Joãozinho finalmente adormeceu, exausto pela batalha silenciosa que seu corpo travava. A paz em seu rosto era uma mentira frágil, mas eu me agarrei a ela como um náufrago a um pedaço de madeira. Murilo ficou sentado na poltrona ao lado da cama até a respiração do menino se tornar profunda e regular, sua própria postura rígida, como se estivesse de guarda contra pesadelos. Quando ele se levantou, seus movimentos eram pesados, carregados de um cansaço que ia além do físico. Ele me olhou e fez um leve aceno com a cabeça em direção à varanda do quarto. Eu o segui. A noite estava fria, o ar da cidade um pouco mais limpo nesta altura. As luzes dos prédios cintilavam à distância, um mundo normal que continuava girando, alheio ao nosso universo ter desabado em um quarto de hospital. Murilo fico

