1 • Eu estou bem

1498 Words
Uma risada alta escapou por entre meus lábios, balancei a cabeça em negativo enquanto deixava que meu corpo relativamente magro encontrasse apoio no forte de Alec. Estávamos a um tempo em silêncio esticados na banheira que se encontrava no apartamento dele, aquilo havia se tornado uma de nossas rotinas prediletas por mim, tudo que meu corpo almejava era uns minutos imergida pela agua quente, e tê-lo em minha companhia tornava tudo mais prazeroso, eu quase morava ali pelo simples fato de não só amar aquela mordomia, como os momentos nos quais desfrutávamos juntos.  — Essa é a sua maneira romântica de me pedir em casamento? — Indaguei, embora o tom de minha voz soou sério, estava a um pequeno passo de ter uma crise de riso. Eu não era uma pessoa de riso fácil, de demonstrações grandiosas de afeto, mas algo me transformava quando estava com ele. E agora com seu pedido de casamento inesperado de uma forma tão descontraída, não havia o que fazer a não ser rir achando engraçado, e um pouco por conta da ansiedade que se instalou em meu peito. Segundo ele se eu aceitasse seu pedido, aquela banheira seria oficialmente minha. As mãos de Alec subiram gradativamente nas laterais do meu corpo, enquanto seus lábios depositavam beijos cálidos em meu ombro. — Eu só queria mostrar as vantagens de se casar comigo ué — Seus lábios percorreram preguiçosamente meu pescoço, indo sorrateiramente até atrás de minha orelha — E sabemos que minha proposta foi tentadora, muito tentadora— As palavras ditas suavemente sobre minha orelha me causaram um arrepio , me virei rapidamente para ele, meus joelhos se firmaram em cada lado de sua cintura, meus s***s tocaram seu peito, enquanto nossos corpos se encaixavam gradativamente um no outro, meus lábios procuraram os dele, e quando eles finalmente entraram em contato, deixei que um som de satisfação escapasse entre o beijo sem hesitação  — Agora sem gracinhas  —  Sua voz soou mais séria, meu olhar encontrou o seu, um misto de ansiedade e pânico fez com que meu coração quase galopasse para fora do peito  —   Quando eu penso nisso, passar uma vida inteira com alguém, não me veem outra pessoa em minha mente, vem você. Quando vejo uma família feliz em um parque, em uma cafeteria, eu imagino nós, com pequenos com sua beleza, com seu amor, com sua coragem, eu quero isso mais do que quis qualquer coisa em minha vida, meu bem, eu quero você hoje, amanha, depois e depois... —   Seus dedos dedilharam minha face, tive que morder os lábios para controlar tudo o que suas palavras despertaram em mim, não sou o que dizer, então uni nossos lábios outra vez, em um beijo terno, cheio de significados. — Isso foi um sim? — Alec riu afastando-se, tentando controlar sua respiração ofegante. Me remexi sobre ele enquanto meu olhar sustentava o seu, embora a necessidade luxuosa brilhasse em seu olhar ele se manteve controlado, e me remexi um pouco mais sobre ele. — Grace — Ele ofegou meu nome, meio perdendo o controle, meio querendo uma resposta. Deixei que meus lábios procurassem os seus outra vez, tentando adiar uma resposta, não sabendo dizer simplesmente sim ou não. Alec afastou nossos lábios e suas mãos desceram até minha cintura, fazendo me parar os movimentos sutis que eu ainda fazia sobre ele. Enquanto seu olhar tentava obter uma resposta do meu. Suspirei. Por muito tempo o matrimônio não foi um objetivo meu, mas de uns tempos para cá, o modo como temos lidado com nosso relacionamento tem me feito reavaliar certas coisas de minha vida, inclusive o casamento. Tudo aquilo que ele havia falado se resumia ao que eu pensava vez e outra. Nos conhecemos a um pouco mais de cinco anos, mas estamos juntos a dois e meio. Nossa relação desde o início, até mesmo quando não estávamos oficialmente juntos foi assim, objetiva, não tínhamos ideais fantasiosas acerca de nós, mas tínhamos objetivos. Éramos pessoas idênticas, trazíamos a superfície de nós a razão antes da emoção, um pouco calculista, mas isso nos ajudava a lidar com tudo com calma, no tempo que estamos juntos nos desentendemos por coisas bobas, mas nunca brigamos pelas mesmas e tão pouco dormimos brigados, porque quando tudo entrava nos trilhos novamente, a emoção vinha a superfície e nos amávamos um pouco mais. Nunca havia