2| Eu Te Torturo.

1773 Words
Tortura - é a imposição de dor física ou psicológica por crueldade, intimidação, punição para obtenção de uma confissão, informação ou simplesmente por prazer da pessoa que tortura. Também tem como uma definição mais abrangente, o dano físico e mental deliberado, causado contra o indivíduo para destruir a personalidade individual e aterrorizar a sociedade.   _______________________   |Claire Clarkson|   Complexo Prisional Federal. Indiana (E.U.A)     Se sentou em um banco na sombra e pode sentir todos os olhares em sua direção. Claire bufou e se deitou no banco de concreto observando o céu azul, repleto de nuvens. O sol estava de rachar e uma gota da suor escorreu de sua testa. Ela quase havia se esquecido de como gostava do azul do céu, das nuvens se movendo minimamente, se dissipando, formando figuras que só ela sabia reconhecer. Fazia tanto tempo que não saia para fora de sua cela. Da solitária. Claire já havia até perdido as contas de quanto tempo havia ficado lá dentro. Um ano talvez, dentro daquela pequena cela escura, cheia de demônios a martelarem em sua cabeça, no escuro. E ali estava ela, sentada no banco com os olhos fechados, sentindo-se livre, Claire nunca soube como se sentiria feliz ao sair de dentro daquela cela. Não tinha noção de como se sentiria livre naquele pequeno espaço ao ar livre. De agora em diante, daria tudo para estar ali. Era verão, disso ela tinha certeza. Estava quase arrancando a roupa de tanto calor. O cabelo loiro passava pouco mais do ombro e ela fez um pequeno coque e suspirou. Só de pensar que nunca mais tomaria um sorvete em sua vida..... Fechou os olhos e sorriu mentalmente enquanto o vento fresco batia em seu rosto brincando com uma mecha de seu cabelo solta do coque. Seu momento de paz foi interrompido por berros ali próximos e ela bufou observando o tumulto de mulheres que formavam uma pequena roda. Resolveu se aproximar para ver o que raios estava acontecendo ali para aquelas vadias gritarem tão alto, tirando seu momento de paz. Abriu passagem entre as outras detentas e se aproximou das duas principais causadoras do tumulto. Uma branquela de cabelos curtos repleta de tatuagens pelo corpo montada em cima de uma outra. Miúda. E Claire riu observando a cena. Com certeza a miúda era nova ali, pela cara, era nova e ia tomar uma bela de uma surra.  – Ótimo, já chega – Claire, indagou entrando no meio da roda, tirando a branquela de cabelos curtos de cima da miúda chorona que agora tinha o lábio sangrando e um grande corte na sobrancelha.  – Qual é Clarkson, não se meta – berrou a branquela tentando avançar novamente para cima da novata que agora estava encolhida atrás de Claire.  – Eu disse chega c*****o – Claire disse entre dentes porém a branquela a ignorou e partiu novamente para cima, de Claire que a parou apertando com uma das mãos seu pescoço – eu falei chega. Eu acabei de sair de um c*****o de uma solitária, e posso voltar pra lá sem nenhum problema – sorriu vitoriosa ao ver a branquela tentar tirar suas mãos do pescoço dela – se meta com a novata de novo e eu arranco sua garganta com minhas unhas – Claire por fim disse e houve silêncio, então deu as costas e andou rumo ao banco, percebeu que novata a seguia, então se virou bruscamente e num golpe rápido levou a garota para o chão, e com um dos pés, pisou levemente no pescoço da garota que arregalou os olhos – escute bem, não é só porque eu te livrei de uma surra que sou sua amiga, eu não tenho amigos, e se você cruzar meu caminho, vai implorar pela morte – disse entre dentes, e outra assentiu, então Claire deu as costas novamente e caminhou novamente para o banco aonde estava deitada. Porém havia alguém sentado ali. Um moreno de terno preto e Claire sentiu calor por ele. Se com aquele macacão cinza já estava derretendo de tanto calor, quem dirá ele, de terno e ainda por cima preto. Aliás, ele se sentou no meu banco? Sim ele se sentou pensou. Mas Claire repreendeu seus pensamentos e suspirou sentando ao lado dele. Foda-se. Pensou. Claire só queria paz naquele momento e um jato de vento fresco. Conversar com o desconhecido ao lado, estava fora de questão, então focou os olhos nas unhas quebradiças e fracas, e permaneceu em silêncio apenas esperando o guarda vir chamar para todas entrarem.  – Você é Claire Clarkson? – o moreno perguntou quebrando o silêncio.  – Sim. E você é? – disse ela sem mostrar muito interesse.  – Sou o Agente especial Logan Blake – Claire o olhou por um instante surpresa, mas rapidamente voltou a encarar as unhas. Ela já devia saber, já que só autoridades podiam entrar naquele inferno.  – E o que faz aqui Agente Blake? – perguntou ela dessa vez se abanando com as próprias mãos.  – Foi muito legal o que fez pela novata – comentou o Agente.  – Todas aqui esquecem que um dia já foram novatas – divagou.  – Mas foi muito deselegante o que fez com a novata em seguida – riu levemente.  – Se ela está aqui, é porquê cometeu crime e é perigosa. Se é perigosa, é porque sabe se defender sozinha, e eu não preciso de ninguém no meu pé a não ser minha sombra – a loira resmungou observando a novata se distanciar dali, para se sentar em um banco isolado.  – Realmente, rostinhos bonitos enganam muita gente não é mesmo Claire? – Claire revirou os olhos para o Agente e bufou perdendo seu único fio de paciência.  – Escuta aqui, eu não saio por ai torturando Deus e o mundo okay, agora vaza do meu banco, você está me tirando a paz – vociferou Claire para Logan Blake que levantou as mãos como rendição e se levantou do banco dando espaço para que Claire pudesse voltar a se deitar.  – Claire, eu tenho uma proposta pra te fazer – Logan disse e ela fechou os olhos suspirando.  – Se está querendo que eu pague um boquete pode se reti... –  – Tenho uma tarefa, e se conseguir cumpri-la com êxito, será livre e sua fixa criminal será esquecida, caso não consiga. Morre – Claire deu os ombros.  – Não estou interessada. Era só isso? – A única coisa que Claire queria agora, era paz. O que não tinha do lado de fora. A garota agora se decidira ficar lá dentro, sem fugir ou arrumar confusões. Queria silêncio e paz. Seja lá de onde o Agente Blake tinha surgido, ou qual tarefa ela teria que cumprir, Claire não estava disposta.  – Claire, eu realmente preciso que me ouça – ela sorriu cheia de luxúria para o moreno que parecia implorar sua atenção.  – Estou te ouvindo Agente Blake, e já disse que não quero – ela deu os ombros.  – O FBI precisa de você, e eu estou aqui, responsável pelo seu consentimento, disposto a dar o que você quiser. Claire, você já parou para pensar que com a perpétua, deveria estar esquecida? Mas olhe só para você, estou aqui, te pedindo um sim, que pode te trazer benefícios, ou não. Mas depois de tudo o que você fez, achei que não teria medo de enfrentar novamente a socieda..  – Não é medo okay, só quero ficar longe de problemas, me comportar bem e se eu tiver sorte, posso até conseguir menos tempo aqui nessa p***a – interrompeu ela – eu não me meto com o FBI nem com autoridades, eu sou perigosa e você devia ficar longe em me manter bem presa aqui dentro – se levantou do banco irritada e caminho para dentro do presídio, aonde os guardas acenavam para que as detentas voltassem para dentro.  – E se eu te disser que com essa proposta, você poderá continuar sendo a Vilã? – Claire parou de andar por um momento e se virou para trás rindo levemente.  – Vilões fazem coisas ruins Agente Blake – comentou ela.  – E quem disse que não poderá fazer? – ele cruzou os braços.  – Da onde você veio? É um demônio e quer fazer um pacto comigo? – ele negou.  – Você é especial Claire. E quando se é especial, não tem como substituir por outra pessoa – o moreno a fitou e ela pela primeira vez notara de quão diferente era a cor de seus olhos cor de mel. E os lábios, e a barba rala por fazer.  – Por acaso você já ouviu falar de mim? Já ouviu falar das coisas horríveis que eu fiz? – ele apenas assentiu.  – É por isso que estou aqui Claire, preciso de pessoas como você para cumprir a tarefa que tenho – explicou ele.  – E o que eu ganho em troca? – ela cruzou os braços.  – Se cumprir a tarefa, será livre e sua fixa criminal será limpa, como eu já havia dito – ela deu os ombros e suspirou.  – Podemos incluir nesse pacote de benefícios um pote grande de sorvete e um kit primeiros socorros para minhas unhas? – ele riu levemente e assentiu – eu preciso pelo menos de uma base e uma lixa –  – É só isso? – perguntou Logan, retirou um pequeno bloco de notas do bolso para anotar os pedidos que Claire havia feito.  – Pensando bem, não seria nada m*l ouvir você gritar por socorro enquanto eu te torturo – ela sorriu malignamente, tocando o rosto do moreno com as pontas das unhas, e em seguida deslizou os dedos sob o pescoço dele – por que a gente não faz um trato Agente Blake? Se eu cumprir sua tarefa, quero minha fixa limpa, minha liberdade e você para torturar – Logan engoliu o seco, porém estava disposto a ir até o fim e para isso, precisava de Claire.  – Feito. Eu sempre tive curiosidade de saber o que de tão especial você faz com suas vitimas – disse convicto – Vou providenciar o que pediu, e nos vemos em breve – anunciou ele dando as costas dali.  – Espera! – segurou o braço do moreno – não vai me esperar? – ele negou.  – Estou indo a uma clínica psiquiátrica, ou você achou que daria conta dessa tarefa sozinha? – Logan divagou e ela engoliu o seco.  – Vai fazer essa proposta para uma louca? – ele gargalhou.  – Ela não é louca, é uma Sociopata – dito isso, Logan Blake deu as costas, e Claire ficou para trás, tentando imaginar em que havia se metido.
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