Capítulo 2: A Fascinação de Marco
Marco Lopes tinha tudo o que um homem de 42 anos poderia querer: sucesso, dinheiro, e o respeito de todos aos seu redor. Ele era acostumado a receber olhares admirados, convites de mulheres interessadas, e elogios disfarçados de sorrisos. A festa em sua casa era mais uma daquelas que ele organizava para consolidar sua posição social e agradar os amigos.
Mas, naquela tarde, algo fugiu do esperado.
Do outro lado da piscina, ele notou uma figura que parecia destoar do brilho artificial dos convidados. Uma jovem sentada na borda, mergulhando os pés na água com uma postura casual, mas que exalava uma beleza natural impressionante. Seus cabelos pretos e ondulados caíam de forma despretensiosa pelos ombros, emoldurando um rosto com olhos amendoados que brilhavam ao sol.
Thainá. Ele souberam o nome dela quando Isabel, sua velha amiga, a apresentou brevemente mais cedo. "Essa é minha filha, Thainá. Não parece, né? Uma mulher feita!" Isabel disse com um orgulho meio brincalhão, mas Marco sentiu algo diferente. Ele sabia reconhecer quando alguém tentava chamar atenção. E agora, ali estava ela, não precisando de esforço algum para captar a sua.
Seu olhar encontrou o dela, e ele sentiu um choque. Não era o típico interesse, a troca de olhares vazios que geralmente acontecia em festas como aquela. Era diferente. A intensidade nos olhos dela parecia carregada de curiosidades, mas também de algo mais profundo. Algo que o fazia querer saber mais, se aproximar.
Ele riu internamente da própria reação. "Não seja t**o, Marco", pensou, enquanto voltava a atenção para as pessoas ao seu redor. Mas, mesmo enquanto participava da conversa, sentia o olhar dela queimando em sua pele. Era como se o espaço ao redor se dissipasse e só restassem os dois.
Algumas horas depois, Marco encontrou uma desculpa para circular pela área onde ela estava. Pegou um drinks e parou a poucos metros dela, agora sentada à sombra de uma árvore. Ele a observou disfarçadamente, captando os detalhes: a forma como ela mexia distraidamente no cabelo, os pequenos sorrisos enquanto parecia perdida em seus próprios pensamentos.
Era diferente. Ele já conhecera muitas mulheres, algumas belíssimas, outras inteligentes e bem-sucedidas. Mas Thainá tinha uma mistura quase inebriante de juventude, frescor e algo que ele não conseguia definir.
Quando Ernesto se aproximou, puxando conversa sobre negócios, Marco tentou se concentrar, mas seus olhos ainda flutuavam até ela. Era errado, ele sabia. Ela era filha de Isabel, quase como uma protegida do círculo que ele tanto prezava. Mas aquele olhar, aquele único olhar que trocaram, o fazia questionar todas as regras.
Ele sorriu ao perceber que estava fascinado. Marco Lopes, o homem sempre no controle, sentia-se abalado por uma jovem de 22 anos. E, pela primeira vez em muito tempo, ele gostou dessa sensação.
Deslocada
O calor intenso e o burburinho da festa começaram a incomodar Thainá. Por mais que tentasse parecer confortável, aquele ambiente não era para ela. Os drinks coloridos e os sucos doces já não a satisfaziam, e tudo o que queria era um simples copo de água.
Com a desculpa perfeita, ela levantou-se e seguiu para dentro da grande casa. A cozinha, ampla e reluzente, era um contraste com a agitação lá fora. Finalmente, um pouco de sossego. Abriu a geladeira de design moderno e pegou uma garrafa de água gelada, suspirando aliviada ao sentir o frescor descer pela garganta.
—Escondida da festa? — A voz grave e ligeiramente arrastada pelo álcool ecoou na cozinha. Thainá se virou e deu de cara com Marco Lopes, recostado no batente da porta, com um copo de uísque na mão e o olhar fixo nela.
— Só vim beber água — respondeu, tentando manter a calma. estar sozinha com ele fazia seu coração acelerar, mas ela não queria demonstrar.
Marco deu alguns passos, aproximando-se devagar. O cheiro de álcool misturado ao seu perfume amadeirado era forte, mas não desagradável. Ele parou a poucos passos dela, seus olhos percorrendo-a de cima a abaixo sem qualquer disfarce ou pudor.
— Água é mesmo a escolha certa pra você — ele murmurou, com um sorriso enviesado — Com esse corpinho... já é suficiente pra deixar qualquer um tonto.
Thainá riu, surpresa com o comentário direto. Ela sabia que tinha um corpo que chamava atenção, principalmente seu bumbum, alvo de olhares e comentários desde a adolescência. Não era algo que a incomodava mais; havia aprendido a lidar com isso com humor.
