Drive-In

1707 Words
Dia Seguinte - Seu irmão já comeu? - minha mãe perguntou entrando de forma apressada em casa colocando as sacolas do mercado em cima da mesa. - Deixa que eu te ajudo com as sacolas. - peguei algumas e fui colocando encima da bancada. - Sim, não se preocupe. Ele já está arrumado para ir a escola. Hoje de manhã pedi uma folga ao Hob, havia ficado com o meu irmão enquanto minha mãe tinha ido para uma consulta de rotina. - Era só pra você ter ido na consulta e não ao mercado trazer esse tanto de peso. - Falo enquanto vou tirando as compras de dentro da sacola e guardando as na geladeira e armário. - Você não pode carregar tanto peso assim. -Eu sei, eu só fui por que estava faltando aqui em casa algumas coisas. - Cigarro, sério? - faço uma cara de dúvida. - Você não tinha parado de fumar? - É, eu tinha. Mas tem tanta coisa acontecendo que eu não consigo ficar calma e preciso disso. - ela fala pegando da minha mão, como se não fosse nada demais e isso me irritava. Ela não podia voltar a fumar só por que não conseguia ficar calma, isso traria problemas. Suspirei. Ela era teimosa. - Se esse for o problema, na volta eu trago um calmante pra senhora. - ela revira os olhos e vai me ajudando a guardar o resto das coisas. - Mana eu achei que você ia me deixar na escolinha hoje. - Meu irmão aparece pulando em cima de mim. - Eu não posso meu amor, preciso trabalhar. Mas eu prometo trazer um lanche pra você e pra mamãe na volta. - Ebaaa! - Ele dá uns pulinhos me fazendo rir. - Mãe a dona Eliz deve vir hoje buscar a blusa do marido dela que eu arrumei. Vou deixar em cima da cadeira. - Ela concorda. Subi para o meu quarto e fui tomar um banho antes de almoçar, comi o de sempre e depois fui para o trabalho. Dentro do meu armário havia o meu desenho favorito, o meu sonho de consumo e também o que mais demorei pra fazer, eu era bem orgulhosa dele. Era o vestido que seria minha marca registrada e que um dia eu iria reproduzir. Essa era minha meta, ter minha própria marca de roupa e dar um futuro para a minha família um dia. Sorrio com o papel na minha mão. Guardo o de volta e coloco meu avental e vou atender os clientes. Hoje o Hob estava um porre de chato, mandava e desmandava a hora toda. Já estava cansada de ser humilhada por esse velho barrigudo. Hoje era um de seus piores dias, happy hour de uma empresa que ficava aqui perto onde os funcionários se achavam o gran fino sendo que a empresa era apenas de telemarketing. Não entendia, uma vez por semana eles vinham aqui para comemorar e Hob nos mandavam dar toda a nossa atenção a eles como se eles pagassem a mais. - Já não mandei mandar mais cerveja para aquela mesa Sally? - Ele grita na frente dos clientes chamando a atenção. Eu não admitia ser tratada assim, o tanto que eu já havia feito por essa lanchonete de bosta. Eu estava por um fio de explodir tudo. Minha garganta estava com um nó e meus olhos estavam lacrimejados. - E eu já levei, não tenho culpa se são um bando de animal. - Grito de volta. - Você tá aqui pra fazer o que eu pedir. Eu quem mando aqui. - Você não manda nem na p***a dessa lanchonete com o tanto de dívida que tem. - E você ficou tão atrevida de repente? Não tá com medo de ser demitida? - Eu não tenho medo de você. - Como é? - É isso mesmo seu velho, ou tá surdo? - Vejo de fundo o Miguel rindo da situação. Meu sangue estava fervendo. Nunca tinha me sentindo assim antes. Estava com muita raiva e depois poderia me arrepender do que estava fazendo. - Tá demitida! Vai ficar velha e sem emprego igual a sua mãe. Não era isso que você queria? - Ele tinha um sorriso debochado nos lábios e isso me dava mais raiva ainda. - Ótimo. Eu que não quero olhar mais um segundo pra sua cara ridícula. O último pingo de coragem que ainda me restava foi pegando o avental e jogando o no chão pisando em cima enquanto encarava o velho que me olhava com desdém. Dou um sorriso de lado e vou até meu armário pegando minha bolsa e o Miguel vem atrás. - O que foi aquilo? - ele continua rindo. - Eu não sei nem o que dizer. - Eu não sei, perdi a cabeça. Mas ele merecia isso. - Eu concordo. Mas o que vai fazer agora? - Eu vou ficar costurando lá em casa até achar outra coisa. - suspiro. Não era bem isso que eu queria, afinal eu não previ que iria perder a cabeça e meu emprego hoje se não nem teria vindo trabalhar. - Vai ficar muito chato aqui sem você. - Você se acostuma. - falo sem importância arrumando minhas coisas. Coloco meu desenho dentro