A Monstrinha da Lombardi Concept - Parte 1

2122 Words
Sebastian Em alguma academia nós arredores de Manhattan. A bola de basquete estalava sobre o piso da quadra quase tão alto quanto o assobio estridentes de nossos tênis deslizando a cada jogada. O basquete era como uma válvula de escape em momentos de estresse, e hoje era um dos dias mais enervantes da minha vida; e tudo por culpa de Victor Lombardi, CEO e proprietário da Lombardi Concept, simplesmente a maior empresa de marketing dos EUA, éramos responsáveis por assinar campanhas das maiores e mais exclusivas marcas do mundo, todas voltadas para o entretenimento e esportes; porém, recentemente, havíamos conquistado o contrato da nova coleção de tênis da Casa Gucci, um lançamento fenomenal que contou com a atuação direta das mentes mais criativas do marketing da Lombardi : o próprio Victor Lombardi, Milla Sanchez (Especialista em Marketing Femenino ) e eu, Sebastian Poulin. A campanha recebeu diversos prêmios, gerou um lucro milionário e , o mais importante, abriu as portas na Casa Gucci para uma nova parceria com a Lombardi. A notícia se espalhou rapidamente e ficou claro que Milla e eu disputaríamos a conta com todas as armas disponíveis. -Você é o cara. - Steve repete pela milésima vez. -Eu sou o cara! - esbravejo. Arremesso a bola com toda a minha energia e acerto a cesta de três pontos. - Ahh! - sinto a adrenalina agitar minha pele com aquela simples vitória. -A conta é nossa. - ele recupera a bola no rebote e vem até mim no centro da quadra. - Depois daquela apresentação, não importa quantos MBAs a Sanchez tenha, a conta é nossa. - O problema é que boa parte do lançamento é voltada para o público feminino e a pegada que eles querem é sofisticada e arrojada.- levo a mão aos meus cabelos, as mechas castanho claro aos poucos estavam ganhando cada vez mais fios grisalhos. Era um detalhe mais maduro e charmoso, segundo meu Barbeiro. Minha mãe dizia que era fruto da vida estressante e desregrada de noites regadas a farra e pouco sono. Provavelmente os dois estejam certos. - Não seja pessimista . - ele lança a bola de volta. Steve era um excelente amigo e parte fundamental da minha equipe desde os tempos de faculdade. Formávamos o time vencedor quando o tema era esportes, mas passávamos bem longe do necessário para alcançar a sensibilidade que Milla tinha por natureza e formação acadêmica. Juro que já vi gente chorando em uma de suas campanhas, não vou dizer que foi o Steve porque ele me fez jurar que jamais voltaria a tocar no assunto. -A Sanchez pode ter feito um storyboard lindo, ter desenvolvido uma linha poética e romântica.. - ele segura meu braço. - Mas quem liga para isso? - a confiança em sua voz era de dar orgulho. - O Victor. Viu a cara dele? Não dava para "Tampar o Sol com a peneira", a Milla tinha anos de experiência na área Feminina, e por mais que debochassemos de todos aqueles diplomas na parede da sala dela, os prêmios que ela ostentava chancelavam toda a sua proficiência naquele nicho. No fundo, mesmo confiando demais no meu trabalho e na minha equipe, eu sabia que seria difícil vencer a competição. - Não reparei. - ele sorri. Pra falar a verdade, todo aquele otimismo estava me dando nos nervos, mas nocautear meu melhor amigo não era uma ideia muito boa. - Eu vi a cara dele quando apresentamos a nossa ideia. Ele adorou cada linha nossa proposta. Ficou completamente absorto no cenário, a natureza, os cavalos; e achou simplesmente tocante a sua visão de escolher uma modelo nova e natural. Nas palavras dele, brou : " É tudo o que a marca quer ." - Ele abriu os braços em satisfação. - Hum-hum. - cubro o rosto com as mãos. - Eu só queria que ele desse logo a resposta. Para que esperar até o coquetel da empresa? - jogo os braços pro alto em irritação. - Eu não quero receber um "não " em uma d***a de bar cheio de colegas de trabalho. - Segurança?