O mesmo cara de antes . cap .05

1107 Words
Angeline Müller (Angel)  A semana passou voando. Nem acredito que já é final de semana. As aulas na faculdade estão indo bem — e, surpreendentemente, eu e Luana estamos cada vez mais próximas. Acredito que até posso chamá-la de amiga. Ela é engraçada, alto astral, daquele tipo que ilumina qualquer lugar com uma piada i****a e um sorriso sincero. Hoje vamos ao shopping. Não que eu conheça muitos lugares por aqui, mas sair com ela vai ser bom. Ainda estou deitada, enrolada no cobertor como se o mundo lá fora não existisse. Pego o celular e tento ligar para a minha mãe. Chama algumas vezes, mas cai na caixa postal. Provavelmente ainda está dormindo ou ocupada com o Thalles. Me viro na cama... e volto a dormir sem culpa. Acordo com o sol já invadindo o quarto e um susto me faz olhar o relógio. Quase dez da manhã. A notificação do w******p brilha na tela. É da Luana. Luana: Ei, Angel! Esqueceu da nossa voltinha no shopping? Se topar, me manda teu endereço que passo aí. Beijos 😘 Droga. Tinha esquecido completamente. Eu: Oi, Lu! Claro que não esqueci. Nosso passeio está de pé! Beijos 💕 Tiro print do meu endereço no GPS e envio pra ela. Depois vou direto fazer minha higiene e preparar um café reforçado — do jeito que a Luana fala, essa ida ao shopping vai parecer uma maratona. Já é quase duas da tarde quando volto pro quarto e começo a escolher o que vestir. Opto por um vestido confortável e fresco, tênis branco nos pés e um r**o de cavalo bem alto. Simples, mas arrumadinha. Do jeitinho que gosto. Pego o celular e aviso que já estou pronta. A resposta vem em segundos: Luana: Tô chegando, gata! 🔥 Enquanto espero, decido tentar falar com o Igor. A saudade dele aperta às vezes, e o silêncio entre nós tem machucado mais do que eu esperava. Ligo. Ligação on — Angel? — Igor... oi. Tudo bem? — Que surpresa boa. Não esperava sua ligação. — Estava com saudade. Espero não estar te atrapalhando... — Você nunca atrapalha, linda. Eu... também tô com saudade. De ouvir tua voz, de te beijar. — Eu também. Tô contando os dias pra te ver. — Eu tô louco pra isso acontecer. Me desculpa de novo por tudo... — Tá tudo bem, Igor. A gente tá lidando do jeito que dá. — Eu sei. Mas às vezes fico com medo... de te perder pra essa cidade. — Não precisa. Eu continuo sendo sua. — Isso me acalma. — Depois a gente se fala, tá? Tô saindo agora. — Tá bom, linda. Te amo. — Também te amo. Ligação off Mal desligo, escuto a buzina lá fora. Pego minha bolsinha e saio. — Oi, Angel! — Luana grita da janela, com um sorriso enorme. — Oi! Pronta pra gastar o que não temos? — Sempre. No caminho até o shopping, falamos sobre tudo e nada. É fácil rir com a Luana. E ela é direta — muito direta. — Angel, posso te perguntar uma coisa? — Claro. — Você tem namorado? — Tenho. E você? — Sim. O Tom. Gato, ciumento e meio pancada, mas eu gosto dele. — Faz muito tempo que vocês estão juntos? — Vai fazer um ano, acho. E você e o Igor? — A gente se conhece desde criança. As famílias são amigas. Crescemos juntos... e quando viramos adolescentes, ele me pediu em namoro. — Awnn, amor de infância. Que fofo. E agora estão tentando o namoro à distância? — Exatamente. — Isso exige coragem, viu? — É... exige. — Chegamos! — ela anuncia, já procurando vaga pra estacionar. Entramos no shopping e ela já está com os olhos brilhando. — Pra onde vamos primeiro? — pergunto. — Loja de lingerie, claro! Quero surpreender o Tom hoje à noite. — Lingerie? — Isso mesmo. E você devia escolher uma também. Pro Igor. — Luana, não precisa... — Angel... não me diga que você e o Igor ainda não... né? — Shhh... fala baixo! Ela arregala os olhos, surpresa. — Sério? — A gente prometeu esperar o casamento. — Gente! Achei que isso só existia nos livros! — Pode rir. Mas foi uma escolha nossa. — Tudo bem, mas você vai aceitar esse presente. — ela diz, me entregando uma peça vermelha e rendada. — Guarda. Um dia você vai me agradecer. Dou risada e aceito, com o rosto queimando. Passamos a tarde toda andando, conversando, experimentando roupas, comendo besteira e rindo como se fôssemos velhas amigas. Quando voltamos pra casa, estou morta. Segunda-feira Mais uma semana começa. Me arrasto até o banheiro e tomo um banho gelado pra acordar de verdade. Me visto com uma calça jeans, blusa básica e tênis. Prendo o cabelo num coque improvisado e pego minhas coisas. Chegando na universidade, dou de cara com a Luana. — Angel! — ela me chama, empolgada como sempre. — Vem cá, deixa eu te apresentar o Tom. — Prazer, Tom. — digo, estendendo a mão. — O prazer é meu, Angeline. — ele responde com um sorriso educado. — Já volto, gente. Preciso ir ali rapidinho. — Vai lá! A gente se vê na sala. — diz Luana. De volta à sala de aula, me sento no meu lugar de sempre. Estou distraída quando escuto a voz da Luana. — Miga! Adivinha quem tá de volta? — Quem? — O professor Henry. O Fontinelle. O gostoso. — E isso é motivo pra felicidade? — Claro! Pena que sou comprometida, senão… E como se fosse ensaiado, a porta se abre. Ele entra. O homem dos esbarrões. O olhar intenso. O sorriso contido. O mesmo que mexe com meu juízo cada vez que aparece. Ele se apresenta, fala dos seus currículos, e por fim diz que quer conhecer a turma. Um a um, os alunos vão dizendo seus nomes. Até que ele olha diretamente pra mim. — E a senhorita? Como se chama? Engulo em seco. — A-Angeline Müller. — Certo, senhorita Müller. — ele diz com um leve sorriso. Nosso olhar se cruza. E eu sou a primeira a desviar. — E aí, Angel? Ainda acha que ele não é lindo? — cochicha Luana ao meu lado. — Nem reparei... — minto, enquanto minhas bochechas queimam. A aula segue, e mesmo com as meninas suspirando, tentando chamar atenção e jogando cantadas discretas, o professor apenas sorri de canto e balança a cabeça. Frio. Profissional. Intocável. Mas, em certos momentos, tenho a impressão de que ele olha pra mim… como se visse algo que ninguém mais vê. E isso me deixa perigosamente sem ar.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD