Capítulo 1 - Sophie D'Angelo
— ... ele é mais lindo e sexy* pessoalmente.
Duas garotas conversam animadas ao meu lado, não sei se estão tentando disfarçar ou chamar atenção.
Eu odeio essas festas da máfia, odeio qualquer tipo de festa, lugares lotados não fazem meu tipo. Preferiria estar em casa, mas de vez em quando tenho que dar o ar da graça.
— Daria tudo pra ver a cobra do Damon.— A conversa delas chama mais minha atenção ao falar o nome conhecido.
— Dizem que é enorme, e que ele sabe muito bem como usar.— A outra garota completa.
Do outro lado do salão está o motivo da conversa, Damon conversa com meu irmão e Oli. Como se sentisse os comentários à seu respeito, vira a cabeça em nossa direção, os olhos dele se fixam em mim.
Esses olhos me causam calafrios.
Os cantos de sua boca levantam, formando um sorriso sarcástico. Esse não é um sorriso normal igual o meu e o seu... parece mais um sorriso de vilão... prestes a desgraçar sua vida.
Como alguém consegue ser tão amedrontador e bonito ao mesmo tempo?
Sacudi a cabeça, espantando esses pensamentos. Logo Anya, Athena e Belle chegam ao meu lado conversando sobre o casamento.
Foi um pouco inesperado Reinier ter pedido Anya em casamento no meio da festa. No final todos já sabiam que meu fratello queria oficializar sua relação.
O sorriso que meu irmão tem no rosto chega de orelha à orelha, ele batalhou muito para se redimir e ter outra chance com Anya.
Os dois formam um casal lindo.
A festa já está chegando no final, posso respirar aliviada, logo poderei tirar esse vestido e ir para a minha caminha. Estava comemorando cedo demais, Anya e Athena me arrastam para a garagem onde Damon mostra os carros novos que comprou para Oli.
Conheço Damon Wallerius desde sempre, igual sua irmã Anya, e os meninos da família Lynch. Mesmo não sendo amiga, nem mesmo próxima dele, sabia algumas coisas à seu respeito. Além de ser um mulherengo sarcástico, ele tinha paixão por carros e motocicletas de alto desempenho, faltava dedos em minhas mãos para contar os carros esportivos que ele tinha.
Ficamos algum tempo esperando até meu fratello se juntar à nós, ele abraça sua noiva.
— Vamos dar um passeio?— Damon aponta para os três carros esportivos.— São meus novos brinquedos.
— Vamos.— Reinier responde.
— Três carros, três duplas.— Damon olha para as cinco pessoas ao seu laco.
— Eu vou com o Oli.— Athena já leva seu parceiro para o carro.
Assim sobrando duas opções para mim, ir com meu irmão ou com Damon.
A última coisa na face da terra que queria era entrar num carro que chega à 300 por hora com Damon de motorista. Mas me parecia injusto separar o recém assumido casal.
— Eu vou com o Damon, e você Sophie com o Reinier.— Anya toma a frente.
Vejo no olhar dos dois que eles queriam ir juntos, Anya apenas se dispõe por causa do meu medo bobo.
— Pode ir com seu noivo, vou com o Damon.— Digo.
Fecho os olhos pedindo à Deus para não me arrepender.
— Isso aí, Ratinha.— Damon me ergue com apenas um braço me levando para o carro.
Mal consigo racionar direito, quando dou por mim estou sentada no banco do carona com ele dando a partida. O carro faz um barulho alto, mostrando como é potente. Melhor colocar o sinto de segurança.
Minhas mãos começam a tremer, mostrando o medo presente em meu corpo, isso impede que consiga afivelar o cinto. Damon se inclina em minha direção, ele ajeita o cinto para mim.
Sua boca volta a ter aquele sorriso debochado.
— Não precisa ter medo de mim, Sophie.
Preciso sim.
Viro o rosto para o lado, evitando aqueles olhos sombrios. Os três carros saem para a rua, cada um segue por um caminho.
Fecho meus olhos com força quando escuto o barulho do motor ficar mais alto. Escuto a risada de Damon.
— Você está tremendo igual uma ratinha assustada.— Conseguia sentir o sarcasmo em sua voz.— Não vou andar rápido, não quero que você se esconda debaixo do banco.
Abro meus olhos devagar, ele não está indo rápido mesmo. Consigo respirar aliviada, a coragem que tive para vir com ele foi momentâneo e passou rapidinho.
