Capítulo 3

1803 Words
Azenathi Dez horas antes É como despertar de um sono profundo e sentir milhões de agulhas perfurar minha pele. A dor é dilacerante! Mas eu consigo suportar. Respirei fundo e não reconheci os cheiros a minha volta. A vontade de levantar e verificar onde estava é grande, mas permaneci inerte. Já tinha pagado caro uma vez por ser imprudente, claro que também fez o humano pagar, mas agora é hora de usar a cabeça. Tentei identificar os cheiros para achar alguma familiaridade, mas nada. Havia alguns que estavam fracos demais, misturados aos produtos químicos é quase impossível. Uma dor insuportável veio dos meus pés ao tentar mexer discretamente meus dedos me corta como faca quente. Minha vontade de gritar é imensa, mas como fui ensinada, não, treinada a dor é minha companheira. Como é bom estar acordada! Quis muito sorrir, mas não sabia se estava sendo monitorada. O que tinha acontecido comigo? Imagens confusas vinham desordenadas a minha mente. Lembrei de minha "infância", meus treinamentos, os ensinamentos, minha primeira aula de luta, os ferimentos, as injeções dolorosas, as experiências... meu primeiro assassinato... minhas primeiras ordens... as lágrimas que derramei no escuro de minha cela... a humilhação... as privações... Como todo aquele processo a havia modificado. Teve que mudar bruscamente, tanto fisicamente como mentalmente. Não tinha aliados, só inimigos. E todos iam pagar com sangue tudo que me fizeram. Juro por minha miserável vida! ********* Dor... Dor... Dor... Horas e horas se passaram desde que despertei, mas se manteve parada, não porque não queria fugir, mas é que não estava sentindo meu corpo... A dor sempre foi minha companheira e senti-la quer dizer que estou viva... novamente. Mas desta vez, sim, desta vez teria êxito em meus planos. Queria sorrir, mas não podia. Juro que todos que me fizeram sofrer pagariam caro através de minhas mãos, e sempre cumpria suas promessas. Posso até sentir o gosto de sangue de cada um. Ninguém me impedirá de me vingar, nem que para isto tenha que usar tudo aquilo que aprendi: roubar... mentir... manipular... matar... Nada a impedirá! Uma fina brisa passou perto de meu rosto e limpou um pouco o ambiente. Assim, ficou mais fácil. Um odor peculiar chegou às minhas narinas, me fazendo lembrar... não é humano... sim, de um shifter... Sim, lembro do cheiro deles por causa do treinamento que recebi, mas nunca tinha visto um. Mas este carregava um cheiro a mais, parecia... conhecido. Som de rodas se aproximam e eu não posso esperar mais. Mesmo sentindo meu corpo queimar, me levantei e arranquei as sondas que perfuravam meu corpo e cai no chão duro e frio. Vinte passos para o macho shifter chegar. Trinquei os dentes sentindo a dor me cortar, mas não gritei ou chorei ao me jogar no chão. Sou uma sobrevivente! Levantei devagar e me arrastei até um armário com vidro onde roupas e sapatos estavam guardados. Nem quero saber se a roupa servia ou não, preciso me defender e nua é quase impossível. Dez passos. Arranquei um bastão de ferro de uma das paredes. Quando a porta se abriu vi o shifter e o atingi na cabeça com o bastão, deixando-o inconsciente no chão. Coitado, nem soube o que o atingiu, sorri e sair por onde ele entrou, pegando claro as chaves e o cartão de identificação. Não está mais nas instalações que nasceu e cresceu, como pensei, estas são bem diferentes. Apesar de não saber por quanto tempo fiquei fora do ar ainda me lembro das coisas. Minha memória sempre foi muito boa na verdade. Vagueei pelos corredores com cuidado, sentindo o cheiro conhecido dos shifter em cada ambiente. Foi lhe ensinado que eles são seus inimigos, isto me lembro, mas o porquê não. Uma dor na nuca me fez parar e respirar fundo, sentindo uma certa vertigem ao olhar a porta a minha frente. É como se eu estivesse esquecendo de algo muito importante, mas o quê? Passei a mão no local e pressionei, não podia ter distrações agora. Como é arriscado subir pelo elevador preferi as escadas, usando as chaves e o cartão do shifter, sempre tomando cuidado para não ser pega. _ Acho que Calypso vai gostar desta surpresa Davian. - ouvi uma humana falar. A voz da fêmea vinha de uma sala no último andar que cheguei - Uma noite naquela cabana na zona selvagem com direito a correr livre lhe fará bem. Calypso precisa trabalhar sua ansiedade. Ao ouvir aquele nome senti outra pontada na nuca me enfurecendo. _ Talvez trabalhar com os fil... - a voz do macho falhou e eu senti sua tensão. _ O que foi? - a fêmea o perguntou preocupada. Me escondi numa sala quando a porta da sala deles se abriu - Davian... - insistiu a fêmea. Eles podiam sentir meu cheiro, fiquei irritada ao ver macho sair para o corredor e cheirar o ar. Vi a expressão dele mudar de surpresa para espanto. _ Chame Sloan. - pediu o macho parando na porta da sala que eu estava. _ Sloan... Não pude mais esperar e chutei a porta a arrancando da parede, batendo violentamente quando o macho. A fêmea gritou e eu a ataquei, lhe segurando pelo pescoço. _ Não. - ouvi o macho pedir antes de se lançar sobre mim. A fêmea caiu com um baque seco no chão enquanto ouvi uma voz de macho gritar de uma aparelho. _ Azenathi não. - falou