Capítulo 8

1729 Words
Garrett Garrett riu quando a porta se fechou com força — sua mãe era realmente determinada a arrumá-lo uma companheira. Não era algo que ele mesmo estivesse com pressa para fazer. Sim, os quarenta anos estavam se aproximando — faltavam apenas dois agora —, mas os lobos viviam muito, e ele ainda era considerado um filhote por alguns dos mais velhos. Nem ele, nem seu lobo, Huntley, estavam preocupados em encontrar uma companheira. Seu lobo raramente aparecia, a menos que houvesse uma ameaça ou alguma demonstração de desrespeito que exigisse que colocassem algum m****o da matilha em seu devido lugar. Passava a maior parte do tempo dormindo. “Mais um item adicionado à sua interminável lista de motivos para rejeitar todas as escolhas da sua mãe.” Wyatt riu do sofá. “Ela está furiosa com você, sabia disso, né?” “Sei, sim.” Garrett sorriu para seu Beta. “Mas preciso dar a ela algo pra fazer, não é? Caso contrário, ela vai enlouquecer meu pai e minhas duas irmãs — e aí todos eles vão aparecer aqui pra me atormentar, pedindo que eu a deixe feliz e dê a ela netos.” “Mm, ela realmente parece querer netos. É do instinto dela — adora os pequenos. Ela tem o quê, sessenta e três agora? E nenhum neto. Deve deixá-la doida. Todas as Lunas que ela conhece já têm netos, algumas até bisnetos.” “Isso não é culpa minha. Ela tem duas filhas.” Ele sorriu e se recostou na cadeira. E tinha mesmo — e ambas eram teimosas o suficiente para também se recusarem a ter filhotes por enquanto. As duas eram unidas a lobos da própria matilha e nunca haviam ido embora. Mas também queriam viver suas vidas primeiro e deixar os filhos para depois. Sua irmã Laurance — ou Laurie, como todos a chamavam quando não estava exercendo o papel de General de Guerra — tinha trinta e quatro anos e, quando encontrara seu companheiro aos vinte e cinco, um simples guerreiro que se mudara para lá aos vinte e sete, havia anunciado: não teria filhos até que seu companheiro alcançasse o posto de Elite. Ele ainda estava dois níveis abaixo disso. Ela era quem conduzia os desafios de ranqueamento dentro da matilha, e Garrett sabia que ela o estava segurando de propósito. Não era porque ela não o amava ou porque queria genes mais fortes para seus filhotes — nada disso. Era simplesmente, como o próprio companheiro dela dissera a Garrett certa vez, com uma risada: “Ela só não está pronta pra ser mãe ainda. É o jeito dela de calar a sua mãe sobre o assunto. Teremos filhotes quando ela estiver pronta.” Ele não parecia nem um pouco preocupado com isso. Sua outra irmã, Constance — ou Conny, como era chamada na matilha — tinha trinta e um anos e era unida ao seu Delta, Dallas. Eles estavam seguindo a tradição e aguardando que Garrett encontrasse sua companheira — ou escolhesse uma — para então terem um filhote. O plano de Conny era irrefutável. Ela apenas sorria para a mãe e dizia: “Quando Garrett gerar o próximo herdeiro, Dallas e eu faremos o mesmo.” Isso mantinha sua mãe afastada dela, mas a fazia concentrar toda a pressão em Garrett. Sua mãe não estava conseguindo o que queria com nenhum dos filhos — e detestava isso. Em sua cabeça, arrumar uma companheira para ele não só o deixaria feliz, como também lhe traria netos — dele, de Conny e talvez até de Laurie. Garrett entendia esse d****o. Ela era uma Luna, e Lunas amavam bebês; queria poder segurar seus netos nos braços. Seu pai, Scott, apenas deixava que ela fizesse o que bem entendesse. Amava-a e queria vê-la feliz, queria que ela tivesse o que desejava, mas já não se envolvia nessas questões. Era quinze anos mais velho que ela — tinha setenta e oito — e estava satisfeito em viver aposentado. Ainda trabalhava no escritório no mundo humano, mas raramente cruzava o caminho de Garrett. O pai atuava no décimo andar, tendo deixado o décimo segundo quando Garrett assumiu a liderança, dez anos atrás, aos vinte e oito. Estava satisfeito trabalhando no departamento de publicidade, onde podia ser criativo junto com sua equipe. Todos ali gostavam daquele setor da empresa, e cada um deles tinha formação em publicidade — eram bons no que faziam. Garrett almoçava com eles uma vez por semana, mas fora isso, os deixava em paz. Não precisavam de supervisão — eram o antigo Alfa e sua unidade. Sua mãe trabalhava no departamento de recursos humanos, o que combinava perfeitamente com sua natureza de Luna: estar cercada tanto pelos membros da matilha quanto pelos humanos, ajudando, aconselhando e cuidando de todos — como uma verdadeira Luna fazia. Suas irmãs também trabalhavam no escritório. Laurie, sua General de Guerra, atuava no departamento jurídico, lidando com qualquer ameaça contra a empresa. Dizia que era seu direito — e adorava se aprofundar nas disputas com outras empresas de lobos, afirmando-se como uma fêmea de sangue alfa e, ao mesmo tempo, como a General de Guerra da matilha. Também era ela quem assumia o lugar de Garrett sempre que ele precisava sair do território da matilha. Conny trabalhava entre o terceiro e o quarto andar — onde ficavam o hospital e o centro de bem-estar da empresa. Eles tinham um hospital particular dentro do próprio