⸻
Tatu narrando:
Aquele beijo me virou do avesso.
Foi p***a de beijo bom. Sincero. Quente. Diferente de tudo que já senti.
Subi pro quarto, fiquei lá deitado, encarando o teto, martelando a cabeça.
Que p***a tá acontecendo comigo?
Eu, Tatu, chefe do morro, me pegando pensando em mulher?
E pior… nessa mulher?
Deu a hora, me levantei. Coloquei a calça jeans preta, uma blusa gola polo também preta, aquele tênis novo que comprei essa semana.
Corte na régua, passei a mão no cabelo, coloquei meu chapéu e pendurei os cordão de ouro no pescoço.
Tava no estilo. Tava pronto pro baile.
Desci e ela tava lá, sentada no sofá, comendo devagar.
Linda até sem esforço.
— Tô indo. — falei firme.
Mas nem olhou pra mim.
Nem um “tchau”, nem uma palavra.
Fiquei ali parado, encarando ela.
Foda essa mulher. Me desarma com o silêncio.
Saí, subi na moto nova e acelerei com o coração apertado e o orgulho ferido.
Cheguei no baile e já cheguei naquele pique.
Saltei da moto, cumprimentei os vapores, subi direto pro camarote.
O baile tava cheio de vida, de luz, de fumaça.
Puta dançando, aliado brindando, o som estourando.
Fiquei um tempo lá, bebendo, fumando, observando o movimento.
Mas algo me coçava o pensamento.
Me levantei, fui até a grade, olhei pra pista…
Quase que não acreditei no que vi.
Era ela.
Patrícia.
De saia colada, bota até o joelho, o cabelo solto balançando com o ritmo.
Linda. Desejo puro.
Mas ali… no meio do baile… dançando no meio da quebrada… com os macho tudo olhando.
O sangue ferveu. A raiva subiu.
Que p***a é essa?
Quem liberou ela? Quem deixou ela sair?
Desci no ódio, abrindo caminho com o olhar.
Antes que ela e Olívia tentassem fugir, agarrei o bracinho dela com força.
A discussão começou ali mesmo, quente, feia.
Ela me xingou, tentou se soltar.
Eu puxei ela pro camarote, com raiva, mas sem largar.
Olívia veio atrás, metendo pressão, mas eu nem ouvi.
Sentei no sofá e botei Patrícia sentada no meu colo.
Ela tentou sair, se debater.
— Não sou nada tua pra tá no seu colo! — ela gritou, os olhos cheios de fúria.
— Tu é minha, c*****o! — gritei de volta, encarando ela.
Os aliados ao redor olharam.
Uns com curiosidade, outros com respeito…
Mas todos vendo algo que ninguém nunca viu: Tatu perdendo o controle.
E eu sabia.
Não era só raiva.
Era ciúme. Desejo. Sentimento.
Tudo misturado.
Explodindo no peito.
E agora?
Agora eu tinha ela no meu colo…
Mas não sabia mais se tava ganhando ou perdendo essa guerra.
Fiquei ali com ela no colo, tentando manter a pose, mas a real é que tava em transe.
A p***a do cheiro dela me dominava.
Cheiro doce, suave, quente.
De vez em quando, sem perceber, encostava o nariz no cabelo dela e puxava o ar fundo.
Que merda é essa que essa mulher tá fazendo comigo?
Ela ficou quieta, dura no meu colo, sem me dar espaço.
Até que falei, com a voz baixa, meio sem saber por quê:
— Tá com fome? Quer beber algo?
Ela me olhou com aquele desdém que me mata por dentro e respondeu seca:
— Quero ir embora. Fiquei com tédio.
Tédio.
A p***a do baile rolando, os caras tudo olhando pra ela, eu ali tentando segurar o mundo…
E ela me solta “tédio”.
Olhei pra ela sério.
Neguei com a cabeça. p***a de mulher mandada direto do inferno.
Linda, braba, impossível.
Olívia, sempre com aquele jeito solto, se intromete:
— Vamos dançar, vai. Deixa, Tatu. — disse dando aquele sorriso, como se fosse normal.
Olhei pra Olívia.
Depois voltei pra Patrícia, que nem me olhava.
Senti o sangue ferver de novo.
Mas engoli seco.
— Tu quer ir? Vai.
Falei seco, sem emoção, mas por dentro minha alma gritava pra ela não sair do meu lado.
Ela levantou devagar, ajeitou a roupa, sem me olhar, e saiu andando com Olívia.
Fiquei parado.
Todo mundo olhando.
Os aliado me encarando como se esperassem uma explosão.
Mas eu só fiquei ali.
Travado.
Com a p***a do cheiro dela grudado em mim.
E um vazio no peito que eu não sabia explicar.
Tô ficando doente dessa mulher.
Continua
⸻
Ela dançava ali, na minha frente, de frente pra grade.