o macho tentando me conter. Coitado!, rugi a plenos pulmões mostrando a ele minhas presas. Como ele sabia meu nome? O macho é forte eu tenho que admitir, mas não é páreo para mim. Varri cada canto da sala com ele por se atrever a me tocar. Ninguém pode me tocar! Nossa luta não foi o que eu podia dizer... difícil, mas ao chegar no andar superior eu o imobilizei jogando no chão e o prendendo pelo pescoço com meu bastão. Queria muito enforcá-lo, mas o desgraçado segurou meu bastão também colocando força inversa a minha. Mesmo o achando corajoso, por estar todo ferido e sangrando e lutando pela sua vida... achei desnecessário, ele está marcado para morrer por minhas mãos e nada ou ninguém mudaria isto. Um cheiro diferente invadiu o ambiente enquanto passos velozes vinham em nossa direção. Três, mas um não é humano ou shifter, parecia muito com meu cheiro. _ Não... - ouvi uma voz feminina gritar e antes que eu me virasse senti um baque forte. Não sei ao certo o que me atingiu, mas foi forte o suficiente para atravessar a parede e parar do lado de fora da instalação. Levantei com cuidado tirando os cabelos do meu rosto e olhando tudo à minha volta. Estava num grande descampado cercado de árvores e algumas edificações. _ Não devia tê-lo atacado Azenathi. - falou uma fêmea se erguendo a minha frente. Os olhos verdes pareciam furiosos ao me encarar. Queria muito responder, mas da minha boca só saia grunhidos e rosnados. Passei a língua pelos meus lábios e sorri, prevendo uma boa luta. Afinal, nada melhor do que despertar e se colocar em forma como uma boa luta. E aquela fêmea me prometia isto. _ Lembre-se de mim irmã. - pediu a fêmea a minha frente. A olhei vagarosamente, mas nada em minha mente me fez lembrar de outra igual a mim. Observei ela se mover de um lado para o outro em meu campo de visão enquanto eu me preparava para o ataque. Senti o cheiro de vários machos chegando com o ronco de motores. Não posso permitir que eles me cerquem. Uma dor aguda me vez rugir alto levando a mão a nuca, curvando sobre meu corpo. Tudo culpa dela, falou uma vozinha em minha cabeça. Olhei para o objeto de minha dor e rugi, liberando toda minha dor, me levantando. Dor e confusão brilharam nos olhos verdes enquanto ela ficava na posição de ataque com dois bastões de ferro. Minha vingança se iniciaria por ela. Por todos aqueles que me fizeram sofrer. Logo depois que eu a matar... irei atrás dos outros. Não sei o que é ter o sentimento de misericórdia ou clemência, e todos meus inimigos saberiam disso. Movimentei a vara de ferro em minhas mãos e ataquei com toda minha fúria e ódio. Jurei para mim mesma, que não deixaria pedra sobre pedra e cumpriria a qualquer custo. Mesmo que para isto tivesse que matar aquela que me chama de irmã. O som de nossas armas se confrontando ecoou por todos os lados dando início a nossa luta. Cortes... sangue... urros... poeira... chutes... socos... rosnados... grunhidos... força... adrenalina... habilidades incomuns... Ah sim, aquela e uma boa luta para me manter em forma. Tenho que admitir que em vários momentos ela me superou em agilidade e força, provocando alguns estragos, mas as que fiz nela foi muito maior. Ela tentou me enforcar para me deixar inconsciente, mas eu sou melhor. Me soltei e desferi vários golpes nela, a fazendo recuar e sangrar mais. Nossa luta foi feroz! Ela conhecia vários de minhas táticas, mas eu tinha me aprimorado. Num movimento rápido, num golpe certeiro a joguei no chão a deixando sem forças. Observei aquele rosto por alguns minutos, mas não senti nada, me abaixei ao seu lado e a segurei pelo pescoço a suspendendo do chão. Ela estava fraca, mas eu... não. Apertei o seu pescoço com força. Ouvi alguém gritar enquanto a mulher segurava minha mão que a prendia, enquanto se debatia feito uma galinha em minhas mãos. Agora ouvi passos vindo correndo em nossa direção enquanto vozes gritavam o nome dela. _ Lembre-se irmã. - pediu a mulher sufocando a minha frente - Você tem que se lembrar. - agonizava ela a minha frente enquanto o sangue escorria em minhas mãos. Rosnei furiosa, mostrando minhas presas. Nunca tive uma irmã, podia ouvir meu grito dentro de minha cabeça. Algo passou raspando minha cabeça, quando me virei para o grupo de pessoas que se aproximavam a que se diz minha irmã me golpeou no peito com tanta força que senti ela se irradiar para minha nuca, logo naquele ponto. Como aconteceu isto? Eu não sei. Só que a soltei e cai me contorcendo no chão. _ Calypso... - o macho que ataquei apareceu ao lado da mulher quase inconsciente. A preocupação dele é realmente real, eu pude sentir. _ Chame a ambulância. - um macho gritou se aproximando de mim - Fiquei calma pe... Meu punho acertou o rosto do macho com toda força antes de me levantar com um salto e sair em disparada. Não ia deixar que me pegassem.  *************************************************************************** Minhas lindas, Queria muito ler os comentários de vocês sobre o desenvolvimento da história. Divirtem-se e me de seus corações. Loucas para isso!!! Vamos partir logo para ação? Afinal, tem muita coisa para acontecer. Beijocasssssssssssssssss...
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