A casa cheira diferente. Desde que ela chegou, o ar pesado de solidão e poeira deu lugar a cheiro de sabão, comida caseira e agora... criança. Lego espalhado pelo chão, um ursinho de pelúcia no sofá da sala, minha sala, que era um lugar vazio, só de passagem. Joãozinho tá rindo no jardim com a Lurdes. Um som que não ouvia há anos. Doía e acalmava ao mesmo tempo. E a Bárbara... Bárbara tá na varanda, lendo. O vestido dela é claro, simples, e me dá mais raiva do que deveria. Porque eu olho pra ela e não vejo uma obrigação, um favor ao Heitor. Vejo uma mulher. Vejo a boca que beijei, o corpo que toquei, a pele que marquei. E vejo o perigo. Porque se eu deixar, ela vai virar necessidade. E necessidade é fraqueza. E fraqueza, no meu mundo, é morte. Mas já é tarde. Já é. Fecho os olhos e

