Capítulo 1
Vincenzo
Três semanas antes
O bar lotado tinha um cheiro... inspirei coçando o nariz. Que diabos é aquilo!? Literalmente odeio perfume!
Alguns machos se aproximavam e troquei algumas palavras com um ou dois. Não tinha muitas amizades, na verdade para ser bem franco comigo mesmo só Panther é meu amigo de verdade. Não que os outros não fossem, mas em meus mais terríveis momento de solidão e descontrole ele ficou de meu lado. Panther é como um irmão, na verdade mais que irmão!
Tomei mais um gole de refrigerante, sentindo seu gosto descer gelado por minha garganta e olhei em volta. Algumas fêmeas sorriam e demonstram interesse por mim, mas logo chegava alguém é lhe dizia algo, logo o olhar de interesse se transformava em apreensão. Por mais que eu me esforçasse a nuvem n***a de macho ameaçador e descontrolado pairava sobre minha cabeça. Não que eu fosse um santo, sorri para mim mesmo, eu sou o oposto.
Até agora eu não sei como Panther me convenceu de vir aqui. Qualquer um podia ajudar a reforçar a segurança nos muros de Patrída, pois estavam sendo reformados. Estava ali há três dias, e já se sentia inquieto. Pior ainda, depois que retornou da missão de resgate das fêmeas de Davian e Severos, foi lhe dado a difícil tarefa de cuidar de três filhotes de lobo. Panther brincava dizendo que é para eu treinar para quando tivesse os meus, como se isto fosse possível.
_ Aquelas pestes devem estar destruindo minha cabana. - resmunguei me lembrando que as pestes dormiam dentro da minha casa - Tomara que Panther os tenha levado para outro lugar. - fiz uma careta só de imaginar minha cabana destruída.
Respirei fundo olhando para o teto e passando a mão por minha careca.
Vozes animadas se aproximavam do bar, aquelas eu não conhecia e nem o cheiro e familiar.
Um grupo de fêmeas humanas animadas entraram no bar, chamando a atenção de todos. Entre todas uma pequena e loirinha sorriu para mim de forma significativa, mesmo com alguém lhe falando algo. Os belos olhos verdes sorriam para os meus, enquanto uma agradável fragrância floral inundava minhas narinas.
_ Oh merda! - rosnei ao sentir o meu celular vibrar, mas ao ver o nome tive que sorrir - Fala minha doutora.
_ Onde você está? - quis saber a fêmea incrível que conheci no resgate das fêmeas. Logo que a vi a achei linda com uma leve pitada de perigo, com uma língua afiada que fez Triana espumar de raiva.
_ No bar em Patrída. - não tinha por que mentir para ela, além disso, nós shifters somos sinceros ao extremo, mentir é perda de tempo.
_ Alguém interessante? - a curiosidade dela me fazia sorrir.
_ Sim. - olhei pelo bar e vi a loirinha do outro lado conversando com algumas fêmeas.
_ Mas do que eu? - a risada despretensiosa dela me divertia.
_ Você é mais! - o que não é mentira ao comparar as duas. Sai do bar e fui para fora conversar melhor com ela pelo telefone - Quando vêm?
Dra. Mariele Winchester é linda com aquela pele morena e longos cabelos pretos e ondulados. Mas ao encarar aqueles olhos pela primeira vez, reconheci a mesma ferocidade e a inquietude que habitava em mim, mesmo sendo uma fêmea humana.
_ Bom, - a ouvi suspirar e alguém lhe perguntar algo que respondeu rapidamente - se eu conseguir realizar tudo que desejo e você não tiver se metendo com nenhuma mulher... - comecei a rir - ...daqui a três meses eu acho.
_ Nossa! - exclamei surpreso - Pensei que você vinha logo.
_ Eu também, mas surgiu um problema. - ouvi que ela assinava algo.
_ Qual o problema? - fiquei curioso.
_ Meu pai não nos quer na fazenda. - revelou ela e ao fundo ouvi vozes se despedindo dela - Bom plantão para vocês. - gritou de volta suspirando - Aí que maravilha, livre novamente.
Nós dois sorrimos. Parecíamos muito um com outro.
_ Sabe por que seu pai não quer que volte para a... como é mesmo o nome?
_ Fazenda. - ela completou e sorriu - Eu e meus irmãos achamos que é uma mulher?
_ Qual o problema então?
_ Meu pai nunca fez isto, mesmo com as mais pegajosas. - ouvi os passos dela indo em direção a algo - Todos os anos somos obrigados a tirar férias na mesma época para que possamos nos reunir na fazenda. - explicou.
_ Algum problema sério então? - especulei intrigado.
_ Sean já ligou para um dos seus amigos. Eles foram lá xeretar e papai os espantou com seu rifle. Ligou para o Sean e ameaçou lhe dar uma surra se fizesse isto de novo.
_ O que vocês acham então?
_ Não sabemos, por isto estamos preocupados. Mas ele ameaçou nos dar uma surra se aparecermos lá.
_ O que pretendem fazer então?
_ Vamos conversar todos nós e discutir o assunto, mas já tomei uma decisão... - a ouvi abriu a porta do carro, entrar e bater - ...se ainda estiver solteiro estarei aí em dois dias e passarei o resto de minhas férias com você.
_ Explica melhor. - pedi passando a mão por minha careca.
_ Daqui a três meses vou tirar minhas gloriosas férias. - a empolgação na voz dela é contagiante - E destes trinta dias vou tirar dois para me encontrar com meus irmãos. Depois, sou toda sua. Vou torcer para que seja gloriosa minha estadia aí com você.
_ Prometo que será se vir. - garantia ouvindo sorrir e ligar o carro.
_ Grandão espero que você faça valer a pena meu esforço.
_ Não faço promessas que não posso cumprir. - ouvi um princípio de tumulto dentro do bar - Vá para casa e descanse bastante, pois quando estiver aqui... - apenas sorri caminhando de volta para o bar.
_ Preciso de um banho e uma massagem. - falou com a voz manhosa.
_ Lhe darei todas quando estiver aqui. - prometi e ao entrar no bar vi alguns machos perturbando a loirinha e suas amigas - Cuidado ao voltar para sua casa.
_ Depois desta promessa eu serei um anjo. - gargalhou - Tome cuidado grandão. Você me deve banho, massagem e comida.
_ Não vou esquecer. Cuide-se. - desliguei.
Voltei para o bar e continuei olhando a cena. Até agora eles só estavam tentando uma aproximação, sem sucesso é claro.
_ Estes machos estão procurando confusão. - disse o macho shifter que servia de barman - As fêmeas não estão interessadas, mas eles insistem.
_ Machos idiotas! - exclamei.
Um felino agarrou o braço da loirinha a fazendo gritar de susto, para mim foi o suficiente.
Com três passos cheguei até eles e o segurei pelo braço o surpreendendo.
_ Largue-a. - ordenei apertando o braço dele que rosnou - Não vou pedir de novo.
_ Quem vai me impedir? - o macho puxou o braço que segurava a fêmea - Só queremos conhecer as fêmeas.
_ Mas elas não querem ser incomodadas. - as encarei que pareciam que iam desmaiar, menos a loirinha - Estou errado pequenas?
_ Não. - respondeu a loirinha num sorriso tímido.
_ Caem fora! - empurrei o macho e fiquei na frente delas. O cheiro de fúria inundou o ambiente.
Ouvi todas as cadeiras se arrastando e alguns machos se aproximando, mas ninguém iria interferir.
As fêmeas se afastaram e alguns machos ficaram à nossa volta.
_ Macho i****a! - rosnou o felino - Vou chutar o seu traseiro até o final de Patrída.
_ Pode tentar filhote. - zombei o deixando mais irritado.
_ Somos três, e você é um. - disse ele irritado e outros dois machos se juntaram a ele.
_ Posso cuidar perfeitamente de vocês... filhotes. - o rosnados deles me fez sorrir.
_ Enzo... - uma voz conhecida se aproximava - m*l chegou e já está arrumando confusão. - a voz de Petrus não demonstrava repreensão, mas divertimento.
_ Você devia ensinar a estes filhotes a serem mais educados. - indiquei os três machos com o queixo - Esses imbecis estão incomodando as fêmeas.
_ Só estávamos nos conhecendo. - se defendeu um deles - E este babaca... - ele apontou para mim me fazendo levantar a sobrancelha - ...está atrapalhando.
_ Babaca? Eu? - perguntei para eles dando um passo para frente e eles recuaram.
Petrus sorriu nos analisando.
_ Você é um macho babaca e velho. - me ofende outro.
Petrus apenas bateu em meu ombro e se afastou.
