Capítulo 6 - Noivo

2268 Words
Fechando meus olhos e respirando fundo eu olhei para trás sorrindo falso vendo ele com a toalha suada em seu ombro e seus cabelos castanhos estavam colados em sua testa. – Bom dia, Kai. Respondi frustrado e ele ia me responder com alguma daquelas suas babaquices quando trouxe seus olhos para baixo e suspendeu as sobrancelhas bem desenhadas. Ele apontou para minha mão que segurava a de Vikram com firmeza com o objetivo de que ele não escapasse mais e riu. Percebendo que ele ia direcionar suas agressões verbais para o híbrido eu puxei o garoto para ficar mais atrás de mim. – Quem é esse aí? Finn perguntou se aproximando e me tirando da frente de Vikram e os três riram ao ver ele se encolher assustado com a situação e eu sinto meu sangue ferver com a cena. – Olha mas que gracinha... Finn passou o indicador dele pela mandíbula de Vikram e vi as pupilas do híbrido diminuírem e suas orelhas agitaram levemente sua touca. Sua sorte foi que ninguém além de mim percebeu isso. Empurrei a mão do i****a fazendo ele parar de mexer com o menino, mas ele fez uma cara feia não gostando nada. – Armin, eu não sabia que você namorava mulheres! Até mesmo o sempre calado Cesar zombou deixando um soquinho no ombro de Kai que não parecia estar muito feliz com essa história. – Tá sendo trocado por isso aí, campeão?! Finn retomou suas zombarias e Kai veio até nós tentando arrancar minha mão da de Vikram bruscamente. Com isso, empurrei ele puxando o garoto para trás de mim mais uma vez com medo do que eles podiam fazer com ele ou vice versa. – Não mexa com ele, Kai! Você está avisado! Apontei para o rosto dele e ele segurou meu ombro me fazendo ter ânsias. Retiro sua mão de mim e, evitando que mais comentários se formassem, pego a de Vikram nos tirando dali. – Você está bem? Perguntei para ele que afirmou sorrindo sem mostrar seus dentes um tanto quanto em choque, então me senti culpado. Eu sabia que tudo isso estava acontecendo porque ele saiu do porão, mas ele nunca teria se metido em uma confusão como essa se eu não tivesse entrado lá ou trazido ele conosco hoje. – Avisa pra essa coisa, bicho ou sei lá o quê para ele não fazer mais isso que eu sou cardíaco! Theo reclamou com uma mão no peito me cutucando e eu devolvi com um beliscão. – Não fala assim dele, ele pode ficar chateado! Sussurrei e vi que Vikram nos olhava perdido. Mas eu não tive tempo de explicar para ele o que tinha acabado de acontecer ou até mesmo o pedir desculpas pois o sinal tocou estridente. – Ai! Dói! O híbrido gemeu colocando as mãos sobre suas orelhas que estavam sob a touca, já que suas orelhas humanas não eram tão sensíveis. Puxei ele para dentro da sala me despedindo rapidamente de um Theo confuso para abafar um pouco o som do sinal. Ele possuía os olhos marejados pela dor e meu coração doeu ao ver aquela cena. Não sabia que ele era tão sensível assim a sons. Mas também como ele poderia não ser? Ele tinha orelhas de gato! – Da próxima vez nós vamos entrar na sala antes, okay? Me perdoa por fazer você sentir dor... Tentei me redimir e ele negou me abraçando de súbito secando os olhos como se o verdadeiro culpado fosse ele e mais uma vez eu não soube como reagir. – Vikram bem! Armin não preocupa! Sorri entendendo que ele não queria que eu ficasse preocupado. Ele tinha sua fala tão pouco desenvolvida que eu quis entender como ele ficou assim, ou se ele apenas nunca aprendeu a falar com clareza. Em minha mente ainda existiam muitas questões sobre quem era, de onde veio, onde está sua família e porque Vikram é assim. Suspirei exausto. Me dei conta de que o dia apenas acabara de começar e quis apenas me jogar no chão. Esse dia parecia que seria um dos mais longos de minha vida. Força Armin! Você consegue! Ou não... [...] – Senta aqui e fica quietinho! Sinalizei sentando Vikram na carteira da janela que ficava ao lado da minha. Aos poucos os alunos trajados de azul iam entrando na sala e eu torcia para que todos não reparassem no híbrido ao meu lado, e graças a Deus - aparentemente - ninguém percebeu. – Bom dia, professora! Puxei Vikram para se levantar e se curvar junto com todos cumprimentando a professora e ele parecia