Depois de deixarmos a diretoria, descemos a quantidade desesperadora de degraus. A diretoria fica no oitavo andar, para chegarmos a ela, usamos o elevador de deficientes. Porém, dessa vez, vamos de escadas.
Às vezes o internato parece ter mais escadas e salas do que alunos. E é só nas aulas ou intervalos que encontro uma boa concentração de pessoas, mas a maioria do tempo só cruzo com uma ou duas pessoas no corredor.
Todo o mês chegam ao menos cinco ou dez alunos e, mesmo assim, ainda há dormitórios vazios que não recebem ninguém há tempos. Eu e Hector costumávamos t*****r em um desses dormitórios vagos quando não podíamos fazer isso no meu dormitório.
Quando escolhemos o cômodo ideal para ficarmos, bem longe de câmeras ou fofoqueiros, encontramos o quarto tão sujo que as teias de aranha se dissolviam na poeira. Após nossa primeira vez naquele quarto, Hector passou a frequentar o cômodo de madrugada para fazer uma faxina. Trocou os lençóis, levou cobertores, shampoos e escovas de dentes. Ele praticamente transformou o dormitório em nosso motel. Deixando-o o mais confortável possível para nós. Ele também tinha trazido aromatizantes para o banheiro e para o cômodo. Posso sentir ainda o cheiro de baunilha do quarto e o gosto do sêmen e dos lábios de Hector. A beliche zunindo, a mão dele me apertando e o pingente de cruz em seu pescoço que sempre refletia. Parece tão real agora, parecia tão real lá. Parecia que ele só queria me tirar daqui logo.
Eu realmente sinto falta de estar com ele. Isto é um sentimento i****a. Hector só me usou para depositar semên. Eu também o usei, mas nem consegui o que queria de verdade, só acabei me ferrando. Fugir do internato seduzindo o professor agora é algo distante demais.
O passeio era minha última opção de fuga, mas agora tudo deu errado. Simplesmente tudo. Não existe mais Hector, não existe mais plano, não existe mais fuga, não existe mais j**k, não existe mais Feller e nem existe mais Heather.
Afinal, qual era o plano? Seduzir Hector e convencê-lo a me tirar daqui? Esse plano se perdeu quando Alice apareceu e comecei a ter crises infundadas que nem ao menos notei que eram crises. Ciúmes de Hector? Por qual motivo eu tive isso? Eu nem gosto dele realmente.
Eu tinha um plano B, seria o acampamento, não tinha o plano completo, mas sabia dos pontos importantes. Ainda estava elaborando ele quando Heather socou o nariz de Eltery. Agora preciso de um plano C. Deveria ficar desesperado com tudo isso — e estou desesperado.
Os meus dois planos foram por água abaixo, mas me sinto calmo. Não me sinto não. Entrar em desespero não vai adiantar. Certo, sou um péssimo planejador de planos. Não tinha um plano A, nem um B e muito menos teria um C. Fugir daqui antes do meu aniversário agora está bem longe de ser algo alcançável.
Amster deve me encontrar logo depois do meu aniversário e me rasgar como prometeu se eu não sair daqui logo. Sou lerdo e burro demais para fazer essas coisas sozinho. Preciso de ajuda. Talvez se abrisse o jogo para Hector de vez ele me ajudasse. Hector não negará, ficará receoso, mas dará um jeito. Para alguém que paga o segurança do internato com a intenção de não aparecer nas câmeras e mantê-lo calado, isso não é nada.
— Angus, obrigada mesmo pelo o que você fez, não saberei como agradecer — gratifica-se Heather. Estamos andando devagar e em silêncio. Eltery, mais o monitor, encontram-se à nossa frente, guiando-nos para onde devemos ir.
— Me agradeça dando um jeito de me tirar do subsolo.
— Eu de verdade não sabia que você acabaria lá.
— Eu também não sabia — viramos à direita de um corredor e mais uma vez nos deslocamos para baixo por escadas.
— Eu vou tentar dar um jeito, mas acho que não vou conseguir — “tentar dar um jeito”. Ela nem está preocupada que irei passar um mês lá embaixo com um monte de psicopatas.
— Amigos ajudam amigos, não é Heather? Você com certeza dará um jeito — ando mais à frente e passo a ficar lado a lado com Eltery enquanto Heather fica para trás.
O teatro localiza-se em um prédio junto ao internato, mas é do lado de fora. Somos obrigados a caminhar pelo jardim para chegar até ele. Ao entrarmos no teatro, o monitor deixa Heather se sentar em qualquer um dos assentos, mas só eu e Eltery somos levados por ele até o topo do teatro e obrigados a sentar onde ele indicar.
