Amanheceu. João ainda dormia entre nós, uma miniatura humana que mudou o eixo do meu mundo em 48 horas. Bárbara respirava fundo do outro lado, a mão ainda estendida sobre o menino, os dedos perto dos meus como uma promessa não cumprida. Saí da cama em silêncio. O corpo pedia alívio, a mente pedia paz. Nenhum dos dois eu podia ter. No banheiro, encarei o homem no espelho. Metade dele eu reconhecia: o dono do morro, o sobrevivente, o queimado. A outra metade... a outra metade estava se tornando estranha. Mais macia. Mais perto do abismo. Pai. A palavra ecoou na minha cabeça como um tiro. Renata apareceu com a criança, jogou ele no meu colo e sumiu. Disse que era meu. E eu... eu acreditei? Não. Mas duvidei o suficiente para deixá-lo ficar. Agora ele está aqui. Dormindo na minha cama. Ch