completamente perdido nas boas maneiras. Abafei meu riso nos sentando mais uma vez. Ele definitivamente era um bichinho do mato. – Bom dia, turma. Disse ela com aquele sorriso polido mas que nós sabíamos bem que era falso. – Hoje eu gostaria que vocês dessem boas vindas para um novo aluno vindo do Canadá... Depois de sua fala, ela chama alguém que estava do lado de fora da sala com a mão e eu jurei que meus olhos não estavam vendo aquilo. Eu provavelmente devo ter jogado pedra na cruz para receber essa onda tão grande de azar em apenas dois dias, pois aquilo alí com certeza era um castigo divino. Era muito azar apenas para uma pessoa. Você pode até estar pensando: Ah, mas nem é tanto! Apenas observe então... – Apresente-se, querido! A professora pede e eu me abano sem saber o que fazer e ele me encarava com seus olhos fixos nos meus não se importando com as pessoas que o observavam. – Olá, meu nome é Victor Goldberg e eu espero que possamos ser bons amigos. O loiro disse sorrindo polido e eu quis me jogar da janela onde Vikram estava apoiado observando curioso os alunos transitarem pelo campus. Deus, pode dizer, o senhor me odeia, não é? Eu não vou ficar ofendido não, pode admitir! – Sejam gentis com ele, e... quem é o representante de turma essa semana? A professora perguntou e eu pensei mais uma vez que o destino só poderia estar de brincadeira comigo. Contrariado, levantei minha mão e vi o sorriso ladino de Victor. Tudo estava extremamente caótico. Eu já havia perdido as contas do que estava errado em minha vida. E tudo isso apenas em um dia e meio. Eu fiquei praticamente órfão, fiquei noivo, conheci uma aberração, ganhei um gato de estimação extremamente chato e grande e ainda por cima a pessoa que eu menos desejo ver está sentado a dois metros quadrados de mim. – Ah, Sr. Black! Depois da aula mostre a escola para o Sr. Goldberg, tudo bem? Ela mandou e eu assenti dando o meu pior sorriso, mas antes que eu pudesse xingar mentalmente pela enésima vez hoje, sinto minha manga ser puxada e olho para Vikram que piscava terno e sorriu para mim. – O que Armin pensando pra fazer cara feia? Ele perguntou inocentemente encostando o indicador em minha testa que estava franzida desfazendo minha "cara feia". Inevitavelmente ri pegando em sua mão e semicerrei meus olhos apontando para Victor que nos encarava de uma maneira não boa. Mas de alguma maneira eu sentia que seu alvo não era apenas eu desta vez. – Naquele homem alí. Apontei com o queixo. – Meu pai quer que eu me case com ele, mas ele é muito mau e eu não quero me casar com ele! Disse para ele que logo fechou a cara franzindo o nariz descontente e encarou Victor sibilando e eu arregalei os olhos tampando sua boca antes que o loiro visse os caninos pontiagudos de Vikram. – Vikram! Não pode ficar fazendo isso! As pessoas vão perceber que você... Eu ia terminar mas ele pareceu não entender do que eu me tratava. Respirei fundo e sorri disfarçando e vendo que as pessoas nos olhavam estranho. Então tirando minha mão de sua boca eu continuei: – ...que você é um menino muito especial e vão querer levar você de mim. Você quer isso? Perguntei me fazendo de desentendido sobre suas diferenças e ele negou veementemente de olhos arregalados. – Vikram ficar com Armin! Ele diz mostrando seu sorriso perfeito e eu sinto meu rosto esquentar mais uma vez. Ao voltar meus olhos para frente vejo que Victor já havia saído dali, mas estava sentado em uma fileira mais próxima de nós me encarando e principalmente encarando Vikram que prestava atenção no que a professora ensinava certamente sem entender nada. Isso não era nada bom, se Victor Goldberg resolvesse abrir o bico, meu pai iria descobrir sobre Vikram e acabar machucando o pobre gatinho que não tem nada a ver com nossas brigas. [...] – Tampe suas orelhas. Disse baixinho olhando para o relógio da sala e Vikram que pintava alguma coisa com minhas canetas coloridas me olhou e fez o que eu disse colocando as mãos acima de sua cabeça. Segundos depois o sinal tocou mais uma vez e ele suspendeu as sobrancelhas com um sorriso grande cruzando seu rosto. – Como Armin sabia?! Mágica?! Ele perguntou eufórico e eu assenti rindo querendo que ele pensasse assim. Bom, minha alegria não durou muito, já que Victor se aproximou da minha mesa não me surpreendendo muito. – Sr. Black? Será que você poderia me mostrar a escola? Ele perguntou obviamente não querendo conhecer a escola, e sim qualquer outra coisa que não fosse isso. Me levantei e levantei Vikram sempre me pondo na frente dele para impedir qualquer ofensa ou agressão de ser dirigida a ele. – Infelizmente não vou poder, pede para alguém por aí, não acho que eles vão se opor. Respondi arisco não me importando com o que ele ia dizer ou fazer puxando Vikram para fora da sala deixando ele alí. Se ele pensa que eu irei ficar coagido com sua presença dentro de minha escola, ele está muito enganado. [...] No intervalo, muitas garotas olhavam para o herdeiro dos Goldberg (vulgo Victor) como se ele fosse um deus grego e eu apenas tentava fazer com que Vikram comesse alguma coisa saudável, mas ele só queria frituras. Acabou que depois de tanto bico e birra eu deixei ele comer o que quisesse e ele saltitou feliz. – Dessa maneira em breve seu noivo será o mais novo m****o do H3. Theo apontou com a boca cheia para onde Victor estava sentado com aquelas garotas. Bom, na verdade elas que estavam sentadas com ele, já que ele não parecia muito afim de toda aquela atenção. – Só passando pelo cadáver de Kai. Ele nunca aceitaria alguém mais bonito que ele no trio. Apontei sincero enquanto mordia meu sanduíche e Theo riu com minha declaração. – Quer dizer que agora ele é bonito, hein?! Diz logo, Armin! Você tá doidinho para usar o sobrenome Goldberg! Ele riu alto e eu quase me engasguei reclamando, mas fomos interrompidos por Vikram que se balançava esquisito. – Armin, Vikram quer fazer xixi! Ele disse após me cutucar e suas bochechas coraram quando eu ri da dancinha que ele estava fazendo por estar apertado. – O banheiro dos meninos é ali. Apontei para a porta do outro lado do refeitório enorme e ele apenas continuou em sua dancinha. – ...não fale com ninguém estranho, apenas faça xixi, lave as mãos e volte, okay?! O instrui meio preocupado por ele ter que ir sem mim, mas antes que eu sugerisse que Theodore fosse com ele, ele assentiu correndo rapidamente para lá me fazendo rir novamente. Theo que estava em minha frente abanou a cabeça. – Você sabe que não pode se apegar a ele, né? Ele disse enquanto voltava a ler alguma coisa em um livro e eu bufei dando uma mordida em meu sanduíche. – Claro que não. Fique tranquilo isso é só até eu achar um lugar para ele! Disse despreocupadamente com esse quesito e mais preocupado com outra coisa. – Mas agora larga isso aí e trate de ir atrás dele! Apontei vendo ele fazer corpo mole e continuar lendo seu livro. – Ele vai ficar bem, é só um banheiro! Ele garantiu abanando uma de suas mãos voltando seus olhos para o livro. Narradora POV Entrando apressado no banheiro, Vikram abriu sua braguilha para se aliviar, mas nesse gesto ele acabou deixando sua cauda escapar da calça. Como não havia ninguém ali, ele não ligou muito era apenas colocar de volta antes de sair. E quando ele já estava fechando sua calça ele foi interrompido por uma voz por trás dele. – Achei que você tinha morrido, criatura asquerosa. Ao escutar aquilo uma dor escruciante atingiu o híbrido que tinha seu r**o sendo pisado pelo loiro que arrancou a touca de Vikram libertando suas orelhas. – O que você está fazendo, hein? Acha que pode ser um ser humano normal? Victor riu rouco torcendo uma das orelhinhas rosadas de Vikram que gritou de dor com lágrimas caindo de seus olhos. – Você nunca vai ser como nós! Você é uma aberração, Vikram. Aceite isto. Ele tirou o pé de cima da cauda do híbrido que abraçou a mesma já caído no chão chorando com seu rosto encostado no mesmo. Suas mãos se sujaram de sangue que minava do machudado feito em sua cauda. Chutando o abdômen dele repetidas vezes sem piedade Victor riu da maneira miserável que o outro se encontrava. – Não se meta com o meu noivo! Isto é um aviso. O loiro disse por fim pisando no rosto de Vikram prensando ele contra o chão até o mesmo gritar desesperado pela dor e o abandonou ali caído e com dor.
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