Ainda tem poucas pessoas pelo lugar e a maioria são professores e monitores. O palco está sendo varrido por uma faxineira e à esquerda dela, encontra-se minha professora de artes com dezenas de folhas na mão.
Ela parece tão atrapalhada que nem nota estar pisando em cima do próprio vestido. Quando leva uma mão à cabeça, algumas folhas se soltam e depois mais algumas, até ela ter derrubado praticamente todas. A faxineira deixa a vassoura de lado e dá alguns passos para ajudar a Sra. Stone a pegar a papelada.
— Meus amigos chegaram, posso vê-los? — Eltery pede ao monitor. Levanto os olhos e procuro envolta do teatro algum sinal de Feller, mas não o encontro e nem sua namorada.
— Vá, mas esteja aqui antes das luzes apagarem.
Sem ao menos agradecer, Eltery sai do assento e passa a se espremer pelas cadeiras e pessoas para chegar até o corredor .
— E seus amigos? Ainda não chegaram? — o monitor quer saber. Retiro a cabeça de cima da mão e confirmo.
— Acho que ele está em prova.
As luzes douradas do teatro refletem suavemente em sua pele n***a. O monitor não possui cabelos, mas tem sobrancelhas e uma barba grossa e escura em torno de todo o maxilar. Sua expressão é séria ao mesmo tempo que parece desconfortável. Ele parece estar tendo um dia tão cheio..
— Então garoto, você tem namorada? — a sua pergunta surge de repente. O monitor olha para mim e tento abrir um sorriso, mas falho.
— Não, não tenho.
— Oh, por que não tem? — a seriedade deixa seu rosto e agora apenas uma harmonia confortável se mantém.
— Por que… — procuro a palavra certa para responder a pergunta.
— Não precisa responder.
— Não. Tudo bem — penso se devo continuar o assunto, mas prefiro encarar o palco. Acidentalmente avisto Hector olhando para mim da parte inferior do teatro. Nossos olhos se cruzam por um longo tempo, porém, seguidamente desvio e volto a atenção para o monitor.
— Você é filho do diretor, não é? — forço a puxar um assunto. Ele confirma com um sorriso.
— Sim, como você sabe?
— Você é muito parecido com ele — não tanto.
— Obrigado… Isso foi um elogio ou...?
— Considere como um — solto um sorrisinho.
Alguns minutos depois, o teatro já está com um fluxo maior de pessoas do que anteriormente. Feller ainda não chegou, mas j**k já, e está sentado duas fileiras abaixo da minha com seus amigos. Não estávamos conversando desde quarta passada, e recentemente percebi um vazio nos intervalos e nas aulas de artes. Pareço estar sentindo falta dos assédios dele. Com amigos tão restritos como eu, j**k é praticamente um melhor amigo mesmo que seja um i****a, mas é um i****a que me entretem pelo menos. Talvez quando eu sair daqui, pense em comprar um gato e nomear ele de j**k, de preferência será um gato preto. Será que ele falará tanta besteira quanto?
Minha mãe tinha adotado um gato quando morávamos em Prince Albert, ele era amarelo e gordo. Ela o havia encontrado quando voltava do trabalho de garçonete, o gatinho estava dentro de uma caixa comendo um peixe quase inteiro. Ela o trouxe para casa e demos banho e comida para ele, mas depois ele simplesmente fugiu.
Acho que ele estava certo em ter fugido.
— Sr. Wesler? — movo o rosto para o lado e encontro com os olhos de Hector. Um arrepio percorre atrás do meu pescoço e sinto as costas ficarem úmidas.
— Olá, Sr. Bake — cumprimenta o monitor. Hector deixa de se curva sobre meu assento e abre um sorriso educado com uma das mãos dentro do bolso da calça.
— Olá, Hoosker — ele diz. Retiro o olhar do rosto dele e me volto para qualquer canto do teatro. — Eu só queria informar algumas coisas ao Sr. Wesler. É referente a uma prova dele da semana passada.
— Tudo bem Sr. Bake, pode falar com ele.
Sinto a sombra de Hector sair, mas não demoro para começar a sentir a respiração dele do lado direito do meu rosto.
— Sr. Wesler — ele chama e com isso sou obrigado a olhá-lo.
— Oi, Sr. Bake.
— Você se lembra daquele trabalho da semana passada? — balanço a cabeça em negativo. — Talvez você tenha que refazê-lo.
