Capítulo Três — Sob os Holofotes, Atrás das Sombras

1332 Words
"Hoje, mais uma vez, vou transformar pressão em performance. Porque, no fim das contas, ninguém quer saber o que sinto — só querem ver o show." Christopher Davis Assim que as luzes do estúdio se apagaram, senti o peso sair dos meus ombros. A entrevista tinha sido um sucesso — eu sabia pelo sorriso do apresentador e pelos cumprimentos da equipe. Saí para o corredor e encontrei Jasmine me esperando, braços cruzados e aquele olhar que mistura profissionalismo com cumplicidade. — Mandou bem, Chris — disse ela, com um sorriso rápido. — Direto, seguro, e conseguiu vender a ideia sem parecer forçado. É isso que a mídia gosta. Sorri, ajeitando a jaqueta. — Valeu. Acho que conseguimos passar a mensagem. Ela abriu a agenda no tablet e começou a repassar os compromissos do dia: — Depois daqui, temos reunião com a equipe de marketing para ajustar a campanha digital. À tarde, sessão de fotos para a Luxury Life. E à noite, jantar com investidores no rooftop do hotel. — Fez uma pausa e me olhou por cima da tela. — Vai ser um dia longo. Assenti, já sentindo a maratona se aproximar. Foi então que meu celular vibrou no bolso. Olhei para a tela e senti um frio na barriga: Pai. Atendi, tentando manter a voz firme. — Pai, tudo bem? Do outro lado, a voz grave veio carregada de cobrança: — Tudo bem? Não sei, Chris. Faz semanas que não aparece aqui. Nem para um almoço. Está ocupado demais com essas... casas noturnas? Fechei os olhos por um segundo, respirando fundo. — Pai, é trabalho. Estamos inaugurando a unidade de Las Vegas, é um projeto enorme. Ele soltou uma risada seca. — Projeto enorme... Você carrega um nome respeitado, Chris. E usa isso para abrir bares e boates? É isso que acha digno? Senti a raiva subir, mas contive. — Pai, não são “bares”. É um empreendimento sofisticado, uma marca internacional. Eu estou construindo algo grande. Você deveria sentir orgulho e não ficar me criticando. Silêncio do outro lado. Depois, apenas: — Grande ou não, não esqueça quem você é. Quero você aqui essa semana. Sem desculpas. A ligação terminou antes que eu pudesse responder. Fiquei parado, olhando para a tela apagada, com aquela mistura de frustração e raiva queimando por dentro. Jasmine percebeu meu semblante e perguntou: — Tudo certo? Assenti, forçando um sorriso. — Tudo certo. Vamos para a próxima. Mas, por dentro, eu sabia: nem tudo estava certo. Desliguei o telefone, mas a voz do meu pai ainda ecoava na minha cabeça. O senador Richard Davis sempre soube como pressionar, como transformar cada conversa em uma cobrança velada. Por mais que eu tente manter distância, é impossível escapar da sombra dele — dos escândalos, das expectativas, das lembranças que preferia esquecer. Respiro fundo, tentando afastar os fantasmas. Preciso focar. A equipe de marketing me espera na sala de reuniões, ansiosa por mais uma campanha que vai incendiar a noite nova-iorquina. Ajusto o terno, ensaio o sorriso. No jogo dos negócios, não há espaço para fraqueza. Depois de um dia exaustivo, tudo o que eu queria era um pouco de leveza. Liguei para Enzo e marquei um jantar no restaurante dele. Não precisava reservar — ele sempre dava um jeito. Quando cheguei, lá estava ele, sorrindo atrás de uma taça de vinho. Jasmine chegou logo depois, esbanjando energia. — Finalmente, o rei da noite resolveu dar as caras — provocou Enzo, levantando a taça. — Vocês sabem que sem mim a festa não começa — respondi, rindo. Jasmine se inclinou, olhos brilhando de curiosidade: — E aí, Chris, qual foi o escândalo do dia? Alguma socialite chorando por sua causa? — Hoje não, Jazz. Como você mesma sabe pois me acompanhou o dia inteiro Só reuniões, entrevistas e mais reuniões. Preciso de férias — brinquei, fingindo cansaço. Entre pratos sofisticados e risadas, Enzo contou sobre um crítico gastronômico que tentou