prédio, disponível tanto para os membros da matilha quanto para os humanos. Cuidavam dos funcionários como se todos fossem parte da matilha, mesmo aqueles que nem faziam ideia de que não estavam trabalhando apenas entre humanos. Todos tinham plano de saúde oferecido pela empresa, e até os filhos dos funcionários podiam ser atendidos lá, tanto para cuidados médicos quanto odontológicos. O hospital contava com uma sala de emergência com seis leitos, uma enfermaria geral que podia abrigar até vinte pacientes e uma ala de maternidade com capacidade para seis mulheres. Além disso, os planos de saúde podiam incluir serviços extras, como clínica odontológica, ortopédica, fisioterapia, massoterapia e outras terapias complementares. Conny era fisioterapeuta. O quarto andar era exclusivo para lobos, dedicado aos filhotes da matilha e às lobas em trabalho de parto. O próprio Garrett havia nascido naquele mesmo prédio — sua mãe entrara em trabalho de parto ali, e ele veio ao mundo de forma rápida e intensa, em apenas dez minutos. Não houve tempo para levá-la de volta ao território da matilha, onde ficava o hospital principal, ao lado da casa alfa, que podia atender até cem lobos e abrigava a Suíte Médica da Luna. Seu pai, ao saber que ela estava em trabalho de parto, bastou olhar para ela para perceber que não havia chance de completar os trinta minutos de viagem até o hospital da matilha. Foi uma decisão sábia, e ninguém se atreveria a questioná-lo — afinal, ele era o Alfa. Tinham duas médicas responsáveis, irmãs gêmeas, ambas com quase duzentos anos, embora aparentassem não ter mais de quarenta. Uma vivia e trabalhava exclusivamente dentro do território da matilha; a outra, embora também morasse lá, atuava no mundo humano, supervisionando o hospital e o centro de bem-estar da sede, nos andares três e quatro. As duas eram chefes de seus respectivos departamentos e extremamente competentes, com múltiplas especializações: medicina de emergência, medicina familiar, cardiologia, ortopedia, pediatria, obstetrícia e ginecologia. Ambas as médicas tinham filhos atuando na área médica também, embora a maioria trabalhasse nos departamentos de dermatologia e cirurgia plástica. Eles administravam uma clínica separada, localizada em outro prédio, a apenas um quarteirão da sede principal, voltada para atender humanos e suas necessidades — fosse por vaidade ou pela busca de uma melhor versão de si mesmos. Mas também aceitavam pacientes com razões médicas legítimas para realizar cirurgias plásticas — corrigindo deformidades, defeitos de nascença, ferimentos pós-acidente ou marcas deixadas por ataques, colisões de carro e até queimaduras. Eram especialistas em reduzir cicatrizes o máximo possível, e alguns desses procedimentos eram oferecidos gratuitamente, dependendo da origem dos ferimentos. Vítimas de crimes hediondos nunca pagavam nada. Ele e sua matilha sempre retribuíam à comunidade humana sempre que podiam. Eram extremamente ricos e não tinham qualquer problema em gerar receita, então ajudar era fácil — e, além disso, tudo era dedutível dos impostos no mundo humano. Um verdadeiro ganha-ganha. Ele observou Wyatt se levantar. “Vai se recolher?” perguntou. “Hmm, antes que minha companheira venha me procurar, vou caçá-la eu mesmo. Tenho alguns planos de aniversário pra ela. Ela nasceu no dia seguinte ao Natal e ainda não me disse o que quer.” Garrett riu. “Tira ela do anticoncepcional. Vocês todos deviam simplesmente ter filhotes e não esperar por mim.” Toda a Unidade dele era composta por lobos já unidos, embora Wyatt tivesse encontrado sua companheira apenas dois anos antes. Ela também era de posto Beta, a quinta filha de uma família com doze irmãos, e queria muito começar uma família. Tinha a mesma idade de Wyatt e havia esperado por anos para encontrar seu companheiro. “Hmm, vou pensar nisso,” Wyatt respondeu, “mas, como Dallas e Ryan, achamos melhor esperar você. Temos vidas longas, Garrett, e gostaríamos que nossos filhotes crescessem juntos, formando laços fortes como os nossos.” “Eu entendo, mas você sabe tão bem quanto eu que eu já tive uma companheira — e talvez nunca tenha outra.” “Todos nós sabemos disso. Mas há uma vantagem em esperarmos até você encontrar uma companheira e ter seu herdeiro.” Wyatt sorriu. “Ganhamos todos esses anos só com nossas companheiras — sem crianças pra incomodar, sem nada que nos impeça de aproveitar nossas companheiras quando e onde quisermos, pelo tempo que quisermos.” Garrett balançou a cabeça. “Um pouco egoísta.” “Sim,” Wyatt assentiu. “Então nem se preocupe com isso. Nós três estamos aproveitando nossas companheiras — assim como você aproveitou... sua nova secretária, algumas semanas atrás.” “Saia daqui.” Garrett riu, balançando a cabeça e acenando para dispensar o Beta. Depois que ele saiu, Garrett voltou a atenção para as fotos sobre a mesa. Cumpriria o prometido: analisaria cada ficha e escreveria os motivos pelos quais as rejeitava. Huntley nem sequer olhou para elas — e, enquanto seu lobo não se mostrasse interessado, ele não aceitaria nenhuma daquelas fêmeas.
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