— Acho que não conseguirei…
— Conseguirá sim — Hector desloca um pedaço de papel de dentro do bolso e o coloca em cima do braço do assento. — Nesta data que está no papel, você pode me procurar para refazer a prova.
— Mas eu não sei se me deixarão fazer enquanto eu estiver…
— Deixarão sim, não se preocupe Sr. Wesler — de alguma forma ele já sabe que irei para o subsolo, mas como? Pego o papel e quando vou abri-lo Hector vai se distanciando e descendo as escadas que usou para subir até aqui. — Até logo, Wesler — completa.
Logo que ele sai, apresso-me a desdobrar o papel por completo. No centro do papel está uma data e um horário, e sob eles encontram-se palavras quase apagadas e minúsculas.
“Me encontre no banheiro agora.”
A frase soa quase como uma ordem.
Olho para o lado e me questiono melhor se era ideal encontrar com Hector neste momento. Ainda não tem nada de Feller e nem de Amy, então a melhor coisa que posso fazer é encontrar com ele.
— Posso ir ao banheiro? — o monitor move os olhos para mim e assente com a cabeça.
— Mas volte antes das luzes apagarem, entendeu? Ou eu vou atrás de você.
Retiro-me do assento às pressas movido pela curiosidade. No caminho para o banheiro, acabo esbarrando em duas pessoas ao mesmo tempo. Peço desculpas a uma delas, mas a outra não tenho paciência de pedir e só continuo o caminho.
Ao entrar no corredor do banheiro, percebo Hector encostado em uma parede. Ele abre um sorriso acenando para uma porta e depois some por onde estava indicando. O que ele está pretendendo?
Acelero os passos até atingir o local que ele entrou. O cheiro de mijo com gases humanos faz eu mexer o nariz. Entro e rapidamente bato à porta apenas deslizando o dedo pela maçaneta.
— O que você quer? — adianto logo. Hector está apoiado em uma das pias ajeitando os cabelos no espelho. Os músculos de suas costas estão marcados na camiseta branca listrada. Ele usa uma calça caqui apertada que combina com o tom dos sapatos. Essa é a roupa que com certeza mais me deixa e******o por ele. Para de pensar com o p*u, Angus.
— Eu quero saber o que deu em você para socar o rosto do Mário? — seus olhos se movem para mim. Uma mecha de seu cabelo cai no canto da testa. Está úmido, mais avermelhado e menos ondulado.
— Como você sabe disso?
— Não importa.
Pressiono os lábios com o olhar firme dele. Olho para o chão e depois para ele.
— Não foi eu que soquei o rosto dele — admito. Hector ergue uma das sobrancelhas.
— Como não? — entrelaço os dedos nervosos.
— Foi a Heather e eu acabei assumindo — ele dá alguns passos para frente sutilmente surpreso. Os arrepios começam a subir outra vez pelas minhas costas junto com o suor que surge no meu pescoço.
— E por que você fez isso, Angus?
Esfrego a mão nos pingos de suor que nascem de um dos lados do pescoço. De repente estou parecendo estar em uma fogueira, e cada vez fica pior com o olhar de Hector apenas em mim.
— Porque... ela me ameaçou. Ela sabe…
— Sabe do que, Angus? — o silêncio domina o banheiro por segundos.
— De… nós… da gente — as palavras se enrolam e o calor se intensifica três vezes mais. Isso é o inferno.
— O quê! — exclama. — Como ela sabe?
— Eu contei para ela — não precisei contar para ela, ela já desconfiava mesmo antes de eu dizer.
— p***a, Angus! — ele coloca a mão na testa. — Alguém mais sabe?
Solto um pequeno suspiro. — j**k sabe.
— c*****o, Angus! — desta vez ele berra. Não tenho coragem de continuar olhando para ele e passo a ficar encarando a quina da pia.
— Como j**k ficou sabendo também? — levanto os olhos. Ele esfrega a palma da mão no rosto.
— Ele descobriu sozinho e me ameaçou, por isso estava beijando ele.
— Meu Deus, por que não me falou antes?
— Eu estava com medo deles contarem — minhas mãos tremem tanto e o suor não para de nascer.
— Teve que se prostituir para um assediador mirim.
— Só nos beijamos, não chegou a isso, Hector — ele volta a olhar para o espelho.
— Mas iria? — olho de novo a quina da pia e confirmo com a cabeça.
— Vou dar um jeito nisso. Juro — digo sem olhá-lo.
