Levei os dois pra dentro da boca sem pressa, cada passo medido. As vozes baixas dos meus homens foram se apagando conforme avançávamos: respeito, medo, curiosidade, tudo se misturava no ar pesado daquele lugar. Posicionei Renata numa cadeira perto da mesa de concreto, e o menino ficou encolhido no colo dela, mexendo num chinelo que parecia grande demais. Os olhares em volta foram rápidos e avaliadores: ninguém tocou nada. Renata manteve a postura de sempre, a vaidade cravejada de aço, mas havia uma fresta de cansaço no rosto que eu não lembrava dela antes. Quando ela me encarou, abriu a boca com aquela voz tão conhecida, mansa e cortante ao mesmo tempo: — Vim pra pedir ajuda. Voltei por ele, Murilo. Preciso de grana pra cuidar do menino, pra arrumar uma vida decente. Não pedi favores, só

