Uma carona

745 Words
GABI Ele apareceu. Eu não sei se tenho medo, se fico contente. Eu deveria parecer contente? Porque eu tô com uma cara de assustada daquelas. Ele deve ser bem bandidão pra conseguir comprar um carrão desses. E esse sorriso safado... — Quer uma carona? Não a sua... — Não, obrigada, eu vou andando. — Ah, para Doutora. Eu sei que cê tem medo de ir sozinha. Não vou te sequestrar não, apesar que eu queria... — riu no fim da frase. — As vezes você me assusta. — ri sem graça. Eu não queria que ele soubesse onde moro. — Você quer que eu saia pra abrir a porta pra você? — ele colocou a mão na maçaneta. Merda. Vou aceitar. — Não precisa. — andei pro outro lado do carro e entrei. Ele tava com um sorriso vencedor. O carro é mais chique ainda dentro. Imagina o tanto de droga que ele deve ter vendido pra comprar um carrão desses? Só que tem cheiro de cigarro e flores. — Cê não respondeu se ía sair comigo... — Eu tava um pouco ocupada. — coloquei o cinto tentando não ficar tão constrangida com o jeito predador que ele me olha. — Sei... Por isso eu vim aqui. — ele começou a dirigir. Fiquei olhando pra frente me perguntando porque aceitei entrar no carro dele. — Relaxa Doutora. Tá tão na cara assim? — Pode me chamar de Gabriela. Eu não sou mais a sua fisioterapeuta, então... — Gabi? Aí já é íntimo. — Gabriela. — corrigi dando um rápido e tímido sorriso. — Vai dizendo onde fica sua casa. — Vira essa esquerda, depois de uns 5 quarteirões vira a direita e segue direto. — Um pouco longe pra quem sai sozinha de noite, né? — Aham... E eu tenho tanto medo que nem celular trago. Só o celular do roubo, que presta pra enviar sms. — Se quiser eu te levo de vez em quando. — Não precisa. Aliás, você nem devia tá dirigindo. Sua perna não tá boa. Só tem um mês que você fez a cirurgia. — Dói, mas eu tô bem. — ele falou sem se importar. — Você devia tá de repouso. — Eu tava, mas precisei resolver umas coisas e olha! A perna tava prestando, então tô andando até agora. — Não pode fazer isso. — ri de agonia. Que paciente teimoso. — Você podia voltar a ser minha fisioterapia pra eu ficar bom logo... — me encarou pretensioso. — Fisioterapeuta. E, eu só trabalho no hospital. Mas posso te indicar outras fisioterapeutas que tem clínica e até que atende na casa do paciente. — Não. Eu só quero se for você. Fiquei até sem ar depois dessa e ele sorriu pra mim. Chegamos na frente da minha casa e eu pedi pra parar. — Chegamos. — falei ainda sem jeito depois da última dele. — Tava tão bom o passeio. — ele lamentou depois de desligar o carro. Eu não pude esconder a cara que fico quando ele fala desse jeito comigo. Não sou muito paquerada por gente tão direta. Escondi meus rosto. — Você me deixa sem jeito quando fala essas coisas. — Quer ver eu te deixar sem palavras? — ele puxou minhas mãos do meu rosto e segurou meu queixo, sem apertar e começou a me beijar. Na BOCA!!! Eu queria ter tido a reação de empurrar ele, mas o jeito que ele me beijou me deixou sem ação. Ele tirou o cinto de segurança de mim e me puxou pra mais perto dele ainda me beijando. Me envolvi tanto que não conseguia pedir pra parar. — Gabi? Voltei a mim e parei o beijo, olhei pra janela e vi a Celly tentando ver através do vidro de cima da calçada. — Minha amiga. — escondi meu rosto com vergonha. — Ela não tá te vendo. É fumê. — ele falou com a boca vermelhinha. Eu nem tinha olhado pra boca dele antes, mas agora que rolou isso, eu não consigo não perceber o quanto ela é atraente... Não sou boa com palavras. É isso. — Eu tenho que ir. — segurei minha bolsa e a maçaneta de dentro do carro. — Espera. — ele me puxou de novo e me deu um beijo mais curto. — Amanhã cê vai trabalhar? Fiquei foi sem reação pra responder. — Não sei. — saí do carro atordoada, fechei a porta e ele buzinou e foi embora.
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