4ª part

1649 Words
  47... A ação tomada por mim era algo novo para o meu currículo. Nunca havia me submetido a prisão para alcançar o êxito de uma missão, mas dessa vez eu me vi obrigada a fazer tal sacrifício, pois a p******o obtida, apesar de não aparentar grande qualificação para o trabalho, parecia saber como agir. Se não fosse a minha enorme frustração pela demora que este trabalho está assumindo para si, com certeza teria tirado um breve momento para me atualizar um pouco mais sobre quem era essa pessoa intrometida, e qual a sua intenção ao retardar aquilo que havia se tornado eminente no momento em que a responsabilidade recaiu sobre os meus ombros. Quando enfim havia conseguido toda a atenção que precisa, não pensei em resistir a colocação das algemas. Afinal, estar ali era algo decidido por mim. Do contrário, nem mesmo se quisessem conseguiriam me alcançar em algum momento de suas vidas. Para o mundo, a visão passada por mim era a de um fantasma, nada mais importava, nada mais fazia tanto sentido. Não se era possível alcançar aquilo que não existe, e esse era o meu conceito para tudo. No momento, eu me encontrava presa em uma sala de interrogatório protegida por um espelho blindado algemada a mesa, deixando toda uma visão para quem quer que estivesse do lado de fora, mas não podendo nos esquecer dos soldados armados responsáveis por guardar a porta. Era uma boa platéia. Estava certa de que a serenidade e falta de preocupação em minha expressão os intrigava, mas não era algo que importava. O requisito era ser posta para dentro, e uma vez que o objetivo foi alcançado, bastava apenas fazer toda uma varredura em busca do que vim me apossar aqui. Dessa forma, não dei muita atenção para o agente que se colocou a minha frente sob a posse de uma das armas mais bem cuidada de todo o país. O divertimento em seu rosto não me incomodava, tão pouco a irritação que se faria presente em pouco tempo. – Qual o seu nome? — era uma pergunta esperada, e a resposta estava na ponta da língua. – 47. – Esse não pode ser o seu nome, é apenas um número — riu mediante ao próprio comentário, mas não me afetava – Nos diga o seu nome de verdade. – 47 — poderiam refazer essa pergunta pelo resto de suas vidas, a minha resposta não iria mudar. Seria sempre a mesma. – Tudo bem então — comentou checando todas as travas e até a mesmo a sensibilidade do gatilho daquilo que era visto como uma espécie de brinquedo em mãos erradas, mas não me importava, já sabia muito bem o que fazer — Rifle Sniper semi-automático AS-50, calibre .50 ajustado para pouco mais de quinhentos metros. A sensibilidade de uma mina em seu meio de disparo aumenta a sua eficiência consideravelmente, e ainda temos a munição em aço puro, o que permite uma perfuração perfeita sob quase qualquer material existente neste país — seu sorriso era debochado, já havia visto algo parecido em muitos alvos antes de estarem perto da morte. Sabia bem como o interpretar — Não acha que é muito poder de fogo para uma moça tão bela como você?  – Isso não chega nem perto daquilo que realmente posso obter — não significando nada para os feitos, simplesmente joguei aquela que era a minha única verdade. – Por acaso está brincando comigo? — a questão partiu junto a sua ação em colocar diretamente na agulha, a única bala presente entre nós. Tudo o que era esperado por mim — O seu nome, precisamos dele — novamente essa mesma questão? Seriam burros, ou estavam apenas se forçando a isto? Não pode ser possível que seja isso o que a nação tenha a oferecer — Alguém sem um nome formal na posse de um poder de fogo que não lhe cabe, é considerado um terrorista de auto nível, ou seja, não precisa sair daqui, já que ninguém sentirá a sua falta — finalizou ao engatilhar a arma já se colocando de pé a apontando para mim sem nem mesmo pensar. Poderia estar tentando me assustar, talvez imaginando que dessa forma eu fosse lhe ceder aquilo que buscava, mas não foi o que aconteceu. Precisava seguir em frente com aquilo que me colocou nesse lugar. – Isso, definitivamente é uma fato verídico. Não sou ninguém importante, então não tenho entes queridos para sentirem a minha ausência. No entanto.. — deixei vago por um momento, ao elevar ambas as mãos em uma precisa ação para retomar aquilo que me pertencia, pois o que é meu, ninguém mais tem o direito de usufruir. E com esse meu ato, o disparo aconteceu atingindo aquele que era o meu alvo desde o início. As algemas em minhas mãos. Estando livre daquilo que ainda me mantinha sob limitação, deixei o rifle sobre a mesa para que pudesse cuidar da inesperada situação que vinha surgindo ao meu redor, uma vez que pelo menos uma dezena de soldados haviam se colocado em meu