— Ei — ele chama e ergo o rosto. — Venha aqui!
Sem negar, faço o que pede. Dou alguns passos, porém, paro de aproximar quando o seu perfume fica mais evidente.
— Vem mais perto — insiste. Dou mais alguns passos e Hector nem precisa abrir os braços para eu mesmo abraçá-lo. Espremo o rosto em seu peito enquanto os braços seguram com força o ao redor de seu quadril.
Ele toca devagar o topo das minhas costas. Seu abraço sempre costuma ser confortável, tão confortável que consegue aquietar o meu nervosismo. Odeio ficar assim, suando e sentindo arrepios quando as coisas começam a serem angustiantes. Hector já deve ter percebido isso. Não é muito complicado para ele encontrar os lugares que me fazem suar e avermelhar. Eu fico suado apenas com olhares e avermelhado apenas com toques sem intenção. Isso é tão r**m quanto ficar duro só por sentar em uma cadeira.
Acontecimentos assim eram assustadoramente frequentes quando estava com doze anos, sempre era como se estivesse em um dia muito quente com qualquer pressão de algum professor. Podia estar na época de inverno e neve que qualquer pressão me despertava calor e fazia eu suar. Hector já tinha percebido isso há muito tempo, tanto que começou a usar isso a seu favor para saber quando eu estava mentindo.
A respiração dele parece ficar mais leve e o odor mais pertinente. É difícil distinguir o cheiro do perfume que Hector usa. Não tenho certeza do que realmente transpira. Lembra avelã, mas também lembra limão e coisas cítricas. É difícil, os dois cheiros ficam se misturando e não há como saber ao certo. Na maioria do tempo, este perfume é tão forte que incomoda o fundo do nariz a cada inspiração. Porém, desta vez, está algo mais suave, talvez ele tenha passado não muito.
— Desculpa — digo baixinho.
— Não é sua culpa — levo os olhos a ele. Sua mão está apoiada na pia, as veias do seu braço se encontram bem visíveis De forma repentina, Hector insere um beijo seco nos meus lábios.
— Você quer sentar? — questiono. Ele assente e, rapidamente, começo a auxiliá-lo para uma das cabines do banheiro. Passo o braço por sua cintura e vou o ajudando com alguns tropeços. Ele se senta na tampa do vaso de forma pesada, soltando um suspiro de alívio.
— Subi muitas escadas hoje — confessa esticando a perna. Suas pálpebras estão apertadas e os dentes cerrados, exatamente do jeito que sempre está quando sente dor.
Não é sempre que o vejo neste estado. Na maioria das vezes, Hector tenta evitar essas coisas quando estamos juntos, obrigando-se a esconder as caretas e permanecer o maior tempo possível sentado. Quando percebi isso, comecei a parar de querer t*****r no chuveiro e comecei a incentivar que o s**o ocorresse mais vezes na cama. Ele até pareceu ficar mais disposto após essa atitude.
Em alguns raros momentos, sinto-me desesperado por não conseguir ajudá-lo. Já tinha oferecido massagem para Hector uma vez, mas acabou se recusando, dizendo que não adiantaria. Logo passei a aceitar e entender que isso é muito comum para ele, e o máximo que poderia fazer seria esperar suas dores passarem.
— Ainda está se encontrando com a Alice? — Ele abre as pálpebras e me mostra um olhar penetrantemente azulado.
— Agora não, Angus. Estou com dor e irritado. Sem tempo para a sua infantilidade.
Reviro os olhos e fecho a porta da cabine.
— Ok, não precisa falar se não quiser — encosto-me na parede da cabine.
— Vou falar de uma vez. Você quer a verdade, certo? — Hector diz coçando um lado da barba.
— Quero.
— A verdade é que transei mais de uma vez com Alice.
— Como se eu não imaginasse, né?
— Fica quieto — continua. — Mas isso foi antes de você. Quando nos encontramos no halloween tinha dois meses que não à via — Hector coloca uma mão na parede para se sentar mais confortavelmente.
— E por que vocês terminaram? — mais uma vez ele coça a barba.
— Não terminamos, nunca tínhamos começado. Foi algo que aconteceu de repente.
— Você também passava o p*u no ombro dela?
— Não, Angus. O que aconteceu com você foi um acidente, eu nunca faria isso.
Cruzo os braços, mas ainda nem um pouco convencido. Hector é tão r**m em mentir quanto eu.
— Você mente muito m*l — ele fica mais irritado.
— Eu não estou mentindo! p***a, Angus — sua mão bate com força na parede da cabine.
