Thais Narrando Acordei cedo, como sempre. Aqui não tem luxo, mas tem paz. Pelo menos, mais paz do que eu já tive na vida. Ajudar dona Vânia virou parte da minha rotina. Comecei pegando umas agulhas, cortar linhas, a dar uns pontos, mas a verdade é que eu ainda sou bem desajeitada com costura profissional. Faço pouca coisa, bem pouca. Então compenso de outras formas: limpo a casa, varro os cantos, lavo a louça, ajeito tudo. Também cozinho de vez em quando, porque não consigo ficar sem fazer nada. É como se o silêncio me pesasse. Ontem de manha, eu tava com a tesoura na mão, cortando as sobras de linha de umas blusas, quando o telefone da dona Vânia tocou. Ela me chamou: — Maria, atende ali, vê quem é. Peguei o telefone e ouvi a voz suave da doutora Ana. Aquela mulher tem sido meu anjo.