Damon nunca fez nada que justifica-se esse medo que sinto. Ele apenas tem um jeito agressivo que prefiro ficar longe. Como se meus instintos de sobrevivência dissessem que ele é perigoso.
Ele baixa o vidro, colocando um cigarro na boca.
— Não se incomoda se eu fumar?— Pergunta antes de acender.
— O carro é seu.— Digo apenas.
Ele risca o isqueiro, a chama toca a ponta do cigarro.
— Algumas pessoas se incomodam com cheiro da fumaça.— Dá uma tragada soltando a fumaça.— Ao contrário do parece ainda tenho educação.
— Pappa fuma, já estou acostumada.
Damon não parece se preocupar com os outros gostar ou não dele fumando perto das pessoas.
O vento que entra pela janela bagunça meus cabelos, olho pela janela aproveitando a vista noturna da cidade.
— Vamos dar uma volta e já te levo para casa.— Fumaça saí por sua boca e nariz.— Sei que não gosta da minha companhia.
Deixei muito claro que estou apavorada, sinto um pouco de culpa, como falei ele nunca fez nada que justifique minhas ações.
— Po-podemos andar mais um pouco...— Minha voz falha.
— Seu coração está batendo tão alto que posso escutar daqui.
— Não exagere.— Digo não tendo muita certeza.
— Então não está com medo?
— Não.
— Nem você acredita nisso.— Volta a sorrir.
Ele acelera o carro, me agarro no banco, meu coração parece que vai sair pela boca. Liga o rádio, colocando uma música que não conheço, a batida é envolvente.
Observo como seus dedos cheio de anéis batucam o volante no ritmo da música. Também consigo ver a cabeça da cobra tatuada um pouco acima de seu pulso, tatuagem símbolo dos Wallerius.
O vento entra mais forte no carro, permito esquecer o medo, aproveitando a sensação de liberdade. Percebo que o caminho que tomamos é de volta para minha casa.
Quando o carro para na frente da mansão, não consigo evitar de sorrir aliviada.
— Obrigado pelo passeio.— Digo tirando o cinto.
— Quando quiser repetir a dose é só me avisar.
Nem nos meus pesadelos.
Dou me melhor sorriso saindo do carro, vou direto para meu quarto.
Mesmo depois de um banho demorado, meu coração não se acalmou do passeio com Damon. Isso vai para o tipo da lista de coisas mais perigosas que já fiz.
[...]
O sinal anuncia o final da aula, ajeito minhas coisas na bolsa com rapidez, Gemma está me esperando. Ao alcançar o pátio vejo os cabelos compridos e escuros de Gemma, mesmo de costas sei que é ela.
Toco seu ombro, ela se vira com um sorriso.
— Tem uma notícia boa para te dar, Sophie.
O sorriso dela brilha mais que o sol.
— Qual?
— Meus pais não vão estar em casa amanhã, você pode dormir lá.
Meu sorriso vai aos poucos morrendo, sei bem o que Gemma queria, e estava cada vez mais difícil fugir dela.
— O que foi, Sophie?— Ela percebe meu descontentamento.— Nós estamos juntas à mais de seis meses... qual vai ser sua desculpa agora?
Gemma era minha namorada, e mesmo me sentindo pressionada, eu amava ela e queria fazer... Apenas não me sentia pronta para o próximo passo.
— Não é nada disso.
— Então você vai dormir na minha casa amanhã?
A pergunta dela era mais como uma intimação, não podia haver resposta negativa.
— Vou sim...
O sorriso volta para o rosto de Gemma, ela beija minha bochecha.
— m*l posso esperar por amanhã... vai ser nossa primeira noite, Sophie.
Enquanto Gemma me dava uma segundo beijo na bochecha, um nó se formava na minha garganta.
Essa conversa era pauta frequente entre nós, tinha fugido inúmeras vezes. Até minha namorada me encurralar, chegando ao dia de hoje, onde não tive escapatória ao não ser ceder.
*Muito bem meninas, chegou finalmente o livro da nossa amada serpente Damon.
Preparem-se para fortes emoções, vocês vão amar, chorar e queimar de desejo.
Não esqueçam de comentar e doar bilhetes.
Lembre-se: todo Damon é apocalíptico.
Nem todo Damon,
Mas sempre um Damon.