- ele dá de ombros. - O Victor conhece o gênio forte da Milla e o seu também. Eu duvido que ele arriscaria dizer "não" para qualquer um de vocês sem uma plateia de testemunhas. Falando nisso..- ele acerta o indicador no relógio de pulso. - Já estamos na marca do tempo. Preciso de um banho.. - ele ergue o braço esquerdo e respira fundo. - Céus! - sai meio atordoado com o odor. - Nos vemos no Clends . - fico parado observando meu amigo partir. - Eu sou cara! - arremesso a bola no aro uma última vez. ***** Algumas horas depois, na sala VIP do Clends O Victor podia ser um tanto narcisista, mas também era justo. Em sua empresa não fazia distinção dos setores e costumava honrar todos os funcionários por mérito funcional. E, lá no fundo, eu sabia que ele tinha um bom coração. Contudo, isso não me impediu de perder a cabeça e gritar feito um louco em meio a área VIP do Clends. -Faça a gentileza de se conter. - ele tira o lenço do bolso e acerta em mim. Victor Lombardi era um homem excêntrico e feroz, um campeão nato; e em seus setenta e cinco anos de idade ainda conservava o vigor de uma das maiores mentes do marketing mundial. Sua fortuna era uma da maiores do país e o sobrenome Lombardi era parte da nata mexico-americana. Certa vez, ouvi da Andrea, a secretária do Smith e fofoqueira oficial da empresa, que os Lombardi chegaram a América junto com Cristóvão Colombo, mas acho que era mentira. - Faça a gentileza de explicar como você pretende entregar a MINHA campanha para a Milla! Vai me jogar de escanteio como uma trouxa de roupa suja? Indignação, irá e amargura jorravam da minha voz. Eu aceitaria a derrota como um bom perdedor, se esse fosse o caso, só que não era. O meu projeto tinha sido escolhido e ele, intencionalmente, decidiu entregar para a Sanchez. - Não seja tão dramático. - ele bate o pé no chão. - Eu submeti as duas ideias ao cliente. - fala tranquilamente. - Ficou óbvio que a sua foi a escolhida, mas eles pensaram que o projeto foi desenvolvido pela Milla. - Ah! E porque você não disse que o melhor é o MEU?! - levo as pontas dos dedos as minhas têmporas. Minha cabeça ia explodir antes dessa noite terminar. - Eu disse. - sua mão alcança uma taça de champanhe que estava sobre a bandejas de um dos garçons que acabava de entrar na sala. - Mas, como você sabe, você e sua equipe não possuem um portfólio voltado para o público alvo. - ignorando minha cara de poucos amigos, Victor beberica o champanhe como se meu mundo não estivesse desabando. - Delicioso.. - ele supira de satisfação. - Victor! - rosno. Os garçons, percebendo a animosidade do ambiente, decidiram por sair de fininho. - Está certo. - ele deixa a taça sobre uma mesa qualquer e volta a me dar atenção. - Eles me perguntaram se eu me sentia a vontade de entregar milhões de dólares de uma campanha como a deles para alguém que só trabalhou com artigos esportivos e canais voltados para esse nicho. - Isso só pode ser brincadeira, Victor. - Steve se deixar cair sentado em um sofá qualquer. - Sabe o quanto nos esforçamos para criar essa visão? - Eu sei. E fiquei muito impressionado com o esmero da equipe de vocês. Fiquei tocado. Nunca imaginei que vocês pudessem ser tão sensíveis. - Não adianta me bajular, Lombardi. - me aproximo e aponto o dedo bem no meio do peito dele. - Nem por cima do meu cadáver eu entrego a campanha para aquela megera da Milla. - aponto para figura alinhada que acabava de entrar no bar. Milla é uma bela mulher em seus 38 anos; os cabelos ondulados em tom loiro caíam por sobre seus ombros nus; o vestido tomara-que-caia bordo se ajustava como uma segunda pele em seu corpo esbelto. - A escolha não é sua. - ele me empurra. - A sensibilidade da campanha não é só na pré-produção, vocês têm que ter um olho cirúrgico para ir além do que está no