Capítulo 02

2548 Words
- AI MEU DEUS! ESSE BOLO ESTÁ PERFEITO! QUEM FOI QUE O PREPAROU, MAD? - Isaac quase gritou entre uma mordida e outra no enorme bolo de baunilha com chocolate que meu pai tinha comprado para a semana inteira. Bem, acho que ele não sobrevive nem mais cinco minutos. Tá vendo? Até meus ídolos já estão me chamando indiretamente de louca! Nem tive tempo de mandarem calar a boca, e eles já estava me perseguindo com esse apelido de infância. Começou por Darwin e depois Noah, e agora Isaac, quem mais, diretor? QUEM MAIS? - Hum, o padeiro? - olhei para Isaac com a pior cara de óbvio que eu tinha. Eu ainda estava meio assustada, pasma, como quiser, com a presença deles ali. Mas estava me esforçando para disfarçar vendo que eles pegaram uma amizade rápida com meu pai de bom humor. Acontece que eles não só invadiram minha casa como agora minha comida. Estavam lá, todos sentadinhos na mesa de café da manhã, comendo bolo e tomando suco de frutas e conversando animadamente com meu pai. Me coloquei em frente a bancada de mármore da pia, depois de tirar vários ingredientes da geladeira e comecei a preparar um grande sanduíche de salame, peito de peru e rosbife, com molho mel e mostarda. Cara, aquele negócio iria ficar uma beleza, e talvez me deixasse menos nervosa com a presença dos garotos na cozinha. Eles ficaram conversando atrás de mim, com meu pai. - Já são quase dez e meia, gente - Bailey falou de uma forma meio alerta. - E o que tem? - Joshua perguntou, cheio de bolo na cara. Observei Darwin puxar seu celular do bolso e tirar uma foto daquela cena muito linda. - Darwin, se você pôr isso no twitter, eu te mato. - Temos aquele compromisso. - Bailey disse a parte do "compromisso" entre dentes. - Algum problema, garotos? - Perguntou meu pai. - Nenhum, senhor Hans, é só que temos que chegar mais cedo hoje no... - Na loja de vinis que todos trabalhamos! - Henry cortou Backer. Por favor, até eu já sei que vocês estão mentindo, parem com isso! Revirei os olhos, terminando de esquentar meu sanduíche no forno para depois colocar o molho. - No mesmo turno? - Perguntou Hans. - Darwin e o Noah são faxineiro. - Joshua falou e os meninos riram, inclusive eu. Eles me encararam como se procurassem vestígios de que eu sabia que alguma coisa. Por que eu não consigo manter minha boquinha calada? Lembra do que sua avó te disse, Madison? "Você com a boca calada, minha neta, é um poema". - Mas tão cedo? Fiquem mais um pouco, vocês gostam de video-games? - Ai, ai, pai. Você falou a palavra chave para prendê-los aqui pro resto da vida. Eu estou esperando que eles recusem, e aí eu posso ter uma conversa séria com meu pai e mandá-lo nunca mais falar alto em ajuda para carregar as compras perto de qualquer garoto estranho, por mais lindo, sexy, famoso, rico entre outros mil adjetivos que seja! - Sim! - Todos disseram em coro. Bati a mão na cara, sem surpresa alguma. Deixa o Darwin fazer o serviço dele de tirar lixo de banheiro, deixa! - Temos uma sala de vídeo no andar superior com uma televisão só para o nosso Wii, vamos jogar alguns jogos antes de vocês irem! - Disse-lhes Hans. - Não! - Eu quase gritei. Mas foi suficiente para que todos olhassem para mim com suas caras interrogativas. Eu fiquei vermelha - Não... Deixem... Os... Hã... Golfinhos defecarem no mar. Backer prendeu uma risada enquanto meu pai revirava os olhos e continuava a tagarelar. Ok, o que tem de errado comigo hoje!? Eu só estou fazendo m***a. - Senhor Hans, acho que já gastamos demais do seu tempo e da sua casa. - disse Bailey. Alguém dá um prêmio para esse garoto. Ah, é, já deram! - Que isso, cara! Peguem umas latas de Pringles e Coca-Colas e subam. Mas é o que? Eles podem ser o melhor g***o do mundo, mas ninguém se mete no meio das minhas latas de Pringles e eu! - Hã, me desculpem mas sinto informar que acabaram os Pringles...- Eu menti com a melhor expressão e voz de lamento que conseguia. É claro que não foi convincente. - Como assim acabaram? Eu me lembro muito bem de que guardei as latas no armár... Henry começou a arruinar minha vida, denunciando que as latas de Pringles estavam no armário, mas então eu o interrompi, enfiando um pedaço de pão que eu havia cortado do sanduíche, em sua boca. Foi a primeira coisa que se passou pela minha cabeça! - Aceita mais pão, Henry!? - Eu sorri ironicamente. - Humf humf huuumf... - Henry tentava desesperadamente formular uma frase, algo não muito fácil de se fazer quando se tem um pedaço enorme de pão na boca, enquanto apontava para um dos armários perto da geladeira. - O que foi, Carter? Sim, nós já sabemos que o seu braço esquerdo é desproporcional ao restante do seu corpo... - Disse Darwin, revirando os olhos, sem prestar atenção no que Henry realmente queria dizer, mais interessado em continuar a conversa animadora com o meu pai sobre as novas técnicas de plantação de cenouras com máquinas cujo o painel de controle era semelhante aos das máquinas dos jogos de agricultura de alguma marca barata chinesa de video-games (quem paga pra ter de cuidar de fazenda que nem real era?). - Caramba, essa foto do Joshua todo sujo de bolo na cozinha dos Harrison, no twitter é realmente engraçada! - Disse Isaac, rindo, e mostrando a foto para Backer que começou a gargalhar com a sua super normal risada. - Desgraça! Eu vou acabar com você! - Joshua se levantou e começou a correr atrás do Darwin, que saltitava como uma gazela elegante pela cozinha, acabando por habitar outros cantos da casa, quando eu percebi que ele estava indo em direção à escada e... Santa vodca! Meus pôsteres do Century estão colados na parede e a porta do meu quarto, aberta. Nem preciso dizer que sai correndo de forma mais esquisita que uma galinha cega, perneta e com frio? E adiciona ela com uma bolsa de paraquedas nas costas. Foi uma coisa muito f**a de assistir, já que eu nunca fui boa em educação física. Qual é? Eu só estou tentando não denunciar minha identidade de fã de carteirinha e stalker (uma stalker muito estúpida por não perceber que eles moram bem ao lado de sua residência, mas uma stalker). - Uau! Mas é claro que, pedindo com todo essa doçura, você pode passar "Mad-Madson"! - Noah reclamou depois de eu ter quase o derrubado da escadaria. - Ah, vai procurar um espelho, vai! - Resmunguei enquanto tentava desesperadamente subir de vez aquelas escadas. Noah me segurou pelo suéter do Mickey e me fez ficar correndo no mesmo lugar. Nossa senhora da vodca, é pecado uma simples mortal querer arrancar todos os seus milhares de posteres do quarto antes que seu g***o favorito os veja e a rotule como a "vizinha-louca-e-fanática-que-não-podemos-nos-aproximar-porque-ela-pode-arrancar-os-cabelos-de-Henry-a-qualquer-momento"? Que m*l há nisso? - Rá, pra sua informação eu já tenho um bem aqui! Eu não vou á lugar nenhum sem o Spark... - Noah disse, enquanto tirava um mini-espelho do bolso e o fazia carinho. - Spark? O nome do seu espelho é Spark? E...você deu um nome ao espelho? - Perguntei incrédula. Não acredito que tenho posteres de um cara que coloca nome em espelhos...espera, MEUS POSTERES! - Espera aí... Como você sabia que o Noah gosta de "admirar sua beleza sobrenatural" no espelho? - Bailey perguntou quando eu tinha dado apenas um passo em direção de não ser descoberta. Fodeu. - Hum... Porque... Faxineiros gostam de seus reflexos na água? - Sugeri, meio em dúvida e ficando vermelha. - Noah não mexe com baldes, ele apenas varre a loja. - Ele disse. d***a! Porque Bailey tinha que ser o inteligente do g***o mesmo? Atrás do Bailey eu avistei um Joshua segurando a risada, juntamente com o "Mister-men". Era mais que claro que o Bailey estava me testando para ver se eu era ou não mais uma fã que sabia até quantas sonecas Darwin já fez no último ano. - Hum... Ér... O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO COM A MINHA CAIXA DE CHOCOLATES? - Gritei para o Isaac que, do segundo andar, veio andando despreocupado, mas interessado no penúltimo bombom que tinha sobrado da grande bandeja, do que tentando esganar o "senhor-meu-espelho-se-chama-Spark", o que estava fazendo segundos atrás. No fundo eu quase abracei Isaac por ser um comilão intrometido e ter me tirado de ser descoberta... Quase... Eu ainda queria meus chocolates de volta. Mas, espera... Esses chocolates estavam em cima da minha estante! No meu quarto! Corri em direção ao Isaac e arranquei minha caixa de bombons de sua mão, correndo para dentro do meu quarto e fechando a porta com o pé. Joguei minha caixa de bombons em cima da cama, passei por cima daquele skate deslocado que eu tinha desde os dez anos, mas não andava porque eu sou a senhora que não tem equilíbrio, e arranquei os posteres da minha parede, enfiando tudo dentro do meu guarda-roupa. Suspirei. - Ufa. - Revirei os olhos. - Acabou. - Caramba, que zona perigosa esse quarto! - Disse uma voz conhecida. Tomei um susto. Ponto de fusão. Me virei a ponto de ver aqueles cabelos castanhos balançando com um sorriso muito atraente, mas antes que eu pudesse responder, respirar, pensar, sorrir, piscar os olhos ou qualquer coisa, eu pisei em falso naquele meu skate que eu não uso faz muito tempo e acabei caindo de cabeça no chão. Aquilo doeu. (...) - Ouch! - Gemi de dor quando abri os olhos e senti minha cabeça latejar, depois de parecer ter dormido alguns minutos... Ou desmaiado por alguns minutos. Acontece que eu não sei bem, e quando abri os olhos, não estava enxergando nada além de vultos e barulho, e, claro, eu continuava executando meu serviço: analisando novas texturas de solos, ou com a cara no chão, como preferir. Quando minha visão entrou em foco, eu reconheci sete figuras curvadas em círculo em torno de mim. Eram eles, o Century. - Que bom que você acordou Mad - Disse o Isaac, abrindo um sorriso. Oh, ele se preocupa comigo! - Eu estou morrendo de fome há cinco minutos e tudo que você fez foi ficar aí com a cara no chão sem se preocupar e pegar bombons para mim! - Ok, esquece a parte do "ele se preocupa comigo". - Cala a boca, Isaac! - Disse Bailey, parecendo racional. - Mad, você está bem? - Minha bisavó não poderia ter tido um tombo melhor, hein, Mad. - Joshua abriu a boca para soltar aquela gargalhada grave e casual dele. Música para meus ouvidos. Henry começou a rir de mim que nem um a******o. Ah, sim, ele já estava rindo. A piada sem graça do Joshua só agravou sua risada. - Esses seus tombos são assim tão comuns? - perguntou, se engasgando entre gargalhadas. - Hum, essa aí vive mais com a cara no chão do que cão farejador... - Ouvi meu pai resmungar de algum lugar fora do meu campo de visão. Valeu pai, tudo o que eu mais precisava no momento era do Century saber sobre os meus problemas de equilíbrio e da minha inevitável atração por