“Ele diz que te ama quando você menos espera?
Ele agita o seu coração quando ele beija o seu pescoço?
Não precisa de ciência ou biologia
É óbvio quando ele está me abraçando
É apenas natural que me sinta tão afetada”
(DNA – Little Mix)
— Oh Max!
A cama balançava e rangia freneticamente, enquanto Kathy gemia descontroladamente. As pernas estavam entrelaçadas a cintura de Max, que a penetrava com força e sem piedade. Não demorou para que ele chegasse ao ápice e deitasse ao lado da dama. Kathy aconchegou-se em seu peito e logo adormeceu.
Olhando para o teto acabado, Max podia escutar o som vindo do bar ecoando pelo pequeno quarto onde ele se estabelecera com sua nova amante. Ele não conseguia compreender sua necessidade de ter outras mulheres em sua vida, por mais que tentasse. Ele nutria um forte sentimento por sua esposa, mas não conseguia saciar-se apenas dela. Era quase involuntário. Quando ele pensava em parar com suas frequentes traições, uma nova mulher surgia em seu caminho e o fazia perder completamente a noção de tudo. O desejo era mais forte do que qualquer sentimento que já tenha habitado em seu coração.
Quando lembranças de sua doce Agatha surgiram em sua mente, ele levantou-se e se vestiu apressado. Ele precisava encontrar sua esposa, sentir seu cheiro, seu corpo sobre o seu... Apanhou suas coisas no criado mudo e se retirou, passando os dedos entre o cabelo. Suspirou e saiu apressadamente do bar. Não era bom continuar encontrando suas amantes no quartinho dos fundos de um bar antigo que caía aos pedaços. Era desconfortável e impiedoso para um homem rico e poderoso, como Max Williams, viver suas aventuras num cubículo, onde havia apenas uma cama velha e um criado mudo todo acabado e com a tinta descascada. Ele caminhou até seu carro, uma Mercedes-Benz prata, e adentrou o mesmo, ligando o motor e partindo dali.
Agatha estava lendo um de seus livros preferidos, "Quem é você, Alasca?", enquanto aguardava seu marido retornar de mais uma reunião de emergência. Ela gostava da época em que passava o tempo lecionando, mas Max achava uma exposição desnecessária e perda de tempo, então ela parou. Agora, 3 anos depois do casamento, ela passava as manhãs e tardes cuidando da enorme casa que vivia ao lado de seu homem. Quando tinha tempo de sobra, preparava o jantar caprichado, e ainda conseguia ler ou assistir alguma de suas séries preferidas.
Ela jamais pensou em ser sustentada por um homem. Não fora isso que sua mãe, Darla Rodríguez, lhe ensinara, mas foi o que ela escolheu. A pedido de seu marido, ela escolheu ficar em casa e estar sempre a postos para atender seus desejos. Apesar de que nos últimos tempos, Max passava mais tempo no trabalho do que em casa. E ela esforçava-se para entender isso. Mas ele era dono da empresa, poderia tirar folgas quando bem desejasse.
Ele estacionou o carro em frente a garagem de sua pequena mansão, e respirou fundo. Pegou um de seus perfumes reservas e passou cuidadosamente, apenas para mascarar um possível odor de bebida ou de sua acompanhante. Saiu do carro e ajeitou sua roupa. Max era inteligente e fazia isso a tempo suficiente para jamais ser descoberto. Pelo menos, era o que ele pensava.
Agatha levantou rapidamente ao ouvir o som do motor do veículo de seu marido. Ela colocou o marcador na página que terminara de ler e deixou o livro sobre a poltrona dourada na qual estava sentada. Todos os dias, quando não saía com uma de suas amigas ou visitava alguma comunidade carente, Agatha fazia questão de ficar arrumada e pronta a espera de seu companheiro. Ela usava um vestido branco de linho, que ficava abaixo dos joelhos. Ela caminhou até a porta, e Max pôde escutar o som dos saltos altos da esposa ecoando pela casa silenciosa, enquanto ele já estava parado na porta aguardando-a. Com um sorriso no rosto, e ainda usando seus óculos de leitura, Agatha abriu a porta. Max a olhou e sorriu.
— Minha nerd preferida...
Ele subiu os dois degraus da escada que os separavam e a abraçou, como se necessitasse do calor de seu corpo para sobreviver.
A melhor parte de seu dia, sem dúvidas, era o abraço que recebia com a chegada de Max. Ele beijou delicadamente seu pescoço, provocando um forte arrepio, e deitou sua cabeça em seu ombro, cansado, pensou ela.
Agatha acariciava o cabelo macio de seu marido, enquanto ele ainda repousava sobre seu ombro, respirando pesadamente. Max finalmente a soltou, como se estivesse pedindo perdão a cada respirada.