subornar a equipe do restaurante. Jasmine, claro, já sabia de todos os detalhes e completava a história com imitações hilárias. — Vocês dois juntos são meu melhor remédio contra o tédio — confessei, relaxando pela primeira vez no dia. No meio do jantar, percebi uma presença familiar no salão. Uma das minhas ficantes, vestida para matar, me lançou um sorriso sugestivo do outro lado do restaurante. Senti o estresse do dia se dissipar, substituído pela velha adrenalina da conquista. Jasmine percebeu o olhar e não perdeu tempo: — Lá vai ele de novo… Chris, você não cansa? — Cansar? Só se for de vocês me zoando — respondi, piscando para ela. Enzo riu alto: — Vai lá, campeão. Só não esquece de voltar para contar as histórias. Quando a noite chegou ao fim, me despedi dos dois com um abraço apertado. — Vocês são os melhores. Prometo que amanhã sou todo de vocês — disse, já me levantando. — Só não some, hein! — gritou Jasmine, divertida. Saímos do restaurante e a noite parecia feita sob medida para mim. Ela caminhava ao meu lado, o salto marcando cada passo, o vestido colado ao corpo como se tivesse sido desenhado para provocar. Eu sabia exatamente o que ia acontecer — e, ainda assim, o jogo da conquista me excitava. — Você sempre olha desse jeito? — ela perguntou, com um sorriso malicioso. — Só quando encontro alguém que merece ser olhada assim — respondi, aproximando-me e deixando minha mão roçar de leve sua cintura. O carro nos levou até o hotel. No elevador, o silêncio era pesado, quebrado apenas pelo som da respiração dela, cada vez mais rápida. Eu a encostei contra a parede metálica, prendendo seus pulsos acima da cabeça. — Você não faz ideia do quanto eu quero isso. — Minha voz saiu baixa, rouca. Ela mordeu o lábio, provocando, os olhos fixos nos meus. — Então prova. O quarto se tornou nosso campo de batalha. Beijos urgentes, mãos que exploravam sem pedir permissão, roupas sendo arrancadas no ritmo da nossa pressa. Eu sabia que não havia espaço para promessas, mas também sabia como fazer uma mulher se sentir única naquela noite. — Você é deliciosa — murmurei, deslizando meus lábios pelo pescoço dela, sentindo seu corpo se arrepiar. — Me mostra o quanto — ela sussurrou, arqueando o corpo, entregando-se sem reservas. O som da sua respiração misturado a minha era música crua, sem melodia, só ritmo. Cada movimento era direto, intenso, sem suavidade. Eu a queria inteira, e ela queria ser tomada. Precisava descarregar essa tensão de alguma forma e o sexo era minha forma de extravasar. — Mais forte, Chris... não para. — Ela gemeu, agarrando meus ombros. Eu obedeci, sem piedade, marcando cada centímetro dela com minha boca e minhas mãos. O quarto se encheu de gemidos, da batida da cama contra a parede, do som cru da nossa urgência. — Você sabe exatamente como me destruir... — ela arfou, os olhos semicerrados. — Não é destruição, é prazer. — Respondi, mordendo seu lábio antes de invadi-la de novo. — E hoje você é só minha. Ela gritou meu nome quando o prazer a dominou, e eu a segui, explodindo dentro dela. Ficamos colados, suados, ofegantes, como se nada mais existisse além daquele instante. Mas o meu vazio continuou. O corpo saciado e a alma continuava faminta. Depois, caímos exaustos na cama. O corpo dela ainda tremia, mas o sorriso de satisfação não deixava dúvidas. — Você sabe exatamente o que faz, Chris. — disse, com a voz embargada de prazer. Sorri de volta, sem negar. — Eu sempre sei. Mas não peça mais do que isso. Ela fechou os olhos, ainda entregue ao calor da noite. Eu fiquei ali, observando, sentindo o peso do meu próprio conflito: dar prazer sem dar futuro, ser o galanteador que elas adoram, mas nunca o homem que elas podem ter. E foi assim que mais uma noite terminou — quente, intensa, sem promessas. Apenas mais uma página no diário de um cafajeste.
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