Capítulo 4 - Arthur Morratti

1374 Words
Capítulo 4 Arthur Morratti O que anda passando na cabeça da minha secretária ultimamente? Ellen era tão obediente e centrada. Porque mudou tanto em tão pouco tempo? Logo agora que a minha concentração teria que estar cem porcento focada na ida ao encontro do Senhor Nakamura. Minha atenção tinha que estar sobre o grande negócio da minha vida, a minha chance de chegar ao topo do mundo. No entanto, Ellen vem se mostrar ao contrário de tudo que imaginei. Minha secretária tinha que dar defeito nessa altura do campeonato e me deixar desfocado? Agora reivindica folgas, eu sei que ela tem direito, disso eu não posso discutir, mas realmente não posso abrir mão dela ao fechar algo tão grandioso. Sei que não sou o melhor chefe do mundo, tenho plena consciência disso e não perco uma noite de sono por tal motivo. Minha empresa é grande pelo fato de eu ser assim, frio e calculista, coração gelado. O que ninguém entende é que eu sou sem sentimentos mesmo e não me culpo por isso. Vejo as melhores oportunidades em momentos que todos me recriminam. A questão é que não se chega ao topo com um coração mole e dizendo “sim” a tudo. Não me esforço para ser diferente e não faço a menor questão, pago muito bem todos os funcionários. Do zelador até a secretária da presidência, todos têm regalias que nenhuma empresa daria. Porque teria que me modificar para agradar alguém? Agradar meus funcionários, não preciso disso, preciso da sua eficiência e nada mais além desse pequeno detalhe. Preciso dos seus serviços e não sua amizade e compreensão. Sou assim mesmo e não tenho tempo e muito menos vontade de mudar, cresci vendo todas essas atitudes darem certo para o meu tio, então porque seria diferente de mim? O que ainda me incomoda é o jeito que Ellen vê a vida que passa aos seus olhos. Seu profissionalismo já foi lapidado por mim, tenho orgulho disso, Ellen chegou sem saber nada fora da teoria. Ela foi aprendendo e me orgulho por não ter perdido a cabeça e sim ensinado. Ela mexe comigo de alguma forma, ainda não sei por quê, mas mexe, mexe mais do que eu queira admitir. Não posso reclamar de nada da sua postura como a minha secretária, mas, sempre tem um mais... Sempre tem um ponto a ser discutido e lapidado. Sua forma de ver os outros me mata por completo! Ellen ainda é boa demais para ser centrada e colocar as coisas no lugar que devem estar. Sempre simpática! Sempre animada! Sempre amorosa... Ela me desarma assim, não consigo me concentrar em ser o chefe vendo suas atitudes tão...tão... meigas, é difícil ser neutra? Sei que Ellen Philips tem palavras feias em sua mentalmente, não preciso de bola de cristal para saber. Seus olhos verdes ficam límpidos, suas narinas se abrem e sua boca sempre se remexe. Em muitas vezes a palavra "i****a" é que leio em seus lábios. Ela sempre me chama de i****a quando está nervosa e triste comigo, claro que nunca claramente e voltada para mim e sim em seus murmúrios. Ellen pensa que eu não ligo para ela, que a faço ficar horas no escritório depois do expediente por pura birra de CEO malcriado. Claro que não é esse motivo, eu sou sozinho, não tenho ninguém e não quero ficar na mansão que parece um castelo m*l assombrado sozinho. Sempre fico nessa corda bamba com ela, deixando ela com raiva e depois feliz. Arrumo trabalhos de mais e ficamos os dois aqui. Ela de certa forma virou a minha principal companhia. Ainda mais depois que perdi Ana para uma doença degenerativa. A maioria do tempo sou um babaca com ela, eu sei, mas não posso ser bom e ser um carrasco com os outros. Na minha cabeça todos tem que pensar o pior de mim. Não gosto de atenção! Não gosto de fama! Não gosto de pena ou que me achem fraco! Sempre deixei claro para Ellen, o que queria dela, nunca menti, nunca prometi o que não poderia cumprir