Vários "nãos"

1222 Words
GABI — Me conta tudo. — Celly sentou no sofá eufórica. — Que contar tudo o quê? Eu não tenho nada pra contar. — Teve um encontrinho foi? — me olhou maldosa. — Não. Eu tava trabalhando. Foi coincidência encontrar com ele. — Eita coincidência boa... — continuou maldosa. Eu segurei o sorriso. Não posso me iludir por ele. De jeito nenhum. Eu nem devia ter deixado ele me beijar. — Não vai rolar nada com ele. Eu não quero. Ele é traficante e eu não me envolvo com gente desse tipo. — Pois sinto avisar: você já se envolveu. *** Depois que a Celly foi embora eu tomei um banho, jantei e deitei. Tentei assistir, mas eu tava muito cansada então desliguei a TV logo logo. Fechei os olhos e tentei dormir. O momento em que o Felipe me beijou no carro veio como um flashback super real, eu até conseguia sentir seus lábios. Merda. Eu tenho que esclarecer as coisas com esse cara e pedir pra ele se afastar de mim. Pra não me procurar. Meu celular vibrou e vi uma mensagem dele chegando. Queria tá te beijando agora. Felipe... É melhor esquecer o que rolou no carro. Porquê? Porque não dá. Isso não é motivo. Não dá. Nós somos de mundos diferentes e eu não posso me envolver com você. Me entende por favor. Você sabe que não vou desistir de você né? Felipe... Por favor. Não me procura mais. Ele não respondeu mais nada. E se ele aparecer aqui? Se ele vier atrás de mim? Ele se ele me ameaçar? Agora eu tô com medo. FELIPE Justamente quando eu tava conversando com a Gabriela, a Raniely chegou e colocou a cara encima do celular. — Quem é a p*****a?! — p*****a seu cu. Se tu fosse p*****a que nem essa aqui você era gente Raniely. — levantei do sofá guardando o celular. Porra enxerida! — Quer dizer que você já tá de papo com mais uma? JÁ NÃO BASTA TANTAS OUTRAS QUE VOCÊ JÁ TEM FELIPE!!! — gritou comigo. — Eu não tenho mais ninguém além de você p***a! E NÃO GRITA COMIGO, NÃO ELEVA A VOZ SENÃO EU TE QUEBRO TODA! — encostei nela com meu sangue fervendo. Odeio mulher que me desafia. — EU FALO DO JEITO QUE EU QUISER, VOCÊ TÁ ME TRAINDO!!! EU VOU CONTAR PRO MEU PAI!!! Apertei o pescoço dela e a joguei no sofá, acertei um tapa em cheio na cara dela. — Você não vai falar nada! Nada tá entendendo? Ou você apanha. — apertei seu rosto e depois acertei outro tapa nela. Raniely desperta toda a minha raiva com seu ciúme de merda. — Eu tenho é pena dessa garota. Você é um doido psicopata. Não tem condições de fazer nenhuma mulher feliz. Maldita hora que eu resolvi namorar com você. — ela levantou e saiu da minha casa. Foda-se. Eu não ligo pro que ela diz. Eu posso fazer o que eu quiser e se a mulher não tá feliz eu ensino ela a ser. Foda-se. Posso ficar com quem eu quiser. [...] Não mexi mais no meu celular, também não procurei Raniely nem voltei pra boca, fui dormir, minha perna tava doendo. Acordei bem cedo no outro dia e tomei café antes de sair. Não vi minha irmã antes. Apareci na boca e fiquei resolvendo as coisas por lá até o meio dia. Depois disso voltei pra casa pra almoçar. Dessa vez minha irmã tava em casa. Tava almoçando e com uma cara feliz. — Onde você dormiu ontem? — Não importa. — Na casa do Matheus? — Não importa, Felipe... — Foi na casa do Matheus. — tive certeza. — Porque ele anda sumido? Fala pra ele aparecer. — Porque ele tá com medo depois do que você fez com o Davi. — Com medo que eu mate ele? — ri. — Com medo que alguém mate você e a todo seu bando. Que i****a. — Ninguém tá doido de tentar isso. — Porque? Porque se te matarem você vai matar todo mundo? — É. — Você é tão burro... A explicação fazia sentido pra mim. — Ninguém vai tentar isso. Para de negatividade. Eu tenho muita gente trabalhando pra mim e eu sei de tudo. — Você não sabe de nada. Você nem sabe se esses caras que trabalham pra você são confiáveis. Você confiava no Davi e ele te traiu então... Minha irmã é bem pessimista. Mas tem umas horas que ela tem razão. Por isso fiquei calado com o que ela falou. Acho que vou ficar mais esperto com esses caras. *** De noite tomei um banho e fui ao hospital. Esperei a doutora sair e quando ela apareceu na calçada eu abri um sorriso. A garota é bonita demais. Cê é doido!!! Eu quero muito ela. Ela não percebeu que eu tava esperando, então buzinei. Ela não olhou. Tava caminhando rápido. Eu buzinei de novo e abaixei o vidro. — Doutora Gabriela? Ela continuou sem me olhar. Será que ela tava falando sério naquelas mensagens... Liguei o carro e fui acompanhando ela devagarinho. — Tá me editando Gabi? — Felipe. — ela parou e virou pra mim irritada. — Eu te falei, não me procura. Charminho. — Para com isso Gabi. Não pode se divertir um pouco? Sei lá. Eu afim mesmo de ficar com você. — Não posso. Você mexe com essas coisas perigosas... Não gosto disso. É errado. — ela voltou a andar e eu voltei a acompanhar ela devagarinho. Ata. Me poupa. — Não mistura as coisas. Não vou fazer nada de m*l a você ou deixar alguém fazer isso. Eu só quero ficar com você. — Não posso confiar. Não quero problemas. — Mas você admite que quer ficar comigo. Me dá uma chance. Ela ficou pensativa. — Não. — Se você não gostar eu não te procuro mais. — Não... — Sério Gabi. Eu quero ficar com você. Poxa, você é a garota mais sensata, e inteligente, e gentil, e linda que eu já conheci... Quem sabe eu não mudo? Ela balançava a cabeça negando. Então eu desci do carro e mancando corri até ela. — Você não pode correr. Tá com a perna em recuperação. — Tá vendo? Tô fazendo isso por você. E você nem me dá uma chance caramba... Ela parou e revirou os olhos. — Eu já fui muito machucada por outras pessoas e não queria quebrar a cara outra vez, então por favor, não me decepciona. — pediu me encarando. Eu cheguei até ela e esqueci a dor dando lugar a um sorriso. — Prometo. — a puxei pela cintura e a beijei. Ía ser algo curto, mas não tem como resistir a essa boca gostosa. Então minha língua pediu espaço e logo a gente tava num longo e delicioso beijo. Só paramos pra respirar. Ela tava toda sem jeito. — Normalmente as pessoas saem antes dos primeiros beijos. Pra se conhecer. — O tempo no hospital não bastou pra me conhecer? — soltei sua cintura e segurei sua mão andando de volta pro meu carro. — Um pouco. — Eu sou a melhor pessoa que você poderia conhecer. Acredite. Pra outros caras eu sou a pior que eles podiam conhecer, mas enfim, tudo depende do ponto de vista e da situação.
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