Ricky admitiu que Manu é gostosa

981 Words
Por Manu Sábado 18:34PM Os dias se passaram e eu continuo sequestrada. É um saco morar nesse morro. O povo ouve música no último volume e é uma gritaria daquelas quando tem briga. Comecei a tratar a mãe do rei do morro e nesses dias, ela tá respondendo bem ao tratamento, apesar do pouco tempo. Estou otimista, não vou mentir. Por isso que vou me especializar nessa área, porque me doo por completo pra salvar meus pacientes. Enquanto isso, enquanto tento ser a heroína, a irmã do rei do morro quer me convencer a ir num maldito baile funk. — Qual é Manu? Você vai ficar presa nessa casa, sozinha? Vamo se divertir com a gente. — ela não economizava no teatro. — Eu não quero que se sinta presa nesse lugar. Não sei se quero ir numa festa dessas, eu tenho um medo de ter briga e rolar tiro. — Não tô com vontade. Minhas unhas estão horríveis, meu cabelo tá uma merda e eu nem tenho um sapato decente. Aliás, que tipo de sapato usam nesse tipo de festa? — usei meu arsenal de pequenos defeitos que impedem de uma mulher ir numa festa. — Bobagem. Você é toda bonitona. Aposto que se você for com uma roupa suja de graxa e descalça ainda arranja mais homens do que eu usando uma maquiagem transformadora. — levantou do sofá e digitando no celular. Já corei com o elogio. — Beta, se valoriza mulher! Você pode ter quem você quiser. Não fica colocando na cabeça que o que aparecer é o melhor pra você. Aposto que deve ter uns gatinhos nessa festa.  — Tem. E como tem. Mas eles sempre ficam com as meninas tipo a Sandrinha. — voltou a atenção pra mim e logo depois voltou pro celular. — Pois eles tem um péssimo gosto. — admiti. Isso inclui o irmão dela. Ela guardou o celular no bolso e sentou no sofá a minha frente  — Vamos, aí você me ensina uns truques. — me cutucou sorrindo. — E aquele cara, que eu vi vocês... Se beijando...? — sorri com pretensão. Ela ruborizou instantaneamente. Será possível que ela não percebeu que eu vi. — Ah, só um peguete, nada demais. Eu não tô afim dele. — sua cara ao contar isso confirmou sua repulsa. — Ok. — assenti acreditando na sua firmeza. — Olha Manu. — ela segurou minhas mãos e me encarou com os olhos castanho escuro ofuscado pelo quilo de lápis que ela tá usando. — Eu tenho poucas amigas. As meninas daqui são um pouco complicadas pra manter amizade. E você chegou a poucos dias e já te considero mais do que qualquer outra. — contou com uma voz de ternura. Um sorriso gigante ocupou meu rosto de um jeito que fazia tempo que eu não dava. — Beta... Desse jeito você me convence. — ri. — Sem pressão pra festa. Só falando verdades. — ela soltou minha mão sorrindo e levantou. — Eu vou terminar de me arrumar antes que minha maquiagem derreta. Eu poderia ir. Só pra distrair. Não deve ser tão perigoso. Levantei do sofá suspirando na esperança de não me arrepender. — Você promete que não é perigoso? Ela olhou por cima do ombro na minha direção e abriu um sorriso grande. — Pode ficar tranquila. Tá esquecida de quem é o meu irmão? — Quem dera esquecesse. — lamentei e ela riu. — Vou me arrumar e você passa aqui pra gente ir juntas, combinado? — Combinado. — ela saiu da casa sorridente. [...] Vesti uma calça jeans rasgada e uma camiseta preta do Gun's and Rose's que cortei um pouco no tamanho e abri a bola. Ficou um cropped bem arrumadinho. Minha sandália que usei quando saí do hospital, minha nécessaire de maquiagens estava na minha bolsa, então pude arrumar meu rosto do jeito que gosto. Soltei meus cabelos e passei o meu perfume. Também botei uma pulseira e brincos que estavam na bolsa. Até que pra alguém que se virou com o que tinha, eu fiquei bem gata! — c*****o, cê tá gostosa — a voz admirada do Rick chegou nos meus ouvidos. Olhei através do espelho e o vi me encarando como um predador encara a presa no animal planet. Eu sou afrontosa pra muita coisa e sei lidar com maioria dos tipos de gente, mas elogios me derrubam. Eu não sei como reagir quando recebo um elogio e geralmente me aparece uma gagueira aguda que me deixa falando toda atrapalhada. — De devo agradecer? — minhas bochechas estão coradas. Se receber um elogio já me deixa toda atrapalhada, pior vindo de um pedaço de cafajeste desse.  — Ficou nervosa Doutora? — ele se aproximou de mim sorrindo e ficou bem atrás de mim, me encarando pelo reflexo do espelho. Pronto, piorou tudo. — Na não. — tentei me recompor. — É porque te elogiei? Então você tem um ponto fraco. — concluiu pretensioso e meu rosto queimou mais ainda, então desviei meus olhos pros meus pés. Parece que minhas pernas faltaram. — Que bom. — sorriu e puxou meus cabelos de cima do ombro. — Pois você tá muito gostosa mesmo. — sussurrou no meu ouvido e eu tomei um susto e me arrepiei como quem tivesse ouvido um tiro. Me sinto muito retardada por enfraquecer por uma bobagem dessas, mas cada um com sua fraqueza... — Que bom. — me recompus saindo de perto dele. — Tomara que tenha muita gente pra apreciar isso. — Você vai pro baile? — ele olhou pra mim estranhando. — É o que parece, não? — sorri erguendo as sobrancelhas com um tom de deboche. Ele me olhou de cima a baixo com as mãos no quadril e assentiu conformado. — Tá. Mas fique num lugar onde eu possa te ver. — ordenou entrando no banheiro. Era só o que faltava.
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