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Matthew P.O.V.
A chuva atacava o teto do meu carro enquanto meus pensamentos fluíam, em mais ou menos um ano, eu terminei com minha namorada, fiz três novas amigas, vi minha ex ser morta e meu amigo ser sequestrado, a cada dia Cassie mandava no grupo supostas teorias de onde teriam levado ele, mas se pararmos para pensar com senso, nada daquilo fazia realmente sentido, a garota estava pirando e nós cada dia mais preocupados, Yane e Leticia concordaram em voltar pro Brasil por causa do clima e aliás, Leticia recebeu uma proposta para ser modelo e mesmo que Tay e Cam tivessem implorado pra elas ficarem, elas não poderiam.
Enquanto eu dirigia vi que tinham interditado a avenida que eu usava parar ir para casa. Bati no volante nervoso, não sei se agradecia ou pirava, ultimamente os meninos tem se distanciado, minha casa vivia vazia e fria mas eu só queria descansar. Vi um hospital próximo para me abrigar até a chuva passar.
Entrei na lanchonete e quando eu ia pegar a unica mesa disponível uma garota chegou na mesma hora, ela tinha um tamanho médio, cabelo loiro e olhos claros, parecia muito saudável para estar em um hospital.
-Tudo bem, pode sentar. -ela disse e riu.
-Claro que não, eu posso esperar juro.
-Ahh, podemos sentar juntos, se você não se importar, claro.
-Não me importo não. -falei me sentando. -Então qual o seu nome?
-Katrina e o seu?
-Matthew -sorri.
E então uma garçonete surgiu do nada perguntando o nosso pedido me dando um susto e fazendo Katrina rir, a risada dela era contagiante e me fez rir também e rimos por uns cinco minutos.
-E então? -a garçonete falou impaciente.
-Ah, eu quero um refrigerante de cola, batata frita e o especial do dia.
-O de sempre por favor Lena. -ela disse e fiquei curioso tentando descobrir sobre qual seria o “de sempre” dela. As pessoas passavam e a cumprimentavam, pelo jeito ela realmente era uma garota simpática porque todos gostavam dela, quando “o de sempre” dela chegou era um croissant e um chá, me senti até um pouco constrangido por ela ser tão, clássica e completamente encantadora.
[…]
Katrina Mischievous, ou melhor Kat é do Canadá, 17 anos, tem pais rígidos e um irmão pequeno chamado Nick, que é a ovelha n***a da família, o garoto pelo jeito odeia escola, dorme o dia inteiro e ouve som alto o tempo todo, a cria é basicamente uma versão minha na infância. A chuva já havia parado a tempos mas eu preferia ficar lá no saguão conversando com ela do que me sentir sozinho em casa, eu sabia que alguma hora eu teria que ir embora e pra falar a verdade aquilo me amedrontava um pouco.
-Kat, er.. será que eu posso ter seu número?
-Claro que sim. -ela pegou meu celular e colocou seu número depois segurou meu rosto e beijou minha bochecha tirando uma foto o que me pegou de surpresa e fez nós dois corarmos.
-Oi Kat. -uma garota passou por nós, ela era completamente diferente da Katrina, usava uma maquiagem escura, botas cano alto, saia de couro e uma blusa preta.
-Mari. -Ela puxou a garota pra um abraço.
-Ih alá, não é aquele guri do vine do dinossauro?
-p***a. -sussurrei.
-Vine? Você faz vines?
-Mais ou menos.
-Claro que ele faz ele tem uma turnê aquela.... não lembro.
-Mystic-log
-Tanto faz.
-Jura?
-É.. -respondi.
-Que legal, nunca parei pra pensar mas você é divertido e engraçado a personalidade perfeita pra um viner.
-Obrigado. -falei tentando segurar o sorriso.
-Você deveria saber, ele é amigo daquela escritora lá que você gosta.
-YANE?
-Você gosta dos livros da Yane?