papel. Tem que fazer cada uma daquelas mulheres se apaixonar pela nova coleção - Esse é quem eu sou ! Victor, eu tive e tenho as maiores beldades aos meus pés em um estalo de dedos.. Não haja como se não soubesse disso. - dou as costas para ele. Apoio minhas mãos na sacada do camarote e observo. - Eu não preciso de mais do que dois encontros para fazer qualquer mulher enlouquecer. - bato as mãos com firmeza sobre o metal frio. - Prove. - ele se aproxima. - Não com dois encontros, mas 10. Te dou 10 longos e preciosos dias para fazer uma mulher se apaixonar. - O que? - Steve aparece ao nosso lado. - Isso é sério? - Sim. Seríssimo. - ele bate as mãos em sinal para que eu me afaste da sacada. - Prove a sua visão. Me mostre mais do que paixão carnal, Sebastian. Eu não quero mulheres fracas por um corpo sarado. - fala com desdém apontando pra mim. - Eu quero brilho nos olhos. Quero luz. - Você só precisa escolher.. - estendo a mão em direção ao salão. Não seria difícil conquistar qualquer uma daquelas, algumas já tinham passado pela minha cama. - Sem nenhuma objeção de sua parte? - ele se aproxima mais. - A sua escolha. - sorrio. - Ótimo. - um largo sorriso se desenha em seu rosto. Ele se vira para as dezenas de mulheres. - Espera. - Steve o segura pelos ombros fazendo com ele se volte para ele. - Antes, eu quero a sua palavra que a campanha permanecerá em nossas mãos até o final dos dez dias…. - Isso. Bem lembrado, brou. E quero a sua palavra que a campanha vai ser minha no final dos 10 dias.- seguro a mão direita dele com a minha. - Quero a sua palavra de honra. - De acordo.. - ele retribui o aperto. - Porém, a campanha só será sua, se, e somente se, eu ver brilho nos olhos da pobre mulher que eu colocar sob seus cuidados. - De acordo. - Steve põe as mãos sobre as nossas. - Ótimo.. - ele sorri. - Bem ali.. - ele tira a mão das nossas e aponta para final do bar. - Cristina Fernandes já é casada. - observo a loira em um belo vestido que contornava de forma generosa seu corpo. - Não acho que seja muito decente, mas .. - Pelo amor de tudo que é sagrado, Bastian.. - ele acerta um t**a na minha cabeça. - O que você tem na cabeça? - Mas.. - Calado! - ele agita as mãos.- Estou falando da monstrinha da contabilidade. - Quem?! - Steve e eu gritamos ao mesmo tempo. - Ah.. - revira os olhos. - Estou falando da menina Liz. - ele aponta outra vez para direção onde Cristina estava. - Está cego! - ele segura minha cabeça e empurra para a direção que ele quer. - De óculos e cabelos de parafuso. - Não. NÃO! Não mesmo. - meus olhos caem sobre uma criatura pequena vestida feito uma idosa. - Ela nem deve ser funcionária. - olho fixamente para aquela confusão de cachos que adornava sua cabeça. - Só pode ser penetra. - não existia outra opção. Não era como se uma criatura daquela pudesse ser esquecida, se ela trabalhasse na mesma empresa que eu, eu lembraria. - É a assistente do Soares. - Jura? - os olhos do Steve estavam a ponto de saltar da face. - Isso é mentira. A Alice é assistente do Soares. - coloco as mãos no cabelo.- Como pode mentir desse jeito, Victor? - A Alice é secretária do Soares, aquela monstrinha e a assistente do VIP de Finanças. A pequena Liz é… Digamos que.. Muito tímida. Não gosta de aparecer. Só fala com as secretarias ou com o Matheus, o gerente de compras.. - ele aponta com desinteresse. - É claro que eu vou entender que o macho alfa da Lombardi Concept não seja CAPAZ de fazer uma mulher assim se apaixonar. Ter carinho e brilho nos olhos por ele. Eu entendo, Bastian. - ele começa a examinar alguma coisa em suas unhas. - A Marcela é perfeitamente capaz de cuidar da campanha. - Nunca! NUNCA! AMANHÃ. - agarro as lapelas do blazer dele. - Amanhã, você terá uma piscina de amor transbordando daqueles olhos fundo de garrafa.
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