Capítulo 18 - Noivo

1743 Words
Armin POV Quando vi Vikram se aproximar eu recuei não sabendo como lidar caso ele fizesse o que eu estava pensando. Talvez isso tenha trazido ele de volta para sua órbita normal, já que ele piscou atordoado e apenas me conduziu para fora do quarto com a desculpa de que todos estavam nos esperando. E de fato estavam. Mas o caso alí não era esse, e sim que há algo m*l resolvido entre eu e Vikram. E, sinceramente, não sei se vale tanto a pena descobrir o que é. – Onde vocês estavam? Eu quase tive que socializar! As reclamações de Nikita foram a primeira coisa que ouvimos quando nos achegamos perto dele e de Theo. Rio ajeitando seu quepe de marinheiro, já que segundo ele a fantasia dele era um marinheiro híbrido de gato (como se isso existisse), vendo ele beber algo cor de rosa que cheirava a Tutti Frutti. Que era a mesma bebida que Theo bebeu a noite inteira, diga-se de passagem. Vikram torceu o nariz ao cheirar o líquido do copo e me impediu de pegar um quando o garçom ofereceu. – Hey! Reclamei irritado por ter sido censurado por ele que nem mesmo era da minha família para me dizer ou não o que fazer. – Isso tem álcool! Ele advertiu e eu suspendi minhas sobrancelhas um pouco alarmado. Além de eu ser menor de idade, não era muito forte para bebidas, então mesmo com bastante vontade eu decidi seguir seu conselho silencioso e me manter longe daquilo. De certa forma minha mente estava adormecida pela quantidade de pensamentos e questionamentos que transitavam pela mesma. Por isso não tinha tanto tempo assim para ficar discutindo sobre com qual bebida batizaram o ponche. Coisa que Vikram e Theodore já faziam, apenas permanecendo os dois seres beligerantes que simplesmente não conseguiam se entender de jeito nenhum. Aproveitei aquele momento de semi-solidão para que eu pudesse pensar em tudo o que eu tinha visto agora há pouco. Aquele livro que Vikram possuía em mãos... o que havia nele? O que havia feito ele chorar daquele jeito? Aquilo era algo que certamente me renderia uma boa insônia. O quarto em si também já era um mistério. Era uma porta de ferro com um cadeado, enquanto as outras eram feitas de madeira normal e envernizada como qualquer outra. Mas quando se entra naquele quarto, ele aparentemente é normal. Extremamente estranho. Ao longe, via Victor conversando com algumas pessoas e, como se ele pudesse sentir que eu lhe observava, ele virou seu olhar para mim sorrindo falso mesmo depois do que aconteceu na entrada. Sendo bem sincero, se eu não odiasse Victor Goldberg eu estaria o aplaudindo pela persistência dele. E também pela coragem, porque realmente é muito difícil ver alguém tão incrivelmente insistente no erro. Tentei fazer com que ele parasse de me observar olhando em volta e reparando na casa. Se não houvesse ninguém aqui, eu diria que é uma casa muito grande apenas para os irmãos Goldberg. Contando com Vikram, eram três. Vikram Goldberg, Victor Goldberg e Daniel Goldberg. Bom, pelo menos foi isso que Theo havia me contado ontem a noite no telefonema. Fiquei realmente confuso quando ele me disse que sabia que existia um Vikram na família Goldberg, mas que ele nunca cogitou que o Vikram desaparecido poderia ser o "nosso Vikram". Até porque até onde sabemos, Vikram é o único híbrido de sua família, e por era muito difícil desconfiar de seu disfarce de órfão. Vikram Goldberg... Eu ouvi poucas vezes o nome dele em minha casa, já que só vim participar das conversas dos adultos ano passado. Mas já tinha ouvido o nome dele em algumas das conversas. Não sabia quais, e também não sabia se isso era apenas uma ilusão da minha mente ou se eram realmente lembranças. Era tudo muito confuso. E enquanto tentava me recordar, senti alguém me puxar pelo braço, e erguendo o meu olhar mais insolente possível para o tal, vi que era Arzhel novamente. Então eu não tive nenhuma escolha além de desmontar meu olhar insolente. – Arzzie? O que você está- Antes que eu pudesse terminar minha pergunta ele sorriu para frente e, ao olhar para quem ele estava sorrindo, eu vi o Sr. Goldberg. Sim, o pai de Victor. E consequentemente de Vikram também. Segurei minha risada ao ver que ele estava vestido de fantasma, mas parecia mais um sofá com um lençol em cima. Ah, eu daria de tudo para que Aric estivesse vendo isso! Pensei quase caindo na gargalhada imaginando como Ricky riria desse cara, mas me controlei lembrando que poderia ser facilmente degolado caso o fizesse. – Ah, Sr. Black, jovem Black! Que bom vê-los! Nos saudou aquele velho de voz tão falhada quanto a de papai por fumarem tanto. Nem mesmo fiz questão de sorrir, todos já sabiam que eu estava alí por obrigação. Olhei para trás angustiado e vi que Vikram nos olhava atento nem prestando atenção no que Niki lhe dizia. O híbrido maior logo percebeu também que havia algo errado. Então aproveitei da atenção para pedir ajuda. Me tira daqui... Gesticulei para ele com meus lábios e voltei meu olhar para frente