Patrícia narrando – manhã seguinte ⸻ Acordei com o calor do sol batendo pela fresta da cortina. O ventilador ainda rodava preguiçoso no canto do quarto, mas a verdadeira paz tava deitada do meu lado. Tatu. Deitado de costas, braço por cima da cabeça, boca entreaberta e aquele ar de moleque que ele escondia por trás da pose de chefe. Por um segundo, esqueci de tudo. Do morro, da dívida, do medo. Ali só existia a gente. Me virei de lado e fiquei olhando ele. Sem entender como alguém que começou sendo meu pesadelo, agora era o único lugar onde eu me sentia segura. Levantei devagar, vesti a camiseta dele jogada no chão — ainda com o cheiro dele — e fui pra cozinha. Dona Sandra já tava acordada. — Bom dia, menina… hoje acordou feliz, hein? — ela disse com aquele jeitinho irônico. —

