Fugindo

1119 Words
Mas quem apareceu primeiro foi Gustavo que o arrastou para fora do bar e foram para o estacionamento, onde chamou o irmão de idio.ta. — O que queria que eu fizesse? — Gutemberg perguntou irritado. — Que não fosse um idio.ta com Fernanda que já está sofrendo o suficiente com a morte da mãe. Você se comportou como um homem das cavernas. Fernanda esperava um abraço, Gutemberg, um sinto muito e você nem mesmo falou com ela. — Eu não posso, não percebe? Aposto que sabe o que acontece, como quer que eu me aproxime dela? Não tenho esse direito e não vou desrespeitá- los. — Eu não sei o que acontece, porque você nunca disse. Você nunca foi honesto o suficiente para conversar comigo e só está dizendo essas palavras porque está bêba.do, feito o idi.ota que é. Gutemberg não respondeu e se sentou no chão, segurando a garrafa de vodca, mas quando foi beber Gustavo a tomou do irmão e o obrigou a ir para o carro. Precisavam sair dali antes que Gutemberg apagasse pela bebida, porque ficaria mais difícil arrastá-lo para o carro. Gustavo era um homem grande, mas Gutemberg tinha alguns centímetros a mais de músculo e tamanho devido aos anos de trabalho no campo e os exercícios braçais que fazia no plantio. Enquanto Gustavo era mais calmo, persuasivo e sociável, seu gêmeo era rústico, do interior, gostava da terra e de beber aos finais de semana, mas ultimamente estava bebendo mais do que deveria por causa de Fernanda. Dentro do carro, Gutemberg acabou dormindo e Gustavo ficou sem saber para onde levá-lo, até que resolveu o arrastar para o apartamento que dividia com Fernanda. Gustavo dirigiu, mas sentiu vontade de jogar o irmão na rua e deixá-lo dormir ali. Quando estacionou o arrastou para o elevador e depois para dentro do apartamento. Dentro do apartamento, Fernanda se levantava para beber água, quando encontrou o marido e o cunhado. Gustavo colocava o irmão no sofá e tirou os sapatos dele. — O que houve? — Fernanda questionou Gustavo. — O que houve é que meu irmão é um idio.ta e estava bebendo e caçando confusão no bar devido o que sente por você. — Às vezes, acho que você e seus irmãos estão enganados, e o que acontece é que Gutemberg não gosta de mim. — Ele nunca se declarou, Fernanda, porque não tem coragem de admitir. Gutemberg não admite nem para ele mesmo e vai demorar para admitir para você, porque acha que é um desrespeito o que sente. Fernanda olhou para Gutemberg que dormia, comparou os dois irmãos, mesmo que fossem gêmeos, tinham uma maneira diferente de se vestir, de se portar. Enquanto Gustavo mantinha um corte curto e não tinha muita barba, Gutemberg deixava os cabelos longos e barba espessa. Pareciam ser dois homens completamente diferentes. Quando ela olhava para Gustavo sentia aquele amor arrebatador, seu primeiro amor da adolescência, primeiro namorado, o homem com quem se casou e para quem se entregou com amor. Ele era cuidadoso, um marido maravilhoso que foi o apoio dela pelos sete meses em que precisou ser forte para deixar a mãe partir. Mas quando olhava para o cunhado seu coração acelerava e ela não sabia distinguir bem o que sentia pelos dois. No início, pensou que o fato deles serem gêmeos estava bagunçando totalmente a mente dela, pelo fato deles ter os mesmos genes, mesmo sangue, mas com um tempo ela percebeu que era um sentimento diferente. Era como se o coração dela fosse dividido ao meio, onde de um lado tivesse Gustavo e do outro lado Gutemberg. Em algum momento, os sentimentos se misturavam, como se os dois fossem um só e ela sofria muito por aquilo. E Gutemberg estava assustado com o que sentia, afinal nunca tinha amado, ou sentido por uma mulher o que sentia por Fernanda. Ele passou anos em relacionamentos esporádicos, o famoso sexo sem compromisso e quando finalmente sentiu amor, foi pela mulher que era casada com seu irmão gêmeo. Para um homem à moda antiga, que acreditava que o casamento era só uma vez e que não aceitava traição de maneira nenhuma, era um baque aquela descoberta. Fernanda foi se deitar, pensativa, sem saber o que faria da vida, mas se deitou nos braços de Gustavo, colada no corpo dele. Sabia que o marido a amava loucamente, a maior prova, foi que nos sete meses que ela cuidou da mãe, não conseguiu se relacionar sexualmente com ele. Foram sete longos meses sem se tocarem mais intimamente e ele esperou pacientemente, sem briga, sem ofensas e sem pressão. Ela tinha certeza de que ele era fiel e era grata imensamente por aquilo. Dormiram. ***** Na madrugada, Gutemberg acordou e quem percebeu primeiro foi Gustavo que se levantou para falar com o irmão. Ele estava sentado no sofá completamente descabelado e com a camisa aberta, então olhou para o irmão como se pedisse perdão. — Não precisa do meu perdão, Gutemberg. Então, pare de me olhar como se tivesse me apunhalado pelas costas. — Pelo amor de Deus, o que eu disse, Gustavo? — Você não disse nada, absolutamente nada, mas não precisava dizer, somos irmãos, lembra? Irmãos gêmeos e compartilhamos muitas coisas. Eu sei o que você sente. Gutemberg ficou envergonhado, se levantou para ir embora, mas Gustavo parou na frente dele. — Hoje vamos ter uma conversa honesta. Nunca escondemos ou omitimos algo um do outro. Vai passar a fazer isso agora? Quer que o veja como um frouxo? Gutemberg se sentou no sofá novamente, passou a mão nos cabelos, em seguida encontrou uma “Xuxinha” de pano no sofá. Ele ia amarrar o cabelo, foi quando o cheiro de Fernanda o invadiu imediatamente, fazendo perceber que precisava ir embora, afinal o irmão não o perdoaria. Gustavo estava disposto a arrancar uma confissão do irmão, arrancar a verdade e resolver o que fariam os dois, ou melhor, os três, mas Gutemberg não estava disposto a falar, porque achava que não tinha esse direito. — O que sente por Fernanda, Gutemberg? Silêncio total, até que Gustavo decidiu não insistir. — Vá tomar um banho, depois vamos tomar café, mas quando estiver pronto para essa conversa, estarei aqui esperando. Quando achar que o que sente não cabe mais no seu peito, estarei aqui esperando para que possamos conversar. Gutemberg foi para o banheiro, tomou banho e saiu daquela casa antes que fizesse uma besteira, nem mesmo tomou café da manhã, não esperou, porque no momento que passou pela porta do quarto de casal, viu a porta entreaberta, visualizou parte das coxas de Fernanda e os cabelos bagunçados na cama. Ele achou que ficaria maluco e não era pouco. Fugiu...
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