caminho. Não deviam estar aqui, não deviam tentar me atrasar dessa forma, os resultados poderiam ser catastróficos para o lado de cada um deles. Desde criança, fui treinada para seguir ordens, para m***r qualquer um que se colocasse entre mim e o objetivo final da missão que me foi passada. Por essa índole, eu jamais fracassei. Por ela, eu ocupo um posto que faz o meu nome ser temido por muitas agências governamentais por aí. 47, alguém considerado implacável em suas ações. Mas hoje eu faria tudo com um pouco de diferença. Não precisava ser caçada pela embaixada alemã, muito menos por seus aliados, e apenas por esse motivo em questão, escolhi os neutralizar sem tirar as suas vidas. Seria algo simples, porém não tão simples quanto romper sua jugular ou simplesmente efetuar um único e precisa disparo, mas não havia porque complicar o que se era considerado fácil. – Me deixar ser presa era algo necessário para alcançar um objetivo, agora aceitar que me matem? — a questão partiu diretamente para aquele que fez toda a análise sobre o meu rifle, o responsável pela tentativa de interrogatório até aqui, o primeiro a cair com sua perna esquerda e nariz quebrados — Isso não se encontra dentro dos planos. – Quem é você? – Eu já disse. 47 — com isso, me limitei a dar as costas e seguir até algum ponto vantajoso para mim. O foco inicial, era me libertar por conta própria e fazer uma busca pelo prédio. Porém, não precisava ser um gênio para saber que com o som do alarme quando invadiram a sala onde me mantinham, uma fuga devia ter acontecido de alguma maneira. Afinal, assim como eu, aquela mulher também devia ser uma agente. Sendo assim, a primeira ação escolhida por mim, foi me fazer presente na sala de operações do lugar, onde ocorria todo o monitoramento das câmeras espalhadas por cada canto deste prédio, não esquecendo de mencionar aquelas que protegiam a entrada em exatos, dois quarteirões de ambas as direções possíveis. Tendo deixado no chão aqueles que me enfrentaram durante o caminho traçado, não obtive mais problemas ao passar pela porta da sala. Com o rifle nas costas e uma Glock G25 de calibre .380 em ambas as mãos, era compreensível que aqueles ali presentes optassem por apenas me ceder aquilo que era do meu completo interesse.  – A jovem de cabelos escuros, para onde ela foi? — não iria precisar repetir a pergunta. Todos sabiam de quem eu estava falando, então rapidamente traçaram uma linha automática para acompanhar os movimentos dela em meio às câmeras me dando a noção perfeita do que fazer — Agradeço pela colaboração de todos — deixei as palavras no ar ao descarregar ambos os pentes sobre todo o equipamento, pois assim iria evitar que tivessem alguma imagem minha nas mãos. Pelas câmeras, elas estavam próximas a saída, e me colocando no lugar daquela mulher, sabia muito bem qual sentido seria o escolhido. E ela estava certa, era o mais prático no momento, aquele que possuía uma constante de movimento irritante. Se fosse a minha decisão, não seria fácil manter uma perseguição por aquela rota, mas não era esse o caso estabelecido aqui. A intenção gerada quando se entregou aos agentes da embaixada estava óbvia para mim. Tempo e distração, era esse o seu objetivo. Em nenhum momento realmente cogitou a ideia de estarem em segurança dentro daquele prédio. Isso ficou ainda mais visível pelo fato de a mesma estar a todo momento desde que passou pela checagem básica, buscando formas de se livrar de suas limitações, criando estratégias ao estudar cada corredor pelo qual passaram. Devo admitir que suas escolhas não eram ruins, assim como suas táticas também eram boas. No entanto, era eu a sua rival nesse jogo mortal, e perder não era uma opção. Por isso, já me encontrava em preparação para o que seria feito. Ao deixar o prédio pela porta da frente, voltei ao carro que não estava muito distante dali, e pegando alguns atalhos já conhecidos por mim, busquei me posicionar no ponto que me dava a perfeita visão da rodovia escolhida. Com o rifle em posição e ajustado para a distância estabelecida levando em conta todas as diferenciais possíveis, só me bastava olhar para o relógio e contar os poucos minutos que levariam para já estarem atravessando justamente aquele ponto visualizado pela luneta da arma sob o meu poder. O prédio escolhido era perfeito, distante e com alicerces capazes de me manter fora de visão durante cinco ou mais disparos facilmente, mesmo que não fosse o caso nessa situação. Quando enfim as tive sob observação, fui rápida ao colocar a garota sob minha mira. Então em uma reprise de segundos, ao ter absoluta certeza de que não erraria, simplesmente apertei o gatilho.
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