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920 Words
Jerrane Tinha acabado de escurecer dor terrível tomou conta de mim. Era como se tudo estivesse desmoronando mais uma vez. Senti o sangue descendo e o desespero tomou conta do meu corpo. Tentei manter a calma, mas a dor era forte demais. Acordei o Barão, que dormia ao meu lado. Jerrane: — Barão… eu tô sangrando de novo… a dor… não tô aguentando. Ele me olhou, visivelmente preocupado, e num impulso levantou-se, me pegando nos braços. Barão: — Fica calma, Jerrane. A gente vai pro hospital agora. Acelerando pelas ruas, ele me segurava firme enquanto tentava não demonstrar o quanto estava nervoso. Chegamos ao hospital, e logo fui levada para uma sala de exames. Barão ficou do lado de fora, andando de um lado para o outro. Eu conseguia sentir a ansiedade dele, mesmo sem vê-lo. Minutos depois, uma médica entrou na sala. Ela se aproximou e segurou minha mão, me olhando com um ar de preocupação. Médica: — Jerrane, precisamos conversar sobre o que encontramos nos exames. Você está bem para ouvir? Tentei controlar meu coração, que estava a mil. Era um daqueles momentos em que você sabe que nada mais seria o mesmo, mas mesmo assim eu precisava saber. Jerrane: — Fala, doutora. Eu preciso saber o que tá acontecendo comigo. Ela respirou fundo antes de continuar. Médica: — O sangramento é um sintoma de algo mais sério. Os exames indicam a presença de um tumor no seu útero. Ainda precisamos investigar melhor, mas há uma suspeita de câncer. A palavra "câncer" soou como um tiro. Meus olhos se encheram de lágrimas, e o mundo parecia girar. Eu queria gritar, queria acordar daquele pesadelo. Quando consegui controlar um pouco do desespero, chamei o Barão para dentro da sala. Ele entrou rápido, a expressão no rosto já antecipando o pior. Barão: — O que tá pegando, Jerrane? O que foi que a médica disse? Engoli em seco, tentando organizar as palavras, mas elas saíram fracas, como se eu mesma não conseguisse acreditar. Jerrane: — Barão… a médica acha que… que eu tô com câncer. Ele ficou parado, processando. Seus olhos, que normalmente demonstravam força, agora estavam cheios de surpresa e, de repente, sua expressão mudou. Ele desviou o olhar, respirando fundo. Barão: — Câncer? E… o que isso quer dizer? Que você… que talvez você não possa mais ter filhos? Meu coração despedaçou com a reação dele. Ele nem sequer perguntou como eu estava, se eu precisava de apoio ou como enfrentaríamos essa luta. A primeira coisa que ele pensou foi na possibilidade de eu não poder mais engravidar. Era como se minha vida, minha saúde, fossem secundárias. Jerrane: — Talvez… talvez eu não possa. A médica disse que pode ser preciso… tirar o útero. Ele fechou os olhos, a raiva e a frustração estampadas em seu rosto. Barão: — Você tá me dizendo que o sonho da minha vida, de ser pai, de ter uma família… tudo isso acabou? A frieza em suas palavras me atravessou como uma faca. Eu estava ali, devastada, tentando processar a possibilidade de uma doença tão grave, e ele só pensava em seu próprio desejo de ser pai. As lágrimas escorriam pelo meu rosto, mas ele parecia distante, pensando apenas no que essa situação significava para ele. Jerrane: — Barão, eu tô com câncer! Eu preciso de você, preciso que você fique do meu lado agora. Isso não é sobre ter filhos, é sobre a minha vida! Ele passou as mãos pelo rosto, claramente irritado. Barão: — Eu sei que isso é sério, mas eu… eu sempre quis ser pai, Jerrane. A gente tava tão perto, e agora… agora você me diz que talvez nunca mais possa me dar isso? As palavras dele me atingiam como um soco. Era como se ele estivesse me culpando por algo que estava fora do meu controle, algo que já era doloroso o suficiente para mim. O silêncio entre nós era pesado, cheio de mágoa e decepção. Eu jamais imaginei que ele reagiria assim. Jerrane: — Então é isso? Tudo que importa pra você é o sonho de ser pai? E eu? E o que eu tô passando? Ele desviou o olhar, como se não quisesse encarar o peso das minhas palavras. Barão: — Você não entende… eu sempre sonhei com isso, e agora tudo foi por água abaixo. Eu… eu preciso pensar. Sem mais uma palavra, ele saiu da sala, me deixando sozinha com meu desespero e minha dor. Eu me sentia como se estivesse desmoronando por dentro. A pessoa que eu amava, que prometeu estar ao meu lado nos momentos difíceis, agora me deixava sozinha para lidar com algo tão devastador. A médica voltou mais tarde para me explicar o próximo passo do tratamento, mas eu m*l conseguia ouvir. Minha mente estava em outro lugar, tentando aceitar que, além de enfrentar uma doença, talvez eu tivesse que enfrentar isso sozinha. Os dias seguintes foram de puro sofrimento. Barão se afastou, aparecia cada vez menos no hospital, e quando vinha, nosso diálogo era distante. A cada dia que passava, ele se mostrava mais frio e preocupado apenas com seus próprios desejos e sonhos. Essa foi a primeira vez que percebi o quanto eu estava sozinha nessa luta. Meu corpo estava enfrentando a maior batalha de todas, mas meu coração… meu coração estava devastado, não apenas pela doença, mas pela decepção de descobrir que a pessoa que eu amava não estaria ao meu lado da forma que eu imaginava. Ainda assim, eu sabia que tinha que continuar.
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