— Vem meu amor, vamos jantar.
Disse ela calmamente, segurando seu rosto e depositando um beijo em sua testa. Ele entrou e fechou a porta. Ela segurou sua mão e o levou até a cozinha. Max se sentou e observou a mesa posta. Nenhuma das mulheres com quem dormira nos últimos meses, jamais iriam preparar uma mesa tão delicada e linda para ele quando chegasse do trabalho. Apenas sua mulher tinha essa incrível capacidade. De sempre saber o que ele desejava e precisava.
Ela o serviu, e Max a observou durante todos os segundos do minuto em que ela colocava a comida em seu prato.
— Tudo bem?
Ela se sentou na cadeira e começou a se servir. Normalmente Max chegava e contava detalhadamente sobre seu dia, ocultando e encobrindo a parte das mulheres. Mas ele estava quieto, parecia tenso.
— Sim, muito trabalho. Estou um pouco cansado, apenas isso.
Ele pegou os talheres e começou a comer em silêncio. Agatha o observou, e apenas começou a comer, ignorando qualquer tipo de suspeitas. Eles jantaram normalmente e, logo depois, se deliciaram de uma taça de vinho, enquanto Agatha lhe contava sobre seu dia.
— Depois que você saiu, eu arrumei tudo, ouvindo música, é claro. E depois chamei a Julia para me ajudar a regar as flores do jardim, elas estavam precisando. Tem tido pouca chuva aqui, e as rosas são as minhas preferidas, você sabe...
A professora de Biologia não parava de falar, enquanto Max estava focado nas lembranças dos minutos passados, mais precisamente nos braços da mulher de cabelos loiros que tinha deixado naquele bar. Apesar de amar a esposa, nem sempre conseguia suportá-la, ouvi-la, ou dar qualquer tipo de atenção.
— Max? Está me ouvindo?
Perguntou ela, ao notar que o marido parecia estar navegando em mares distantes. Max a olhou e soltou um suspiro pesado.
— Desculpe, ainda estava pensando no novo contrato. Acho melhor ir para cama.
Levantou-se e respirou fundo após se espreguiçar.
— Tudo bem. Pode ir, subo ao terminar de lavar a louça.
Agatha começou a recolher os pratos da mesa e a pôr na pia. Max observou sua mulher se movimentando na cozinha, de um jeito que o deixou tentado. Ele sorriu torto, e caminhou vagarosamente até onde sua esposa estava virada de costas. Ela organizou todos os pratos na pia, e quando ia começar a lavá-los, sentiu as mãos fortes de Max agarrar-lhe a cintura e puxá-la para seu corpo, onde ela poderia sentir a familiar virilidade.
— Será que eu poderia m***r a saudade da minha esposa antes?
Agatha sentiu uma chama se acender em seu ventre, com a simples voz de Max sussurrando em seu ouvido. Ela se virou e encarou os olhos azuis, vendo-os mergulhado em um mar vasto e profundo de anseios e desejo. Max a olhou e encostou os lábios nos dela, iniciando um beijo apaixonante e cheio de luxúria. Como ele ainda tinha fôlego e coragem para f********r com a esposa? Nem mesmo ele sabia. Apenas precisava senti-la e ouvi-la gemendo seu nome, como se isso o ajudasse a sustentar seu ego masculino e diminuir o peso da consciência de não ser totalmente dela como deveria.
Ele rasgou o vestido de modo abrupto e, sem delicadeza, a colocou sentada sobre a pia com as pernas em volta de sua cintura. Retirou sua calcinha com um pouco mais de sutileza, e a beijou novamente. Agatha retribuiu o beijo com a mesma paixão e deslizou as mãos pelos ombros fortes, cravando suas unhas ali. Max pressionou ainda mais a cintura fina de sua amada contra seu corpo, e Agatha teve que se esforçar para partir para o próximo ato. Sem parar o beijo, ela retirou o paletó de Max, para em seguida, deslizar as mãos pelo peitoral e abdômen definidos, até o cós da calça. Ela retirou o cinto e logo abriu o zíper da calça com facilidade, como se já tivesse repetido o ato inúmeras vezes. Ele abaixou as calças e a penetrou sem aviso. De súbita, Agatha gemeu com a rapidez e falta de delicadeza, mas ela jamais ousaria reclamar. Enquanto apertava-lhe as coxas, Max começou a se movimentar lentamente, porém com profundidade.
Agatha lhe deixou marcas visíveis em suas costas e pescoço, enquanto o desenho das palmas das mãos de Max ainda estavam gravadas nas coxas dela, mesmo depois do banho.
O advogado dormira profundamente no instante em que caiu de bruços sobre a cama. Agatha se cobriu e ficou virada em direção ao marido, enquanto o observava dormir. Sua vida parecia quase perfeita. Tinha um trabalho incrível, que fazia em diversos lugares, suas amigas sempre a ajudavam e um marido devotado que, mesmo ao chegar cansado do trabalho, ainda tinha tempo para f********r com ela. Apenas duas coisas faltavam para completar sua felicidade.
Ela passou os dedos delicados pelos arranhões que havia feito e observou Max dormindo. Ela podia imaginar uma prole com os cabelos pretos de Max e com seu sorriso torto, que conquistaria a mulher dos seus sonhos. Com a imagem de um filho segurando a mão de Max, Agatha dormiu com um sorriso no rosto.
Horas mais tarde, Max acordou. Ele abriu os olhos lentamente e ainda pôde ver sua mulher dormindo. Durante o primeiro ano de casamento essa era a parte preferida do seu dia, acordar e ver a expressão doce e serena de sua esposa dormindo. Mas com o tempo, parecia ter ficado enjoado. E as vezes era necessário acordar olhando para outras faces, acariciando outros cabelos. Foi quando deixou que seus desejos dominassem suas ações.
Ele balançou a cabeça e respirou fundo fechando os olhos. Estava na hora de acabar com tudo isso. Não podia continuar traindo-a. Ele fizera uma promessa, e jurou jamais quebrá-las. Max se levantou decidido a mudar. Precisava fazer isso por si mesmo, e por ela. Agatha não merecia ser traída pela pessoa em quem mais confiava.
Ele desceu até a cozinha, com cuidado ao sair do quarto para não acordá-la, e começou a preparar o café da manhã.
Inicialmente, ele ficou perdido, não se lembrava mais como fazia café e nem onde ficava os talheres. Max pegou seu telefone no paletó, que ainda estivera jogado no chão da cozinha, e pesquisou como fazer café. Após alguns minutos, com a ajuda da santíssima internet, ele conseguira fazer o café e preparar algumas torradas para sua esposa. Colocou, também, algumas frutas sobre uma bandeja, juntamente a um pequeno vaso contendo uma rosa vermelha, e subiu para o quarto.
Max respirou fundo após colocar a bandeja sobre a cama, e observou Agatha dormindo. Estava na hora de mudar definitivamente. Max sentiria falta do divertimento extra, mas, para poupar seu casamento, ele escolhia mais uma vez desistir da vida dupla. Restava saber, se ele iria fracassar novamente ou finalmente teria êxito.
Ela não demorou a abrir os olhos e enxergar com eles ainda entreabertos, Max, sentado sobre a cama olhando suas mãos, como se estivesse em outro planeta.
— Max?
Ele olhou para ela e forçou um sorriso.
— Bom dia, meu amor.
Depositou um beijo suave em seus lábios, levantou-se e pôs a bandeja mais próxima dela, que olhou para a bandeja, com uma das sobrancelhas arqueadas, e se sentou.
— Você preparou isso?
— Sim, acho que merece um pouco de mimo.
Ele estava sentado um pouco afastado da bandeja, olhando-a.
— Você é o melhor marido do mundo!
Ela inclinou-se e o beijou, para em seguida desfrutar de seu café da manhã. Se ela soubesse de tudo, jamais pensaria isso. Max balançou a cabeça e levantou.
— Eu preciso ir.
— Aonde vai?
— Trabalhar.
Disse, caminhando em direção ao banheiro. Agatha deixou a bandeja sobre a cama e se levantou para ir atrás do marido.
— Hoje é sábado, Max. Você é o dono dessa firma, para quê se m***r de tanto trabalho?
Ele parou em frente a porta, impaciente, e a olhou de um modo tão frio, que fez Agatha parar o passo que ia dar em sua direção e sentir todo seu corpo se enrijecer e arrepiar a espinha da coluna.
— Se eu estou dizendo que preciso trabalhar, é porque preciso, não me questione, d***a!
Esbravejou, entrando no banheiro e batendo a porta. Ela o observou, e passou as mãos nos braços, como se precisasse se esquentar. Seu coração se apertava quando ele tinha que sair. E pior, quando a tratava assim após uma noite de amor. Tinha a sensação de lidar com duas pessoas diferentes.
Max estava com a testa encostada na porta. Ele estava nervoso com tantas perguntas. Odiava quando Agatha dava uma de curiosa.
Ele respirou fundo e tirou sua roupa, entrando debaixo da água fria logo em seguida. Precisava pensar e raciocinar. Ele ligaria para Kathy a caminho do trabalho, e terminaria tudo quando chegasse. Estava na hora de dar um basta. Aproveitando que o divórcio da jovem dama estava na etapa final, poderia se livrar de vez daquela mulher.