Prólogo
Em salem, 1692, as fogueiras da histeria coletiva, queimavam não só a madeira como também a esperança e a individualidade. Era um lugar onde o menor desvio da normalidade, um olhar diferente, um sussurro mais longo que o comum, poderia selar o destino de uma mulher.
Madison Chandra, com seus cabelos da cor da noite e olhos que pareciam guardar segredos ancestrais, era uma herbalista. Suas mãos, delicadas, mas firmes, conheciam as propriedades de cada folha, de cada raíz que curavam males, nem os medicos da vila entendiam, por isso, era vista com uma mistura de consagração e desconfiança – uma benção e uma possivel maldição.
Aradita Morgan, por outro lado, era uma tecelã, seus dedos eram ágeis transformando fios em tapeçarias que contavam histórias de um mundo antes da chegada dos puritanos. Seus cabelos eram da cor da milho maduro, e seu sorriso, quando dado livremente, era como sol depois de dias de chuva. Mas Aradita guardava uma ferida profunda, um luto silencioso pela perda de sua familia, o que a torna solitária e, para muitos, misteriosa.
O amor entre elas não nasceu de um impulso, mas de uma lenta e cuidadosa descoberta. Começou com Madison levando ervas para as dores nas mãos de Aradita, cansadas do tear. Transformou-se em conversas sussurrada à luz de velas, onde medo e esperanças eram compartilhados. E então, em toques discretos, olhares furtivos que diziam mais do mil palavras. Era um amor plantado no solo fértil do perigo, nutrido pelo medo e pela necessidade de encontrar refúgio uma na outra, em um mundo que as veriam como aberrações se a verdade viesse à tona.