27. Murilo

976 Words

Levei os dois pra dentro da boca sem pressa, cada passo medido. As vozes baixas dos meus homens foram se apagando conforme avançávamos: respeito, medo, curiosidade, tudo se misturava no ar pesado daquele lugar. Posicionei Renata numa cadeira perto da mesa de concreto, e o menino ficou encolhido no colo dela, mexendo num chinelo que parecia grande demais. Os olhares em volta foram rápidos e avaliadores: ninguém tocou nada. Renata manteve a postura de sempre, a vaidade cravejada de aço, mas havia uma fresta de cansaço no rosto que eu não lembrava dela antes. Quando ela me encarou, abriu a boca com aquela voz tão conhecida, mansa e cortante ao mesmo tempo: — Vim pra pedir ajuda. Voltei por ele, Murilo. Preciso de grana pra cuidar do menino, pra arrumar uma vida decente. Não pedi favores, só

Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD