Parte 4 - A tempestade

1224 Words
A previsão a semana todo dizia que viria uma tempestade, minha mãe ficou igual louca vedando tudo, fez com que eu subisse sobre a casa para ver se o telhado estava bem presos e se não havia algum buraco. Coloquei o gado no cercado, os deixando presos para que não fugissem, chequei o galinheiro para que não voasse nada e assustassem as galinhas. Tirei os cavalos do pasto e os coloquei nas celas, deixando bastante ração e água para eles. Quando o tempo começou a fechar, começou um vento forte, dava para ver tanto a terra como folhas voando, o céu já era cinza escuro, o vento era fresco e gelado, corri para casa, minha mãe estava preparando bolo e mais algumas coisas, também tinha a recém feito café, que eu me servi imediatamente. - Será que vai passar rápido? - perguntou ela olhando pela janela. - Não sei mãe, acho que sim, mas vai fazer bastante estrago na estrada. - me sentei na mesa e bebi meu café. - Com certeza, vou terminar aqui e tomar um banho, antes que falte energia - eu ri e ela apenas me ignorou. - Acho que devemos acender a lareira, irá ficar mais frio. - Certo mãe, não se preocupe tanto - sorri. Subi até meu quarto e ela tinha deixado minhas roupas dobradas em cima da cama, as guardei e fui tomar um banho. Vesti uma calça jeans e apenas um moletom, estava fechando a janela que havia aberto com a chuva, vi Avalon, o cavalo da Hannah entrando nos estábulos. Desci correndo e vestindo meu casaco que deixava na porta. - Aonde vai menino? - gritou minha mãe. - está chovendo muito lá fora. - Já volto mãe - respondi. Corri até os estábulos, já estava chovendo muito forte, cheguei lá e Avalon tinha entrado na cela vazia, parecia estar com arranhões, estava inquieto e se debatia. Fui até a entrada e Hannah vinha correndo na direção dos estábulos. Ela estava encharcada, parecia estar de pijama com apenas uma capa de chuva, quando ficou mais perto, tinha os olhos inchados e vermelhos. - Avalon veio para cá? - sua voz saiu rouca. Seus olhos estavam lacrimejados. - Sim, o que aconteceu? - ela caminhou entre os estábulos e correu até o cavalo quando o viu. - O garoto, o que houve? - falou com uma voz suave. - está machucado - ela passou os dedos levemente pelo cavalo. - Nunca mais fuja, não posso te perder também - disse entre soluços e encostou sua testa na cabeça do cavalo. - Hannah porque ele fugiu? - ela enxugou as lágrimas e me encarou. - Não fechei bem a cela e ele se assustou com um dos raios. Quando vi ele correndo, sai correndo atrás. Acho que ele se encostou na cerca, por isso os machucado. - Pode ter sido - respondi e ela levantou tentando convencer o cavalo do mesmo. Ele apenas levantou. - Vamos Avalon, temos que ir para casa - o cavalo relinchou e caminhou para trás. - Não posso deixar você ir para casa no meio dessa chuva e Avalon precisa descansar - falei e ela me encarou. - Não, não quero atrapalhar - esperava qualquer outra resposta. Sua voz saiu suave e delicada. Não parecia a mesma garota da loja. - posso ir pra casa e voltar amanhã para pega-lo. - Não vai, vamos entrar até porque se eu ousar deixar você ir para casa nessa chuva minha mãe me mata - rimos. - Vem, vamos - ela forçou um sorriso. Fechei a cela em que Avalon estava e acompanhei Hannah até minha casa. Tirei os sapatos e casaco na porta e ela tirou os sapatos e a capa de chuva também, sim, ela estava de pijama e estava basicamente transparente, desviei o olhar rapidamente. - Filho, o que… - ela parou de falar quando viu a Hannah. - Meu Deus menina, você está encharcada. - O cavalo dela fugiu e parou aqui no nosso estábulo, ela vai ficar até a tempestade passar - minha mãe apenas assentiu e sorriu. Hannah parecia estar envergonhada. - Deixe ela usar seu banheiro, o do quarto de hóspedes ainda não foi concertado - me encarou como se eu tivesse culpa. - Irei ver uma roupa quente para você - olhou para Hannah com um sorriso. - Obrigado, desculpe incomodar - ela deu um meio sorriso. - Não é incômodo nenhum - disse minha mãe. - Agora ande logo, os dois, antes que peguem um resfriado - ordenou e apenas ri. - Vem é por aqui. Conduzi Hannah pelo corredor, subimos as escadas e entramos no meu quarto, ela estava acanhada, quieta, olhava cada movimento dela, estava com os braços cruzados e se limitava apenas a um olhar ou concordar com a cabeça. Mostrei onde ficava o banheiro, ela entrou e travou a porta, troquei de roupa, colocando uma calça moletom e um moletom apenas. Deixei a roupa que minha mãe iria emprestar sobre minha cama e desci. Estava na cozinha ajudando minha mãe a terminar o jantar, coloquei a mesa e Hannah entrou na cozinha, vestia uma calça legging, blusa de manga comprida e um casaco, acho que era um cardigan, estava linda. - Ficou perfeito em você - disse minha mãe e Hannah sorriu. - Senhora tem um tamanho igual ao meu - falou suave. - Gentil da sua parte menina, mas essa é uma roupa antiga - elas riram. - Vem, vamos jantar. - nos sentamos na mesa e nos servimos. - Então, o que fazia em Paris? - Trabalhava como modelo desde meus 17 anos - ela sorriu. - Qual sua idade agora? - cutuquei minha mãe qual me deu um chute na canela que quase me fez gritar. - 22 - responde rindo. - Preciso ligar para minha avó e avisar que estou aqui. - Eu já falei com ela - disse minha mãe. - Ela estava preocupada, avisei que estava bem e que ficaria até estiar um pouco a tempestade. - Obrigado - ela respondeu com um sorriso. - Sabe, Tyler também saiu daqui com 17 anos, foi cursar faculdade de direito em Hollywood - disse minha mãe e eu a encarei f**o. - Advogou? - perguntou Hannah me encarando. - Sim, por tempo suficiente. Nada muito emocionante - sorri. Terminamos a jantar e Hannah quem ajudou minha mãe a lavar a louça, em seguida foi dormir e ficamos eu e a Hannah na sala assistindo um filme que passava e tomando café. - Achou mesmo que eu era uma garotinha mimada? - perguntou Hannah me encarando. - Um pouco devo admitir - sorri. - mas ultimamente tem se provado o contrário. - Bom saber que tenho acertado - ela sorriu. Voltamos a prestar atenção no filme e ela logo adormeceu então busquei uma coberta e a cobri, por um breve segundo puder ver um leve sorriso. Era estranho, mas fiquei a observando dormir, parecia tranquilo e em um sonho bom, alegre e feliz. Me questionei o que poderia ter acontecido com esse menina doce e inocente, qual motivo teria a feita ser as vezes tão arrogante, mas ter um amo incondicional por um cavalo, uma ligação que eu nunca entenderia. Decidi ir dormir já que pelo visto ela iria dormir ali mesmo e eu não queria acorda-lá. ***
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD