HENRY FONTINELLE O trajeto até o prédio dela foi silencioso. Mas não aquele silêncio leve, confortável. Foi denso, cheio de tensão, como se cada respiração dela me acusasse de algo. E, de certo modo, estava certa. Ela não disse uma palavra. Ficou ali, olhando pela janela, com a expressão fechada... que a deixava ainda mais linda. Linda de um jeito que me fazia querer parar o carro e beijar cada centímetro da sua pele molhada de chuva. Estacionei em frente ao prédio e ela tentou sair assim que o carro parou. — Já chegamos. Agora me solta, quero entrar. — disse, firme, irritada. Segurei seu braço suavemente. — Espera um momento... Ela virou o rosto em minha direção, olhos cheios de raiva e frustração. — O que você quer, Henry? Além de me enlouquecer? — Não quero enlouquecer ninguém