pisos de qualquer espécie. A essa altura, a risada de Henry era de dar inveja no coringa. - Mad, por que você não tinha nos falado sobre esse manancial de cacau escondido no seu quarto? - Backer acusou, ofendido. m***a, um mês economizando, resistindo aos lançamentos de novos posteres deles para poder comprar a edição limitada da Wonka (eu realmente achava que iria achar o bilhete premiado) jogados fora. - Backer! Não está vendo como a Madison tem preocupações mais importantes no momento? - Bailey o repreendeu. Ah, obrigada! Pelo menos alguém sensato para me defender aqui. - É Backer, ela tem coisas mais importantes a se pensar neste momento. Como por exemplo o enorme g**o que agora habita a sua testa! - Darwin complementou. Espera um pouco... g**o? - Que?! - Eu arregalei os olhos, assustada. O Isaac colocou o dedo em um ponto na minha cabeça que realmente doeu, eu gritei por um instante e quase mordi o dedo dele de raiva. - Minha cabeça dói, desgraça! Os meninos riram. Bailey revirou os olhos enquanto isso, estendeu a mão e me ajudou a me levantar. - Então... O compromisso. - Bailey lembrou novamente. - O chefe de vocês é tão barra-pesada? - Perguntou Hans, na soleira da porta do meu quarto, para onde todos os garotos, menos Backer e Isaac, se direcionavam. Esses estavam bisbilhotando minha gaveta de chocolate. Francamente, meu pai, falando "barra-pesada" é uma das piores coisas que se pode ouvir, além das gírias que ele vem dizendo hoje com a presença dos sete garotos. Ele não é o tipo de pessoas que tem presença ativa na modernidade, cá entre nós, seus únicos pontos de acesso à vida moderna são, eu (que, convenhamos, não sou um bom exemplo) e seu blog dos anos 90 ainda na ativa com mais ou menos cinco seguidores. Ele só não sabe disso porque ainda não viu o cantinho escrito "seguidores". - É, é sim. - disse Joshua - Eles gostam de nos controlar, tipo, não deixar que o Darwin pinte o cabelo da cor que ele quer. Ok, já saquei que eles estão falando da empresa deles, embora eu saiba também que os meninos não são o melhor exemplo de seguir regras e para comprovar isso, nós temos Isaac. - Pai, deixa eles irem! - eu tive que falar isso. Por mais que eu esteja super feliz em conhecer meus ídolos, eu ainda estava tentando controlar um surto que habitava em mim e que só iria ser liberado quando os garotos fossem embora. - Certo. - Hans revirou os olhos - Mas qualquer dia, voltem para jogarmos umas partidas de video-games. Os garotos concordaram no maior entusiasmo. Enquanto isso, eu estava decidindo com o Isaac qual bombom eu deixaria ele levar sem arrancar pedaços da mão dele com meus caninos. Eu decidi que o Isaac levaria aquele bombom com castanhas que eu odeio e eles desceram as escadas, se despedindo do meu pai na porta. - Até mais, senhor Hans! - Disse Bailey. - Tchau Hans. - Henry falou todo na i********e. - Falou, manos. - Disse meu pai. Ok, parece que Zeus parou o tempo agora, porque eu olhei para o meu pai e disse: - Pai... Você não é um rapper. Os garotos saíram e eu fechei a porta. Papai encostou no balcão da cozinha e riu sozinho, enquanto eu pegava uma forma de gelo e preparava um paninho para não ficar com um motivo para Isaac apertar minha cabeça com seu dedo. - Engraçado, esses meninos, parecem tanto com aqueles garotinhos na porta do seu guarda-roupa, não parecem? - Disse Hans Harrison. Eu abri aquele sorriso mais irônico do que o do Coringa, me virando para encarar meu pai. - Ah, mas você JURA?! - Eu gritei a última parte - Será por que eles SÃO?
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