Meu livro de Direito Processual Penal estava aberto no meu colo, as palavras dançando na página sem fazer o menor sentido. A tese sobre "As Garantias Fundamentais no Processo Penal" parecia ridiculamente abstrata, um universo de teoria distante do universo muito real em que eu agora vivia. Porque o meu universo real era este: um quarto de hospital que cheirava a esperança e medo. E o meu foco estava dividido entre os artigos do Código e a cena que se desenrolava à minha frente. Murilo, o homem que fazia traficantes endurecidos tremerem, estava ajoelhado no chão frio do hospital, rugindo como um urso enquanto um cavaleiro minúsculo e corajoso o atacava com uma espada de plástico. — Toma isso, ogro malvado! — João gritou, sua voz ainda fraca, mas carregada de uma alegria pura que eu não o