— Está sim — reafirmo —, você fará o mesmo comigo quando enjoar, não é?
— Claro que não. Que m***a você tá falando? — Hector começa a piscar os olhos. Eu devo estar deixando ele com mais dor com essa conversa. Mas que se f**a que ele é deficiente.
— Me abondonar depois que enjoar do s**o. Fez isso com Alice. Tem uma grande chance de fazer o mesmo comigo.
— Eu nunca faria isso com você. O que temos é muito diferente do meu caso com Alice.
— Diferente como? O máximo que fazemos é s**o. Não existe mais nada. A única coisa que você me dá em troca é sêmen, e ainda é infectado — a m***a da última frase foi sem querer. Um silêncio cobre o banheiro por dois segundos antes da face de Hector passar de irritada para irreconhecivelmente irritada.
— Seu cretino! — explode e ergue a mão, esbofeteando com tanta força meu rosto que sinto ele queimar logo após de afastar a mão.
Aperto os lábios reprimindo um grunhido e a dor h******l que atinge a região.
— Não aceito esse tipo de ofensas. Não de você. Podem vim de qualquer pessoa, menos de você.
Não olho, estou mais focado na dor. Faz muito tempo desde a última vez que alguém me bateu e, pelo visto, tinha esquecido como isso dói. A mão de Hector é pesada o suficiente para deixar a pele avermelhada e dolorida por um bom tempo. Esfrego com a mão o rosto por um longo tempo antes de voltar a olhá-lo.
— Desculpa — a palavra sai com dificuldade.
— Não, eu que peço desculpas. Não devia ter te batido.
Talvez eu tenha merecido. Continuo massageando a região ardente. É um péssimo momento para ficar com o corpo marcado. O que vou dizer para o monitor quando retornar para o teatro?
— Por que você me chamou aqui?
— Eu te chamei porque queria te ver.
— Então acho que já posso ir embora — desencosto da parede e abro a cabine, já dando alguns passos para fora.
— Espera! Espera por favor, Angus — paro de caminhar. — O que eu posso fazer para você confiar em mim?
Não me movo, nem um centímetro. A resposta surge do jeito mais óbvio na minha cabeça.
— Me tirando daqui! — Hector se acomoda na tampa da privada com olhos fixos em mim.
— Eu… eu… eu não sei — tenta dizer.
— Já esperava isso de você.
Sem olhá-lo outra vez caminho na direção da saída do banheiro.
— Angus, não vá! — grita, mas já estou abrindo a porta.
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Ele cansa de apoiar os braços no azulejo e agora apenas seu quadril prossegue se movendo em cima da minha virilha. Gotas d'água caem pelo seu corpo, seus cabelos estão completamente molhados e seu rosto se encontra erguido na direção do chuveiro.
Aperto com uma mão seu bíceps e sinto seu m****o pulsar na minha mão. O sêmen flui junto com a água e desaparece. Angus não geme, apenas continua se movimentando sobre mim até eu finalmente gozar em seu interior.
Abraço-o e o beijo quando não estou mais dentro de seu corpo. Ele toca meu peito e passa a conhecê-lo com as mãos olhando fixamente para mim. Encosto meu nariz ao seu e não resisto em beijá-lo dezenas de vezes. Seu gosto não é mais de chocolate ou bala, agora ele tem o meu gosto. Gosto do meu p*u e do meu perfume — e esta sensação é apenas minha.
Ficamos nos beijando por bastante tempo sentados no chão do banheiro e com a água caindo sobre nós. No entanto, mais tarde, acabamos por tomar banho de verdade.
“Me chame de Hector” digo, deitando-me na pequena cama ao seu lado.
“Hector” Angus repete silenciosamente. Abraço seu corpo por trás e acomodo o rosto no travesseiro que dividimos. Aproximo mais o nariz de seus cabelos e inspiro o odor.
Isso me lembra de James, odiava deitar junto comigo, dizia que eu fazia muito barulho e que sempre eu estava grunhindo com a boca. Eu só costumo gruir quando minha perna decide não querer ficar quieta. Que é comum para mim na maioria das vezes.
“Eu sempre quis me aproximar de você” confesso a ele, “Mas tinha medo de isso não acabar bem.”
Ele se mexe devagar na cama e se volta para mim com a cabeça apoiada na palma da mão.
“Eu notava seus olhares na sala. Mas não imaginava que era desse jeito que me olhava.”
“E como descobriu que eu te olhava desse jeito?”
“Quando você esfregou o p*u no meu ombro