-Nossa, muito, meus pais acham que é perda de tempo ler livros por diversão e que eu deveria estudar mas eu não penso assim.
-Blá blá blá, seus pais são ridículos Katrina.
-São meus pais.
-Não quer dizer que podem mandar em você pro resto da sua vida.
-Mari, as vezes eu acho que você deveria pensar antes de falar.
-Não importa o quanto eu pense gata sempre vou falar a verdade, é por isso que somos amigas.
-Sei. -Bem, eu vou indo.
-Muito prazer dinoboy.
-Me lembre de matar a Cassandra.
-Vou lembrar. -ela piscou e seguiu pelo corredor.
-Eu esqueci de te perguntar, por que você tá no hospital?
-Ah Matthew, com todo o respeito, é um assunto delicado.
-Tudo bem, desculpa.
-Tudo bem. -ela sorriu mas seus olhos já estavam caindo, dava para perceber que estava com sono.
-Então eu tenho que ir também
-Certo.
-É.
-Tchau então.
-Tchau. -fui dar um beijo em sua bochecha e ela fez o mesmo o que nos confundiu e acabamos dando um selinho ela deu um passo pra trás e colocou a mão na boca.
-Tenho que ir. -ela falou.
-Tudo bem eu… te ligo. -tentei falar mas ela já havia desaparecido.
Kat P.O.V.
Cheguei no quarto e fechei a porta com delicadeza, a luz estava apagada então fiquei com medo de acordar Mari, mas ouvi uma voz que me fez pular de susto.
-Como foi seu encontro. -Mari disse.
-Ai menina do céu, você tem essa mania de deixar a luz desligada. -falei acendendo-a.
-A escuridão me fez emo gótica -ela brincou.
-Aliás não foi um encontro.
-Foi sim.
-Não foi não, foi uma pequena conversa.
-Você disse que ia comer e ficou 4 horas lá embaixo Katrina.
-Tudo bem, talvez uma conversa de duração média.
-Você tava ofegante quando chegou, ele te beijou na porta do quarto é? Deveria ter convidado ele pra entrar, não ligo pra alguns gemidos.
-Nossa como você é engraçada, ele me beijou, mas foi sem querer e foi lá embaixo. E você sabe Mari, só depois do casamento.
-E porque você tá tão ofegante assim garota? Você deveria parar com isso, tu é a única garota de 17 anos no mundo que nunca transou. Não, por favor não diga que você…
-Sim eu sai correndo. -falei a interrompendo.
-Droga Kat, você tem merda na cabeça.
-Eu sei tá, eu sei -falei me jogando e cobrindo meu rosto com travesseiro.
-Só não morre.
-Ridícula. -meu celular começou a vibrar, era ele. “Oi, será que poderíamos nos encontrar? Sei lá amanhã vai ter uma festa que eu vou com os meus amigos” -Ele quer que eu vá em uma festa, com os amigos dele.
-Ah, é o pessoal da mestic.
-Mystic.
-Você me entendeu. Enfim você vai né?
-Eu? Por que eu?
-Porque ele convidou você desgraça.
-Eu não posso ir, deve ter bebidas, drogas e erotização, lembra da última vez?
-Sim. -ela riu. -você deu o maior tapa na cara do garoto que te chamou de gostosa.
-Não é engraçado.
-É sim.
-Você vai.
-Você também.
-Ta bom, não ia fazer nada mesmo.
“Me manda o endereço e o horário, a Mari pode ir?”
“Claro, passo ai as 22:00”
-Mariana ele quer passar aqui as 22:00.
-Idai.
-Isso é muito tarde.
-Ai fica quieta menina, vai dormir, amanhã a gente pega a autorização.
Nem respondi só deitei na cama e fiquei pensando no beijo, eu nem acredito que eu fiz aquilo, só de pensar em sair pra uma festa eu já comecei a tremer e ainda mais com aquele garoto que eu tinha a certeza que ia bagunçar a minha vida.