e sempre foi o mais honesto possível. Ellen aceitou o trabalho que ofereci e deveria ser grata! Será que ela tem noção de quantas mulheres e homens também queriam estar me auxiliando na linha de frente de uma grande multinacional? Será que somente eu vejo o grande potencial que ela tem? Ellen de longe era a melhor candidata na época, sem filhos, sem família perto, sem vida na cidade e recém formada. Um diamante bruto a ser lapidado por mim é claro. Era somente apertar ela nos lugares certos e teria uma secretária multifuncional para me ajudar e ser o maior empresário da América Latina, aliás, de tudo o continente. Mas me esqueci de um detalhe, um micro detalhe que está acabando comigo, não posso mandar no seu querer, não posso suprir a falta que coisas triviais fazem a ela, então me incomoda ela necessitar tanto ver os pais. Me incomoda ela querer voltar para o Texas e ver os pais, sinto que se ela for novamente, ela não vai querer voltar. Por isso cometi a loucura de dizer que iríamos juntos para lá, foi a única opção que me passou pela cabeça, estou certo que se eu for com ela, Ellen não terá coragem de ficar lá para sempre. Sei que isso soou um pouco louco da minha parte. A verdade é que eu sou assim, quero ocupar todos os seus pensamentos. Quero ser o motivo de tudo em sua vida, ela não pode me deixar, não quando estamos tão perto, tão próximos do alto da montanha. Acredito que essa viagem para Aruba vai ser boa para ambos, ela gosta de viajar, gosta dos hotéis, gastronomia, somente não é fã da minha companhia. Mas nessa viagem pretendo ser mais cordial, preciso ter Ellen Philips feliz para que tudo corra bem. - Porque sinto que está tão diferente Ellen? - Pergunto quando já estamos a uns vinte minutos no ar, queria evitar, mas tudo que gira em torno de Ellen me atraí. - Acho que já disse isso algumas vezes hoje Senhor Morratti, acredito que deveríamos nos concentrar em nosso itinerário. Estava vendo que tem somente a reunião...- Levanto a mão, Ellen odeia que levante a minha mão para calar suas palavras. -Porque tenho a sensação que não acredita em mim? Porque está tão avoada nesses dias? Porque não acredita que irei te levar para ver seus pais? - Já estou irritado pela forma que ela está agindo. - Porque... porque.... Porque você já me prometeu antes, posso te mostrar todas as mensagens onde eu falava que iria, que veria meus pais. Quando faltou pouco para ir, o Senhor precisava de mim para algo e eu tinha que cancelar. - Ela tem razão porque sempre voltava atrás com a minha palavra. - Sabe que seu emprego...- Agora quem levanta a mão é ela. - Eu sei, assinei um contrato onde sei o que devo cumprir, mas ele vai vencer em breve Senhor, então teremos que rever os termos... - ela deixa as palavras morrerem vendo a minha cara que deve está horrível. - Como assim veremos? - Ela me olha pela primeira vez confiante. Ellen que está em uma poltrona na minha frente se remexe, vejo o quanto está nervosa e linda, minha secretária é linda e às vezes é difícil ficar tão perto assim. - Sabe que o contrato é de três anos, não sabe? Porque coloque uma cláusula de validade do contrato para trabalhar para mim, porque tinha medo de essa situação acontecer. De ser abandonado no meio do caminho. - Eu sei, mas acredito que não iria desperdiçar uma oportunidade como a que te dei, não é mesmo Ellen? - Ela empina o nariz e fala. - Sou grata pelo que fez por mim, mas...- Nem deixo ela terminar de falar. - Isso me basta! - Digo sendo rude e bem chateado, não aguentaria ouvir que ela quer ir embora. - Senhor...- Ellen ainda tenta. - Deixe as coisas acontecerem Ellen, por favor, eu preciso resolver algo no telefone. - Saio de perto e vou para o quarto que tenho no jatinho. Não posso perder Ellen, eu não posso!
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