onde tomei um susto ao ver que agora Victor estava ao lado do Sr. Goldberg me encarando feio. – Está gostando da festa, Min? Escutei a voz áspera de Victor perguntar e olhei para meus dedos afirmando sem opções, já que meu irmão ainda me segurava. – Victor, vá mostrar a casa para ele enquanto eu cuido de alguns assuntos com o Sr. Victor, okay? Mostrar a casa de novo... Resmunguei internamente ao que sugeriu Vincent Goldberg e Victor sorriu afirmando e pegando em minha mão contra a minha vontade e me puxando. Isso era realmente só o que me faltava. Não bastava ter que ficar horas enfiado dentro da casa desse maluco respirando o mesmo oxigênio que ele. Agora eu também precisava interagir com ele! Assim que saímos da visão de todos tentei me livrar de sua mão mas seu aperto era muito forte, tanto que já me machucava. – Me solta! Tá doendo! Arfei tentando me livrar dele que apenas apertou mais forte ainda me puxando com um sorriso sádico. – Não. Ele respondeu ainda me puxando não sei para onde, e graças aos céus nem tive a oportunidade de saber, já que fomos interrompidos por uma voz rosnada: – Solta ele, Victor. Escutei a voz de Vikram soar pelo corredor e vi o loiro em minha frente revirar os olhos cansado. Adivinha querido? Você não é o único cansado dessa palhaçada. Mais uma vez pensei sem dizer nada. – Você de novo? Não cansa de se meter em minha vida?! Victor rosna brabo ainda segurando minha mão que doía bastante pelo aperto e Vikram veio até nós e separou nossas mãos a força. Seu semblante não era nada amigável, ele não parecia nenhum pouco intimidado com ele. Na verdade, o híbrido estava bem mais assustador do que Victor. Seus olhos que eram azuis agora estavam de uma cor mesclada ao vermelho, seus caninos protuberantes e suas orelhas enfezadas. – Quando se trata dele? Não. Vikram, pouco interessado no que o irmão podia fazer, cuspiu suas palavras e pegou em minha mão que havia sido machucada com extremada preocupação. – Não se preocupe, está apenas um pouco vermelha. Logo vai passar... Tentei tranquilizar o híbrido com um sorriso, mas também estava nervoso e assustado com a situação e por isso Vikram, que não parecia ter gostado do que seu irmão tinha feito, sibilou para o mesmo. – Fique longe de Armin. Ou nós vamos ter um problema! O moreno ameaçou com os caninos pontudos bem expostos e Victor riu de sobrancelhas arqueadas em surpresa e deboche. – Isso é sério? Não inverta as coisas, Vicky. Armin é meu noivo, não seu! Victor zombou, mas de longe, já que ele certamente não era nenhum suicida para cruzar a linha invisível delimitada pela presença do híbrido. Eu engoli a seco amuado. Pois eu preferia mil vezes que eu o fosse... Pensei, mas logo desfiz esse meu pensamento. Nada disso, Armin! Você é jovem demais para casar, nem com Victor, nem com Vikram, nem com ninguém. Porém, se eu tivesse que me casar, que fosse com alguém decente. E em uma escala de decência, Vikram vem antes de Victor. – Acho que foi você que inverteu as coisas aqui, não acha, Victor?! O mais velho exclamou fazendo o outro se calar com sua frase me deixando mais do que confuso. E fazendo questão de que nós saíssemos dali o mais rápido possível, o híbrido me puxou com cuidado para dentro da casa. Como assim? O que ele havia acabado de falar, significava alguma coisa, não é? Tudo significa algo, e eu estava começando a entender isso. Mas agora se tratava de algo maior. Aquela situação também me envolvia, então por isso parei o híbrido que me puxava. – Que história é essa, Vikram? Questionei quando vi ele parar de andar e se virar para mim, e ele não disse nada, apenas continuou a andar. – Vamos para casa. Vikram disse para os meninos quando chegamos perto da mesa onde eles estavam sentados e todos afirmaram. Era mais do que óbvio que aquela festa tinha acabado para todos. – Me deixe apenas avisar meu irmão que estamos indo... Pedi me desvencilhando deles que não reclamaram. Talvez até estivessem me dando razão por querer garantir que ninguém colocaria a polícia atrás de nós. Em passos rápidos eu cheguei onde meu irmão estava sentado bebericando calmamente sua taça de champanhe. – Arzzie... já estou indo para casa. Disse ao cutucar ele e tirar sua atenção de sua conversa com a família de Victor. Seus olhos sérios se ergueram para me observar e eu uni minhas duas mãos na frente de meu corpo nervoso. – Quem vai te levar? Ele franziu as sobrancelhas com estranheza e eu ri tentando parecer tranquilo (coisa que eu estava longe de estar). – Ah, o Theo e um colega nosso da escola! Tentei o deixar sossegado concernente a isso e percebi que mesmo não parecendo muito contente com aquilo ele não se opôs. – Não demore e não faça besteiras. Disse ele abanando com sua mão e eu apenas sorri e abracei ele na altura de seu pescoço animado. – Obrigada, maninho... você é o melhor! Bajulei ele e vi ele torcer o nariz pouco crente naquela minha declaração.
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