A noite chegou e o morro começava a ganhar vida com as luzes dos barracos acendendo aos poucos. Dona Maria dava banho em Sophia enquanto Bia embalava Pedro na rede da sala, perdida em pensamentos.
Foi aí que alguém bateu na porta. Três toques secos. Reconhecíveis.
O coração dela pulou no peito. As mãos tremeram. Por um segundo, quis correr. Fugir daquilo que tanto esperou. Mas era tarde.
Dona Maria foi atender e antes mesmo de abrir por completo, ele entrou.
Luiz.
O mesmo olhar intenso. Mais magro. Mais sombrio. Tatuagens novas no pescoço. E uma expressão que misturava alívio, dor e arrependimento.
— Bia...
Ela ficou de pé, o bebê ainda no colo, o olhar firme. Por dentro, tudo tremia. Por fora, ela era gelo.
— Então tá vivo, né?
Ele engoliu seco.
— Eu... eu nunca deixei de estar.
