Eu tinha muitos sonhos, mas sabia distinguir os possíveis dos impossíveis. Estar ao cinema com Sasuke era a segunda opção, que estranhamente acabou se transformando em algo possível.
Se eu estou feliz? m*l consigo conter a agitação, e seria ainda mais legal se ele largasse a porcaria do celular e prestasse atenção no filme que havia acabado de começar.
Estamos sentados na última fileira, escolhida por mim é claro, vai que de repente a boca de Sasuke se esbarre na minha sem querer. Mas pela sua cara de merda e sua ignorância a minha pessoa desde que entramos no seu maldito carro, acho que esse acidente das bocas não vai acontecer.
— Ei, não pode usar celular aqui dentro. — tentei tomar o telefone de Sasuke mas ele foi mais rápido e levantou o braço.
— Para com isso. — me olhou feio quando continuei a insistir em tomar o aparelho.
E ele acabou de dizer suas primeiras palavras. Achei que Sasuke tinha engolido sua língua por acidente.
— Assim você não vai prestar atenção no filme. — resmunguei vendo sua cara de bosta se tornar entediada.
— Olha pra minha cara e vê se estou afim de assistir essa porcaria. — sussurrou raivoso arqueando uma sobrancelha apontando para o telão onde um casal se despedia da forma mais dramática possível.
Coloquei uma mão no queixo fingindo o analisar. Estava óbvio que ele não queria estar aqui, mas eu não ligava.
— Acho que você está bem afim. — sorri falsa enfiando a mão no balde de pipoca em meu colo.
Sasuke bufou e se remexeu inquieto no banco ao lado com a cara amarrada. Ficou dois minutos em silêncio e depois se virou pra mim.
— Cadê minha pipoca?
— Que pipoca?
— A pipoca que você foi comprar.
— Eu comprei só uma. — respondi comendo mais uma mão cheia sem desviar o olhar do filme.
— Como só uma? Eu te dei o dinheiro. — sua voz frustrada saiu um pouco alta e alguém mandou a gente calar a boca.
— Eu perguntei o que você queria mas seu celular parecia mais importante. — dei de ombros me lembrando de que passei cinco minutos tentando falar com o i****a e ele apenas me entregou o dinheiro sem tirar a atenção do celular.
Me senti rejeitada e com inveja daquele maldito aparelho.
— Ei devolve minha pipoca. — quase gritei quando Sasuke roubou meu balde na maior cara dura.
— Minha pipoca. — retrucou enchendo as mãos com minha comida.
— Fui eu que comprei.
— Com meu dinheiro.
— Dane-se eu comprei do mesmo jeito. — grunhi tomando meu balde de volta.
— Sua gulosa egoísta.
— Ladrão de comida.
— Silêncio. — alguém disse alto.
Resmunguei calando a boca e xinguei Sasuke mentalmente o vendo pegar minha coca-cola. Ele estava me irritando e isso não era bom.
— Pare de comer minhas comidas.
Ele me ignorou voltando a mexer no celular tomando todo meu refrigerante. Só deixei porque não queria me irritar, isso era para ser algo legal. Eu deveria está aproveitando sua companhia.
Dez minutos depois.
— Essa merda não vai acabar nunca? — ele voltou a reclamar.
— Cala a boca e assiste Sasuke.
— Não me manda calar a boca. — retrucou ofendido e irritado como sempre.
Fiz um movimento com os dedos próximo aos lábios o mandando ficar em silêncio e Sasuke deslizou no banco olhando para o teto.
— Uau. Isso foi intenso. — comentei sorrindo quando o filme acabou e me virei para o Uchiha ao meu lado que estava com os braços cruzados e uma cara enjoada. — Foi incrível não é?
— Tao incrível que estou tentando não vomitar.
— Não entendo, não teve nenhuma cena nojenta, pelo contrário foi um belo drama romântico.
— E existe algo mais nojento que isso?
— Claro, esqueci que você tem um gelo no lugar do coração. — revirei os olhos.
— Como?
— Você não curte romances.
— Acho isso perca de tempo, deveria está fazendo algo mais produtivo. — Sasuke deu de ombros.
— Como dormir? — sugeri irônica.
— As vezes você é inteligente. — retrucou zombando da minha cara.
Sorri sarcástica o acompanhando para fora do cinema. Eu estava começando a entender Sasuke, todo esse jeito frio e arrogante de ser, ele estava fugindo de romance, o Uchiha tinha medo desse sentimento. Mas a pergunta era, por que?
Fiquei pensando sobre isso durante todo caminho de volta e achei uma resposta.
— Adorei nossa tarde, descobri algumas coisas sobre você. — comentei chupando um pirulito vendo Sasuke parar o carro em frente a minha casa.
A rua estava pouco movimentada e o vizinho da frente jogava o lixo fora.
— E o que você descobriu? — Sasuke perguntou parecendo está se divertindo com a minha cara.
— Você odeia romances, gosta de roubar comida das pessoas, é um grande estraga prazeres e tem medo. — respondi contando nos dedos vendo seus olhos se estreitarem.
— Medo? E do que eu tenho medo irritante?
— Me diz você capitão, tem medo do que? — retruquei o olhando em desafio.
Sasuke soltou um meio sorriso amargo desviando o olhar para sua janela e me deixou sem respostas.
— Pois eu acho que você tem medo disso aqui. — peguei sua mão que estava apoiada no volante e a levei ao seu peito, no lugar do coração.
Sasuke buscou meu olhar e eu forcei meu melhor sorriso encarando firme os olhos negros sérios e confusos.
— É normal você ter medo quando já foi machucado, ou apenas não quer sentir algo por alguém com medo de perder essa pessoa. Eu sei que amar pode doer as vezes, porque não se pode ter amor pra sempre não é? As pessoas vão embora da sua vida uma hora ou outra. — terminei de falar aos sussurros sentindo um bolo se formar em minha garganta.
Eu odiava falar de amor porque era um sentimento que eu não conhecia, algo que eu nunca recebi. Pra mim amor era apenas um sentimento momentâneo e mentiroso.
Sasuke abaixou o olhar para minha mão sobre a sua e a segurou afastando de seu peito. Encarei nossas mãos juntas piscando os olhos ao sentir uma leve ardência.
— Odeio mentiras e pessoas covardes. — ele disse por fim, tinha amargura em sua voz.
Eu sabia que isso era por conta do relacionamento dos seus pais, seu pai ter traído sua mãe e ido embora.
— Eu odeio ser usada e abandonada pelas pessoas. — também confessei
Ficamos alguns minutos em silêncio e eu quebrei aquele contato ao ouvir meu celular apitar.
— Bom, obrigada por me fazer companhia. — disse saindo de seu carro. — Gostei da nossa tarde.
— Da próxima vez eu escolho o filme. — comentou não muito interessado.
Sorri animada e assenti caminhando para minha casa, vendo Sasuke estacionar na casa ao lado. Estamos seguindo pelo caminho certo. Acho que alguém gosta da companhia da “irritante” aqui.
(...)
— Cara esse Neji é um babaca. — Karin cuspiu as palavras irritada.
— Canalha, quer pegar uma e de brinde levar a amiga. — Ino bufou.
— Acho que ele nunca se interessou por mim. — Tenten comentou desanimada brincando com o sanduíche no prato.
Ela estava assim desde que chegou a escola, cabisbaixa e triste. Era deprimente, eu estava preste a lhe dar uns tapas.
— Não se rebaixe, tem vários caras interessados em você.
— Não estou afim.
— Pois é melhor você ficar e mostrar para aquele i*****l quem é que manda. — Karin avisou séria.
— Concordo.
— Você merece alguém melhor. — avisei a vendo soltar um suspiro.
— Obrigada meninas.
— Espero que aquele i****a se afunde na própria merda. — Ino murmurou e nós concordamos.
Elas não sabiam da ameaça do Hyuuga contra mim, apenas que ele me beijo a força, isso porque Tenten contou.
Neji que tomasse cuidado, ele não sabia com quem estava lhe-dando.
— Olá meninas.
Ergui a cabeça e vi Hinata em pé ao lado da mesa segurando alguns papeis decorados.
— Oi.
— Olá.
— E ai?
— Vim convidar vocês para minha festa de aniversário. Será no fim de semana.
Ela entregou os convites para todas nós.
— Festa é com a gente mesmo. — Ino sorriu.
— Ótimo, vou está esperando vocês.
— Pode contar conosco. — respondi.
— Até mais meninas.
— Até.
Nos entreolhamos e sorrimos ao encarar Tenten que parecia nervosa.
— Isso será divertido.
— Eu não vou. — a nerd foi logo falando.
— É claro que vai.
— Você vai ser a atração principal dessa festa e o única lugar que o Hyuuga chegará será na sola do seu salto 15. — avisei a vendo entreabrir os lábios e sorrir fraco.
(...)
A última aula estava sendo entediante, matemática era a matéria mais nojenta que existia. O professor parecia está falando outra língua pois eu não conseguia entender nada.
Os outros alunos também não pareciam muito interessados, alguns conversavam, outros dormiam e o resto faziam qualquer coisa menos prestar atenção na aula.
Mas quando a diretora entrou na sala batendo a porta com força contra a parede todos acordaram petrificando em suas cadeiras.
Toda pessoa sábia temia aquela mulher. Ela era assustadora, ainda mais quando estava irritada.
— Eu deveria pedir licença e tratar este assunto em particular mas isso passou de todos os limites, eu não aceito essa merda de forma alguma no meu colégio. Vocês acham que isso aqui é o que? — ela rugiu alto fazendo alguns alunos caírem das cadeiras.
Seus olhos castanhos estavam furiosos enquanto analisava cada um de nós. Ela caminhou entre as carteiras a passos pesados indo direto para o fim da sala, por onde passava os alunos estremeciam com medo.
Acompanhei seus passos juntos com os outros a vendo parar em frente a mesa de Sasuke, que ergueu o olhar de seu caderno encarando a diretora sem nenhuma expressão.
— Senhor Uchiha, poderia me explicar o que essa porcaria fazia no seu armário? — ela levantou um pequeno pacote.
Abri a boca incrédula, ouvindo os sussurros começarem e exclamações indignadas.
Aquilo era droga.
— Não sei. — Sasuke respondeu calmamente.
— Como não sabe? Seu armário estava aberto, e seu treinador encontro isso nas suas coisas.
— Isso não é meu. — ele respondeu um pouco mais alto.
— Pegue suas coisas e me encontre em minha sala. — Tsunade disse por fim, lhe dando as costas e indo embora.
Observei Sasuke pegar suas coisas parecendo irritado. Isso não era dele, eu tinha certeza que ele não fazia esse tipo de coisa. Tanto como tinha certeza de que o meio sorriso de Neji do outro lado da sala tinha haver com essa merda.
Sasuke pode ser expulso se não conseguir se inocentar e as coisas vão ficar complicadas para ele. Dessa vez Neji passou de todos os limites.