Episódio 1
Um "filho da pu*ta" é um homem que promete amor eterno enquanto pratica a infidelidade como se fosse um esporte olímpico e, então, com toda a sua coragem, culpa você por não tê-lo "inspirado" o suficiente.
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Audrey entrou no escritório de Katie, a sua melhor amiga, com os olhos vermelhos, rímel escorrendo pelas bochechas e as mãos agarrando a bolsa como se fosse a única coisa que a mantivesse firme. A porta fechou-se com um clique suave atrás dela, mas nem mesmo o som pareceu acabar com o seu sofrimento. Ela ficou ali, tentando recuperar a compostura enquanto a sua melhor amiga, sentada atrás de uma elegante mesa de vidro, olhava para ela com falsa surpresa.
— Audrey? Katie inclinou a cabeça, o seu cabelo preto caindo em ondas perfeitas sobre os seus ombros. — O que está acontecendo? Por que você está chorando?
Audrey deu alguns passos à frente, sentindo-se frágil, quebrada. Ela mordeu o lábio com força antes de falar, tentando não soluçar.
— Max…Ela murmurou, com a voz embargada. — Acho que ele não me ama mais, Katie. Ele está se afastando de mim e não sei o que fazer para trazê-lo de volta.
A expressão de Katie mudou imediatamente. Ela se levantou com graça natural, contornou a mesa e aproximou-se de Audrey, colocando as mãos nos seus ombros como se realmente se importasse com o seu sofrimento.
— Oh, querida… Ela sussurrou com falsa doçura. — Venha, sente-se. Vamos consertar isso juntas.
Audrey se deixou guiar até o sofá de couro no canto do escritório, onde Katie a sentou e entregou-lhe um lenço de seda. Audrey pegou-o com dedos trêmulos, enxugando as lágrimas antes de soltar um suspiro trêmulo.
— Não sei o que estou fazendo errado. Ela continuou, com desespero refletido nos seus olhos. — Eu tentei de tudo. Eu cozinho os seus pratos favoritos, me visto para ele, tento dar-lhe espaço, mas a cada dia o sinto mais distante. Katie, o que estou fazendo errado?
Katie escondeu um sorriso satisfeito por trás de um gesto compassivo. Ela acomodou-se ao lado dela, segurando a sua mão com falsa preocupação.
— Audrey, querida, o problema não é você... Disse ela com um suspiro dramático. — É que homens como Max precisam de emoção, algo que os faça sentir vivos. Às vezes, as esposas ficam tão focadas em ser perfeitas que se esquecem de ser irresistíveis. Talvez o que você precise seja de um pouco de estratégia.
Audrey franziu a testa para ela, sentindo um leve arrepio na espinha.
— Estratégia? O que você está falando?
Katie sorriu maliciosamente, como se estivesse prestes a revelar um segredo valioso.
— Minha querida, você não pode simplesmente entregar tudo a ele de bandeja. Os homens devem ser obrigados a trabalhar pelo seu amor, mantidos na incerteza. Talvez você devesse desaparecer um pouco, não ficar tão disponível. Faça-o se perguntar onde você está, com quem você está. Deixe que ele veja que outros homens estão olhando para você, que você ainda é desejável. Isso o lembrará de que ele pode perder você.
— Como eu faria isso?
— Fique bonita e saia com um amigo.
Audrey sentiu um nó no estômago. Ela não gostava da ideia de manipular Max, mas estava desesperada. Talvez Katie estivesse certa... talvez ela tivesse sido muito previsível.
— Não sei, Katie… Ela murmurou, em dúvida. — Isso parece… desonesto.
Katie revirou os olhos e apertou a mão dela com um sorriso condescendente.
— Ah, querida, não seja ingênua. Os homens são como crianças: se você lhes der tudo sem esforço, eles ficarão entediados. Um pouco de mistério não vai prejudicar o seu casamento. Acredite, eu sei o que estou lhe dizendo.
Audrey permaneceu em silêncio, dividida entre a culpa e o medo. Ela queria acreditar que Katie a estava ajudando, que a sua melhor amiga estava certa, mas algo dentro dela se contorcia de inquietação.
— E se eu simplesmente falar com ele? Ela perguntou em voz baixa. — E se eu lhe disser como me sinto?
Katie suspirou, como se estivesse falando com uma criança ingênua.
— Audrey, falar é inútil quando um homem já perdeu o interesse. Você tem que agir, não pedir explicações. Se você disser a ele como se sente, você só vai parecer carente e dependente, e isso é a última coisa que um homem quer.
Audrey desviou o olhar e mordeu o interior da bochecha. Ela se sentia ainda mais insegura do que quando chegou. As palavras de Katie ecoaram na sua mente, confundindo-a.
Katie, percebendo a dúvida no rosto dela, decidiu dar o golpe final.
— Olha, se você quer continuar com essa atitude submissa, vá em frente. Ela disse num tom um pouco irritado. — Mas não se surpreenda quando Max acabar ficando completamente entediado. Se você realmente quer salvar o seu casamento, é hora de começar a jogar bem as suas cartas.
Audrey sentiu um arrepio percorrer a sua espinha. Ela procurou a amiga em busca de conforto e respostas, mas, em vez disso, sentiu-se ainda mais perdida. Como se eu estivesse caindo num buraco do qual não soubesse como sair.
Ela se levantou lentamente, segurando a bolsa com as duas mãos.
— Obrigado, Katie… Acho que preciso pensar sobre isso. Ela sussurrou.
Katie lhe deu um sorriso radiante e lhe deu um último tapinha no braço.
