Vida

1247 Words
Depois da noite que passou no apartamento de Fernanda e Gustavo, Gutemberg passou a fugir do irmão e da cunhada, como se fugisse de um monstro que o perseguia. Não tinha coragem nem mesmo de atender aos telefonemas. Se o período que a cunhada e o irmão passaram nos Estados Unidos já era difícil de falar com Gutemberg, em solo brasileiro era ainda mais complicado, porque ele desligava o telefone. Ele fugia porque não via outra opção. Gutemberg se refugiava na fazenda que tinha no interior de Formosa, Goiás. Era a única maneira de não retornar ao apartamento do irmão para ver Fernanda, mas ainda assim, o amor que sentia por ela parecia transbordar de tal maneira que o ar faltava no peito. E ainda tinha o desejo desenfreado que parecia querer matá-lo a qualquer momento, pois, em toda a sua vida, nunca tinha desejado uma mulher como desejava àquela. Assim ele ia vivendo, enfiado dentro da sua fazenda, trabalhando até a exaustão para que a imagem de Fernanda não o tentasse e apesar de todos os seus esforços, durante o seu sono, ela o abraçava, o beijava e ele acordava ex.citado, chamando o nome dela. E naquela noite foi exatamente assim. Ele acordou completamente duro e ex.citado, não conseguiu mais dormir, se vestiu, selou um cavalo e saiu pela fazenda, até que acabou saindo de sua propriedade, e descendo do animal quando chegou a uma festa de boiadeiro que acontecia nas redondezas. Pegou uma garrafa de bebida e prometeu para ele mesmo que não ficaria embriagado, porque precisava voltar para sua fazenda e cuidar do que necessitava, quando o dia amanhecesse. Mas ficou por ali escutando moda de viola, vendo alguns casais dançarem e mais uma vez desejou poder, ao menos, abraçar a cintura da cunhada. Em que tipo de homem tinha se transformado? Que tipo de irmão era? Por ter aqueles sentimentos pela mulher do seu irmão gêmeo. Nem ele sabia como aquilo tudo começou, quando o carinho fraterno se transformou em amor. Não sabia quando o amor se transformou naquela volúpia imensa que sentia por Fernanda. Ele não fazia ideia como deixou aquilo acontecer, só sabia que não foi proposital. Gutemberg não tinha e nunca teve a intenção de se meter no meio do casamento do irmão ou de desrespeitar aquela mulher doce, mas o sentimento cresceu, o desejo floresceu e ele não sabia como se livrar daquilo tudo, pois achava que morreria de amor a qualquer momento. A verdade era que ele não suportava mais aquele sentimento que parecia ser uma loucura. Deu mais um gole na bebida. Estava sentado no mesmo lugar, e foi quando uma mulher se sentou ao lado dele. Os cabelos eram mais escuros que os de Fernanda e não chegava aos pés dela, pelo menos para ele. A mulher ainda tentou puxar conversa, mas ele se mostrou indisposto, mas no fim resolveu tentar. Talvez achasse uma mulher que o satisfizesse ao menos sexualmente e conseguisse ao menos esconder o que sentia por Fernanda. Talvez funcionasse. Pediu um refrigerante e uma dose de vodca, então ofereceu para a mulher ao seu lado que era bonita e sorridente. Depois de conversas aleatórias, arrumou um carro com seus funcionários que estava por ali e convidou a mulher para passar a noite com ele. Não a levou para sua fazenda, não gostava de desconhecidos ou de uma mulher que era somente uma transa passageira em sua casa. Assim, Gutemberg a levou para o hotel mais caro que tinha na cidade, mas, antes parou em uma farmácia e comprou preservativo. Ele não tinha relações desprotegidas, algo que sua mãe tinha enfiado na cabeça dos filhos e ele levava para a vida. Era cuidadoso e mesmo que estivesse descompassado, ainda se lembrava das coisas que a mãe dizia. Assim que entraram no quarto, Gutemberg puxou a mulher para os braços dele, mas a imagem de Fernanda não desaparecia de sua mente, o sorriso dela ainda estava ali. Mesmo assim fez um esforço e se obrigou a esquecer a cunhada, era o que precisava fazer. O sexo começou de uma forma boa, mas em algum momento a mulher reclamou de estar sendo machucada. Ele parou. — Quer ir embora Cássia? — Gutemberg perguntou. — Carla, meu nome é Carla.. Gutemberg sabia que não estava sendo delicado, porque não existia sentimento, carinho, cuidado ou nada parecido. Logo ele saiu de dentro dela e xingou, realmente estava irritado, afinal a excitação que sentia não era por aquela mulher nua e bonita que tinha em seus braços, a excitação era pelo desejo exacerbado que sentia pela doce cunhada. — Vista-se e vai embora. — Foi o que Gutemberg pediu para a mulher. Carla, logicamente, não gostou de ser dispensada sem mais nem menos. A mulher achou que ao reclamar da dor e do incômodo, ele ficaria mais carinhoso, mas longe disso, estava sendo dispensada. — É só ser mais cuidadoso, faz muito tempo que tento chamar sua atenção e quando finalmente consigo é assim que me trata? — Eu não tenho absolutamente nada para oferecer e se é carinho e amor que está procurando, não sou eu que proporcionará isso a você. Vá embora. A mulher se levantou e foi para o banheiro se vestir. Gutemberg sabia que estava sendo um babaca, mas não tinha o que fazer, não conseguia nem mesmo ser mais cordial como era alguns anos atrás com as mulheres que passavam em sua cama. Mas no fundo sabia que não era o irmão carinhoso. Quem tinha herdado a parte dos genes de carinho e amor era Gustavo, era Gustavo que entendia da arte da conquista. Gutemberg era mais rústico, mais grosseiro e tinha calos nas mãos. Viu a mulher partir com raiva, sem olhar para ele. Provavelmente, nunca mais iria olhar em seu rosto, mas não podia fazer nada quanto aquilo. Gutemberg continuou no quarto e, de repente, se lembrou do elástico de tecido que estava nos seus cabelos e era de Fernanda. Logo tirou dos fios na esperança de que restasse algum cheiro daquela mulher. E restava. Sem pensar, sem se lembrar que aquilo era uma falta de respeito com irmão, prendeu a elástico de cabelo na base do pênis e se masturbou com o nome de Fernanda nos lábios. Foi impossível não fazer, já que do jeito que estava não conseguiria nem fechar a calça para voltar para casa. Mas assim que terminou, a culpa o invadiu, se levantou e bateu a cabeça no espelho. Viu quando o sangue desceu e usou a toalha para estancar o sangue. Se vestiu e saiu do quarto, passou na recepção para pagar a conta, além do prejuízo que causou ao quebrar o espelho. Assim que entrou no carro, ao se olhar no retrovisor, percebeu que precisaria levar alguns pontos e se dirigiu para o hospital. Fez a ficha quando chegou no local de atendimento e aguardou. Ao se sentar pediu que o médico fizesse a sutura e não usasse anestesia, pois queria sentir dor. — Não posso, senhor. — Foi a resposta que recebeu. — Estou pagando e tenho direito a recusar um procedimento. Não aplique anestesia. O álcool que consumiu horas antes anestesiou um pouco da dor, mas o que Gutemberg fazia era se punir pelo amor e desejo que sentia pela cunhada, se punia principalmente, pelo que fez no quarto do hotel. Depois de ser atendido, ele voltou para a fazenda, ainda mais m*l- humorado e foi se deitar. Infelizmente, não conseguiu dormir.
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