— E você acha que precisa de mais alguma coisa pra ficar tonto? Pelo que vejo, já está quase caindo — retrucou, brincando, mas com o tom cuidadoso e um sorriso malicioso.
Marco riu, um som grave e descontraído.
— Talvez. Mas, sendo honesto, minha cabeça começou a girar bem antes da terceira dose. Desde que te vi lá fora, quando ficou toda vermelhinha quando te peguei me olhando.
A intensidade de suas palavras a pegou desprevenida. Ele parecia sereno, mas havia um desejo descarado em seu olhar que a deixava inquieta. Thainá sabia que podia acabar brincando com fogo, mas de alguma forma, não conseguia se afastar.
— Bom, obrigada pelo... elogio, eu acho.— disse, virando-se para devolver á garrafa à geladeira. Sua tentativa de parecer indiferente não funcionou; ela sabia que ele ainda a observava.
— Você não é como os outros convidados. — Marco disse, sua voz um pouco mais firme agora. — Tem algo em você... algo real. E, honestamente, me deixa louco.
Thainá fechou a geladeira e se virou para ele, cruzando os braços em um gesto defensivo, mas o sorriso em seus lábios o desafiava.
— Então talvez seja hora de trocar o uísque por um café bem forte, não acha, senhor? — ela enfatizou o "senhor"
Marco arqueou uma de suas sobrancelhas e deu mais um passo em sua direção, sua presença dominando o espaço entre eles.
— Talvez você seja exatamente o que eu preciso pra acordar.
Por um momento, o silêncio pairou entre eles, carregado de uma tensão que fazia o ar parecer mais denso. Thainá sentiu o coração disparar, mas não sabia se era pela proximidade ou pela mistura de medo e curiosidade.
— Você é perigoso, sabia? — ela disse, sem desviar o olhar.
Marco sorriu, aquele sorriso de quem sabia exatamente o impacto que tinha. — Só se você deixar, minha linda.
Marco estava tão perto que Thainá podia sentir o calor que emanava de seu corpo, mesmo com as gotículas de água que ainda escorriam por sua pele bronzeada. Ele vestia apenas uma sunga preta, que destacava ainda mais seu físico imponente. Seu peito subia e descia em um ritmo tranquilo, mas os olhos fixos nela denunciavam um turbilhão de emoções contidas.
Sem perceber, Thainá deixou seus olhos deslizarem pelo corpo dele, fascinada. Ele parecia uma estátua esculpida, o tipo de homem que você não encontrava em qualquer lugar. Seus olhos pararam em um de seus braços, musculosos e definidos. Num gesto quase inconsciente, ela ergueu a mão e tocou o bíceps dele, sentindo a firmeza da musculatura sob seus dedos delicados. Ela mordeu o lábio.
Foi como um choque. O calor daquela pele contrastada com o frio que ela sentia por estar molhada. Um calafrio percorreu seu corpo, deixando sua respiração um pouco mais rápida.
Marco arqueou a sobrancelha, um sorriso ladeiro surgindo em seu lábios. — E esse arrepio aí? Está nervosa?
Thainá puxou a mão rapidamente, tentando disfarçar. — Não... é só... estou com frio. Meu biquíni ainda está úmido. — disse, desviando o olhar para evitar que ele percebesse a verdade.
A resposta dela pareceu surtir o efeito oposto ao que esperava. Marco riu suavemente, um som baixo e rouco, e deu mais um passo em sua direção. Antes que ela pudesse reagir, ele a envolveu em seus braços.
— Frio, hein? Então deixa eu resolver isso.
O abraço foi inesperado e devastador. Os bravos fortes e quentes ao redor dela a fizeram sentir-se pequena, mas de uma forma estranhamente segura. O contraste entre calor dele e a leve umidade de sua pele a fazia sentir cada ponto de contato entre eles. Ela tentou protestar, mas as palavras morreram em sua garganta quando ele a puxou ainda mais para perto.
— Viu? Melhor assim.— ele sussurrou próximo ao ouvido dela, sua voz cheia de algo que a fazia estremecer.
Thainá sentiu o coração bater tão forte que parecia que ele poderia ouvir. Ela ergueu o rosto para olhá-lo, seus olhos encontrando os dele. Estavam tão próximos que o rosto de Marco parecia preencher todo o seu campo de visão. O ar entre eles estava carregado, quase elétrico.
— Marco... — ela começou, mas nem sabia ao certo o que dizer. Seu nome saiu como um sussurro do que como aviso.
Ele não respondeu de imediato, apenas inclinou levemente a cabeça, seu rosto a milímetros do dela. Era um momento tão intenso que até mesmo o tempo parecia ter parado. Thainá sabia que estava prestes a cruzar a uma linha da qual não haveria volta.