— Faça o que você acha melhor, querida. Mas lembre-se, no amor, não é quem dá mais que vence... mas sim quem joga melhor.
Audrey saiu do consultório com o coração na boca, sem saber que a mulher que acabara de aconselhá-la era a mesma mulher que, naquele exato momento, estava destruindo o seu casamento nas sombras.
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O escritório na mansão De la Vega estava impregnado do aroma de mogno e tabaco. A luz da tarde filtrava-se pelas janelas altas, projetando longas sombras no tapete persa. Maximiliano De la Vega sentou-se com uma postura relaxada, um copo de uísque na mão, enquanto o seu pai, Thomas De la Vega, o olhava com um olhar duro e reprovador.
— Diga-me que não é verdade, Max. A voz profunda do seu pai quebrou o silêncio. — Há rumores no escritório de que você está andando por aí com amantes como uma adolescente descontrolada.
O filho de trinta e dois anos sorriu atrevidamente, movendo o copo na mão com um ar despreocupado.
— Vamos, velho, não exagere. Eu estou apenas com a Katie, e você sabe muito bem disso.
Thomas fechou os olhos por um momento, contendo a fúria que borbulhava dentro dele. Então ele deu um passo à frente, colocando as duas mãos sobre a mesa de carvalho maciço.
— Escute-me com atenção, garoto. O seu tom era gélido, a sua paciência estava por um fio. — Tudo o que você tem, tudo o que somos, é graças ao seu casamento com Audrey e à gentileza dos Coltons. Se não fosse por eles, você ainda seria filho de um simples mecânico.
Max deu de ombros e tomou um gole de uísque sem pestanejar.
— Eu sei disso. Ele diz.
— Se você sabe, por que dia*bos está colocando em risco tudo o que construímos sendo um infiel? Você quer ganhar a rejeição dos Coltons? Você quer perder a presidência?
— Não diga bobagens, pai. Os pais da Audrey me amam loucamente. Eles me confiaram a presidência porque sabem que a filha não tem o que é preciso para lidar com a herança. Audrey nunca conseguiria lidar com isso, e eles sabem disso.
— E Audrey? E se ela te deixar? O que você vai fazer?
— Não vai, ninguém quer ela.
Thomas cerrou os dentes. O filho dele era muito arrogante. Ele se aproximou com passos medidos e olhou para ele com uma mistura de decepção e cansaço.
— Sei que usamos a Audrey como caixa eletrônico há anos. Disse ele com brutal honestidade. — Sei que eu mesmo aproveitei os benefícios deste casamento. Mas o que eu não entendo é seu ódio por sua esposa. Lembro-me que no início você a amava loucamente, Max. O que diabos fez você mudar?
O empresário levantou-se lentamente do assento e caminhou em direção à janela. Ele olhou para os jardins bem cuidados da mansão, mas seu olhar estava perdido num mar de pensamentos. Os seus lábios curvaram-se numa careta amarga.
— A primeira coisa é que me chegou usada. A sua voz era um sussurro envenenado. — Ela não era virgem. Ela mentiu para mim, dizendo que havia perdido a virgindade com um garoto no dia da sua formatura do ensino médio. Eu acreditei nela porque, afinal, todos nós cometemos erros quando somos jovens. Mas Katie abriu os meus olhos anos depois. Isso me fez ver a verdade... Audrey foi vendida para mim como uma joia, quando na realidade ela é apenas uma prosti*tuta.
— Não fale assim da sua esposa! Thomas bateu com força na mesa.
Max virou-se para encará-lo, os seus olhos brilhando de ressentimento.
— Katie me deu provas. Ele afirmou confiantemente. — Audrey é sua melhor amiga, ela sabe de tudo. Ela não perdeu a virgindade por causa de uma noite louca... ela a perdeu porque dormiu com todo mundo. Ela era uma mulher gorda e com baixa autoestima que, por gratidão, dormia com todo mundo. Você sabe como é ser casado com uma mulher que já foi de todo mundo? Sabendo que me venderam uma história de princesa quando, na verdade me casei com uma mulher que dorme com qualquer pessoa?
Thomas balançou a cabeça, com o maxilar cerrado de raiva.
— A sua mulher nem sai para a esquina, Max. Ela é tímida e retraída. Como dia*bos você pode acreditar que ela era uma mulher promíscua?
Max riu friamente.
— Esse é o seu truque, pai. Ele me enganou durante anos. Eu tentei amá-la, tentei acreditar nela, mas eu sei o que tenho. Não é bom.
Thomas olhou para ele, incrédulo. O filho dele era cego. Cego pela manipulação daquela mulher que o usou e o destruiu das sombras.
— Você tem provas disso? Ele retrucou asperamente. — Ou você ainda acredita nas mentiras daquela modelo que suga o seu dinheiro?
— Katie não...
— Sim, ela faz isso, e você é um idio*ta que faz tudo por ela, procurando naquele plástico o que você deseja na sua esposa. Ele gritou para ele. — Você ama a Audrey, droga, tente consertar as coisas!
Max bufou com desprezo.
— Katie tem um marido vinte vezes mais rico que eu, pai. Ela está comigo porque me ama. Eu sou o idi*ota que fica com Audrey, esperando que ela mude algum dia.
Thomas olhou feio para ele.
— Katie não te ama, Max. Ela usa você, assim como você usa Audrey. E no dia em que você abrir os olhos, será tarde demais.
Max não respondeu. Ele apenas olhou pela janela, com o peito estufado de orgulho e veneno, convencido de que estava certo.