Joel A cadeia fala baixo e corta fundo. Chave, ferrolho, passo medido. Eu caminho os oito passos do corredor e volto, contando as batidas do meu nome dentro do peito. Quando a cabeça ameaça virar pedra, lembro do bilhete dela dobrado no bolso da alma: “Eu fico. Não como bandeja; fico por decisão.” A palavra decisão me segura de pé. De manhã teve contagem e, logo depois, blitz. Agente com luva revirando colchão, puxando lençol, abrindo boca de armário que m*l cabe um suspiro. O de boné baixo tentou plantar lâmina no ralo do meu canto. Eu vi pelo reflexo do cano, no meio segundo em que o mundo esqueceu de me vigiar. — Isso aí não é meu — falei, sem levantar a voz. — Aqui tudo passa a ser — ele ironizou, empurrando a lâmina com o pé. Desviei o olhar para o vizinho apelidado de Coruja. El

