguardava: podar a grama.
Na verdade, Tasha mais brincava do que ajudava, mas o importante era que a menina se divertia e Romana esquecia parte dos problemas com o trabalho. Edgar estava de folga, mas nunca ajudava, porque dizia que estava cansado.
Romana entendia que algumas vezes aquilo era verdade, mas, na maioria das vezes, era só uma maneira de não ser incomodado.
Assim, pegou o cortador de grama e Tasha segurou o balde de plástico para recolher a grama cortada.
A menina era mais companheira que o próprio pai.
Romana pensou que tinha sorte em ter a companhia infantil que alegrava o seu dia.
Trabalharam por duas horas.
Tasha largou o balde algumas vezes para correr pela grama, mas também para brincar com água.
Foi uma manhã divertida, enquanto trabalhavam juntas.
Ela sorriu cansada para Tasha.
Romana notou os cabelos de Tasha balançando ao vento e sorriu.
Sentaram-se no gramado e começou a trançar cuidadosamente os cabelos da menina, enquanto ela explicava os detalhes das histórias que havia sonhado na noite anterior.
— Obrigada, tia.
— Por nada, meu amor. Se divertiu com a mamãe?
— Muito. A senhora vai ficar casada com o papai para sempre?
Romana não soube nem o que responder.
— Por quê, Tasha?
— Se a senhora se separar dele como a mamãe fez, vai ser mais feliz, vai poder passear comigo e com a mamãe e moraríamos nós três — Tasha confessou.
— Não vai se importar de não morar com o seu pai?
— Não. Ele não se importa comigo, tia.
— Oh, meu amor.
— Acho que ele não gosta muito de mim.
Romana sentiu o coração doer.
Sempre leu sobre pais relapsos, mas presenciar aquilo era doloroso.
Edgar achava que oferecer casa e comida era o suficiente.
— Ele gosta, só não sabe expressar. Você é uma garotinha muito especial para não ser amada. Eu mesmo amo você.
— Eu também, tia Romana.
Logo a menina foi brincar com água novamente e Romana se deitou na grama para descansar. Da grama, notou Edgar sair.
Romana pediu um almoço para ela e a enteada.
Almoçaram as duas na mesa de fora, ouviram música, balançaram na rede, e jogaram dama.
No fim da tarde, Romana e Tasha olharam com satisfação para o quintal que estava impecável.
Tomaram banho e foram assistir um filme, enquanto comiam sanduíche com hambúrguer natural como jantar.
Tasha bocejou no fim do filme.
— Hora de ir para cama — Romana falou.
— Só mais um pouco?
— Não, senhora, mocinha. Amanhã você acordará cedo. O combinado era um filme.
Ela foi colocar a menina na cama e Edgar chegou.
Depois de dez minutos, Romana fechou a porta do quarto de Tasha, pois a menina já dormia.
Edgar lia na sala.
— Tasha pensa que não a ama, Edgar, precisa demonstrar amor.
— Se eu não a amasse, não deixaria que morasse aqui. E se você fosse uma boa esposa, eu teria tempo para demonstrar amor por minha filha.
Ele estava dizendo que não demonstrava amor pela filha por culpa dela, por se negar a f********o.
Ela suspirou cansada dos modos de Edgar, pois por mais que tentasse, ele não colaborava.
Desistiu de tentar conversar.
Romana estava exausta depois de ter cuidado do jardim e, finalmente, tinha um momento para relaxar.
Caminhou até o banheiro com passos cansados.
Com a luz suave do luar entrando pelas janelas. Ela ligou a água e esperou pacientemente até que a temperatura estivesse perfeita, nem muito quente, nem muito fria.
O som da água correndo enchia o ambiente, criando uma atmosfera serena.
Mas a mente dela estava uma bagunça.
Será que ainda valia pena lutar pelo seu casamento?
Ficou olhando para a água sem saber o que fazer e, ainda vestida, quase entrou no banho com roupa e tudo.
Romana tirou suas roupas lentamente, deixando-as cair no chão do banheiro, revelando sua pele cansada. A mulher examinou seu reflexo no espelho por um momento e falou para ela mesmo que Edgar estava errado em dizer que ela era cafona.
Mas em alguns momentos vacilava nessa certeza.
Com cuidado, ela entrou na banheira, sentindo a água morna envolver seu corpo. Fechou os olhos e suspirou, permitindo que a tensão do dia escorresse de seus ombros.
Ela chorou, tinha apostado todas as fichas em Edgar, e ele a fazia se sentir infeliz, mas se obrigou a engolir o choro e aproveitar a banheira, que havia sido um presente de Guadalupe , pois a mãe de Tasha sabia que Romana era apaixonada por banheiras.
Ela começou a se ensaboar com o sabonete perfumado, sentindo o cheiro suave preencher o ar.
Romana aproveitou o tempo para cuidar de si mesma, massageando suavemente a pele, relaxando os músculos, desejando ter um marido amoroso para ir para os braços dele, depois do banho, mas infelizmente a sua realidade era outra, e precisava deixar de sonhar que um dia Edgar mudaria, quem precisava se libertar era ela.