da bolsa e fecho. - Dúvido. - ele olha pra baixo e depois me encara envergonhado. - Eu posso te fazer uma pergunta? - Pode sim. - coloco minha bolsa no ombro e levanto a sombrancelha esperando pela sua pergunta. - O que é? - Tenho dois ingressos para o drive in que vai acontecer hoje no estádio, você...será que você não queria ir comigo? - ele perguntou de um jeito fofo e envergonhado. Sorrio. - Que filme vai passar? - Um clássico de terror. - Hm okay. Isso não é nada romântico, mas eu aceito. - ele ri. - Oba, quer dizer, tudo bem eu te busco as 18hs? - concordo e saio o deixando para trás rindo. Passo pelo Hob que estava encarando com a cara de b***a e saio rápido daquele muquifo batendo a porta. Fiquei o caminho todo pensando em como iria achar outro trabalho rápido, estava ferrada. Literalmente. Como eu iria pagar as contas sendo a única a trabalhar? Só sei que estava perdida e não sabia o que fazer pra arranjar outro trabalho tão rápido assim. Cheguei em casa e minha mãe se assustou com a minha chegada tão ceda do trabalho. - O que foi minha filha? Passou mau no trabalho? - Não, eu tô bem. - Coloco minha bolsa no sofá e me sento ao seu lado. - Mãe eu preciso te contar uma coisa. - O que foi Sally? Não me mata do coração por favor. - Ela coloca a mão no coração e se encosta no sofá preocupada. - Calma. Olha, eu fui demitida mas eu irei fazer umas costuras extras até achar um novo emprego. Eu prometo. - falei rápido para dar menos impacto mas não foi isso que aconteceu. Me sentia culpada. Por quê eu fui tão cabeça dura? Eu poderia ter ficado calada. Até conseguir outro emprego depois. - Como foi isso? O Hob era um grande amigo do seu pai, por que ele fez isso sabendo da nossa situação? - Mãe eu te juro que aguentei o máximo naquele lugar, mas fique tranquila que eu vou arrumar um emprego o mais rápido possível e melhor. Passei a minha tarde inteira enviando e-mails do meu currículo para todas as empresas possíveis e esperava conseguir pelo menos uma entrevista ainda esse mês. Quando anoiteceu fui logo me arrumar para sair com o Miguel. Tomei um banho quente e coloquei uma calça jeans preta, uma camiseta cinza e coloquei meu casaco, optei por usar tênis já que estava frio. Passei algo simples no rosto e passei perfume. Recebi uma mensagem dele dizendo que já me esperava do lado de fora. Peguei minha bolsa e sai. Ele estava de calça jeans e moletom preto. - Você está muito cheirosa. - Ele me deu um beijo na bochecha me deixando surpresa. - Obrigada. Ele tinha uma caminhonete preta um pouco velha, ele abriu a porta do carro pra mim e eu como uma boa menina agradeci, fomos o caminho inteiro em silêncio até chegarmos no lugar. - Você não tem medo de filme de terror não é? - ele pergunta enquanto caminhamos para comprar pipoca. - Que? Claro que não. - apesar de eu estar mentindo. Eu tinha um pouquinho de medo, mas só um pouquinho, apenas. - Ok. - Ele ri. Quando voltamos para o carro, ele abriu a parte de trás da caminhonete para deitarmos, havia uma coberta cobrindo todo o chão e travesseiros. O tempo estava bastante frio. Se cobrimos com as cobertas e ficamos conversando até começar o filme. Ao longo do tempo percebia que ele virava o rosto para me observar e eu fingia não perceber. Quando o filme acabou ficamos lá parados olhando para o céu que estava bastante estrelado. O filme me prendeu bastante e eu não tinha ficado com tanto medo assim, acho que por que estava com alguém ao meu lado e isso me deixou mais tranquila. - O que achou? - ele me encara. - Do que? - Do filme, do lugar...da companhia? - o encaro seria. Eu estava percebendo um grande paço da parte dele mas achei melhor ignorar, eu não estava pronta pra nenhum tipo de relacionamento no momento. - Foi tudo perfeitamente bom. Obrigada por isso. Nunca tinha ido num drive in. - Que bom. - Deixo o de olhar e encaro o céu. Estava tão lindo e parecia perfeito ficar assim a noite toda. - Sally? - Sim? - Se eu souber de algum lugar que esteja contratando ou sei lá se eu conhecer alguém que possa te ajudar, eu farei. - Tudo bem Miguel, obrigada por isso. - dou um sorriso sincero. - Bom, eu acho melhor a gente ir. - É, já está ficando tarde. .... Olá leitoras, como estão? Espero que bem, estou feliz de estar escrevendo essa história e espero que todos estejam gostando isso é muito importante pra mim. ? Podem deixar comentários que eu prometo ler todos.❣️ Até o próximo capítulo S2
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