vivido algo semelhante, não que eu tivesse uma experiência vasta acerca de relacionamentos afinal, aquela era minha segunda experiência, e a primeira não tinha sido assim, sendo um relacionamento de adolescência, vivi nele apenas a parte se sonhos, dramática dela, claro tive algumas experiências com ela que me ajudaram muito na fase adulta, mas o que tinha agora parecia mais real, concreto e isso tornava a minha relação atual mais intensa. E agora olhando Alec tão vulnerável, tão à mercê, me faz querer casar-me com ele. Não que eu goste de estar em uma posição superior ou algo assim, mas Alec apesar de ser considerado o melhor no trabalho, tem uma certa fama de ser rígido, autoritário, e ele por si só tem uma presença dominante. Mas fora do trabalho as coisas mudam, eu sempre impus minhas vontades desde o início de tudo, mas sinto que Alec não me dá espaço porque eu quero, sinto que é algo natural que ele faz por simples prazer. — Vamos sair daqui a água está ficando fria — Tento afastar-me de seus braços. Mas as mãos firmes de Alec firmam minha cintura me mantêm conectada a ele. — Estou falando sério, querida — Sua voz assumiu um tom mais brando — Quero me casar com você... — Eu sei... — Se achar que é cedo, ou algo assim, eu vou entender... — Seus dedos acariciaram os meus, eu sorri, uma das coisas que mais amava em Alec, era sua compreensão, não importava quanto algo o afetava, ele sempre procurava uma maneira de entender. Abri a boca para pronunciar uma resposta, mas a voz de Alec reverberou mais uma vez — Seria maravilhoso tornar o que temos oficial, por meu sobrenome no seu nome. Mas se você não se sentir pronta... — Alec... — Desisti de adiar uma resposta, nunca fui uma pessoa muito confiante, talvez essa fosse a causa de ter me tornado uma pessoa cautelosa, mas nada parecia mais atraente e certo do que a ideia de dizer sim a ele. — Grace — Uma voz distante me chamou, eu a ignorei e tentei focar no rosto de Alec que parecia desfocar pouco a pouco, o que estava acontecendo? — Alec... — Eu o chamei, sentindo-me apreensiva. — Grace...Alec... — A minha voz se misturou a mesma voz que me chamava a pouco tempo, eu mais uma vez a ignorei. — Alec — O procurei na escuridão que me envolveu — Não me deixa, por favor... — Minha voz falhou. — Grace — A voz que antes era apenas um ruído de fundo, soou mais alta, fazendo me levantar abruptamente do que fosse que estava deitada, meu corpo chocou contra algo, logo constei ser as mãos de minha mãe, seu olhar me avaliava com certa confusão, junto de seu acompanhante. — Eu estou bem... — Murmurei, não sei o porquê de ter falado isso, mas sei que soou falso, muito falso. — Você praticamente caiu sobre meus pés, Grace, e seu semblante revela muita coisa... Menos estar bem — Os olhos de minha mãe me estudaram — O que está acontecendo, Grace? — Eu estou bem... — Murmurei novamente, mais para mim do que para ela, e me perguntei instantaneamente se algum dia eu de fato estaria... bem. — Eve... — O homem que até então estava em silêncio pairado sobre nós a chamou, se antes eu tinha alguma dúvida sobre a relação deles, o apelido íntimo, a mão pairada sobre seu ombro e o modo como seus olhos a olharam com certa devoção juvenil, baniu ela — Acho que Grace precisa de um tempo... — Ele lhe deu um sorriso fraco, e voltou sua atenção para mim, eu tentei sorrir em agradecimento, eu tentei ao menos acenar, mas apenas o olhei com uma sensação estranha pairando sobre mim. Sem ânimo para lidar com qualquer coisa, abaixei a cabeça. Minha mãe fez a menção de falar algo, e se eu ainda a conhecesse bem, poderia dizer que seria um protesto, mas ela aparentemente escolheu voltar atrás, o que para mim era estranho... — Você conhece o caminho para o seu quarto... — Murmurou ela, mesmo sabendo que ainda havia dois pares de olhos me avaliando, eu fechei os olhos por alguns segundos, tentando controlar mais uma onda de choro, sentindo que recuperei ao menos um terço do meu controle, abri meus olhos e sem dizer uma palavra levantei-me do sofá com as pernas meio bambas e me obriguei a caminhar para o corredor que me levaria ao quarto onde uma Grace adolescente buscava refúgio.   Ele poderia ao menos acolher uma Grace adulta dilacerada?
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