Não precisou de outro aviso para eu começar a briga. O soco que dei naquele que me xingou fez o doce som de ossos quebrados. O segundo chutei com tanta força que sorri ao vê-lo se dobrar sem ar. Quando fui para o terceiro ele recuou, mas eu o alcancei e lhe soquei a cara até se transformar uma massa sangrenta. Um deles tentou me acertar, mas eu o peguei e lhe acertei antes de o jogar de costas sobre uma mesa. No final de tudo eu nem tinha suado direito.
_ Enzo...Enzo... você continua sendo um macho descontrolado. - zombou Petrus rindo, enquanto alguns machos retiravam os outros do chão.
_ Vai a merda Petrus! O que queria que eu fizesse? Tomasse uma p***a de um chá com eles? - vociferei.
_ Tem razão. - respondeu o macho rindo - Vem comigo. - bateu em meu ombro me chamando para o bar - Isto aqui estava ficando entediante. Que nosso chefe não nos ouça. - rimos juntos - Relaxa vai, isto não foi nada. Eles mereceram! - pediu dois refrigerantes.
Tomei um grande gole de refrigerante e passei a garrafa pela testa, respirando fundo.
_ Fêmeas se aproximando. - sussurrou Petrus antes de beber o seu refrigerante.
_ Não quero ser alvo de...
_ Seu nome é Vincenzo né? - uma voz feminina soou do meu lado. Quando me virei, encontrei os belos olhos verdes.
Petrus ao ouvir voz da fêmea cuspiu todo o refrigerante no chão e começou a rir sem parar.
Meus Deus, que voz é aquela!?
Quando ela respondeu lá trás não tinha percebido que a pequena quando falava sua voz soava estridente, parecendo muito com um animal ferido.
Agora meu amigo se controlou e me olhava divertido.
_ Sou. - respondi respirando fundo.
_ Queria agradecer a ajuda. - disse ela tímida. Se não fosse a voz horrenda que machucava meus tímpanos ela seria perfeita.
Movimentei meus lábios de um lado para o outro, de cima para baixo, olhei para um canto e alguns machos riam distraidamente e conversavam que a fêmea a minha frente vivia atrás de machos, mas por causa da voz ninguém a queria. Ao que me parecia eu e ela tínhamos sido rejeitados, mas por motivos diferentes.
_ Não foi nada. - respondi educado, limpando a garganta.
_ Quer... dar uma volta? - ela me perguntou com os olhos brilhantes.
_ Vai dispensar uma fêmea que cheira a excitação Enzo? - Petrus me perguntou baixo o suficiente para que somente eu ouvisse.
Rejeição. Esta palavra sempre vem acompanhada de muita dor e humilhação quando eu tentava me aproximar de uma fêmea, mas agora tinha um problema na minha frente com corpo de anjo e a voz mais horrenda da face desta terra. Simples, eu podia dispensá-la, tinha o poder de rejeitá-la, mas eu sabia e conhecia muito bem aquele sabor amargo.
Tomei o restante do meu refrigerante e olhei em volta novamente. Parecia que todos estavam aguardando minha resposta.
_ Claro. - coloquei a garrafa vazia sobre o balcão do bar - Vamos?
_ Só vou avisar minhas amigas. - ela se afastou quase correndo.
_ Isto é sério? - Petrus se voltou para mim curioso.
_ Vamos apenas dar uma volta.
_ Pois ela quer mais que isso.
_ Veremos. - cruzei os braços e comecei a rir ao me lembrar de algo - Estive assistindo um filme que me falaram que é bem instrutivo, onde um macho amarrava e amordaçada uma fêmea humana, e ela gostava enquanto compartilhavam sexo. - comentei.
_ Você não está pensando em... - Petrus me olhou surpreso.
_ Veremos. - lhe respondi ao vê-la se aproximar - Finalmente tenho opções.
_ E a médica? - quis saber Petrus intrigado.
_ Só vou dar uma volta. - insisti me afastando - Te vejo amanhã.
Vi apenas Petrus balançar a cabeça negativamente antes de sair pela porta com a fêmea.
O que eu posso fazer? A um bom tempo que não compartilho sexo com uma fêmea. Quanto a voz dela.... que Droga!
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Minhas lindas,
Queria muito ler os comentários de vocês sobre o desenvolvimento da história.
Divirtem-se e me de seus corações. Loucas para isso!!!
Beijocasssssssssssssssss...