Contrato

1353 Words
Voltei a por a placa em frente minha casa "Faço ajustes de roupa e costuras" seria ótimo por um tempo para conseguir alguma graninha. Apesar do dinheiro que recebi pela demissão, o dinheiro já estava chegando ao fim. Miguel sempre me ligava com esperança que eu conseguisse algo logo e sempre me mandava mensagem quando algum lugar abria vaga. Mas quando se passou 1 mês eu ainda não havia conseguido nada. Estava abatida e triste, me sentia uma inútil e tão estúpida, por se achar o suficiente para conseguir qualquer coisa. Talvez se eu tivesse feito faculdade de outra área eu já estaria com um bom emprego. Ver meu irmãozinho todo dia pedindo alguma coisa e não poder dar me dava uma dor no coração enorme. - Filha? - Minha mãe me dá uma chacoalhada me fazendo sair dos pensamentos. - Sim? - Tá tudo bem? - Estava sentada na minha cadeira fechando um buraco enorme na calça do marido da senhora Norma. - Sim, só estava pensando. - Eu não estou gostando nada disso Sally, eu não quero ver você assim. - Mãe tá tudo bem. - dou um sorriso reconfortante. - Eu tô bem, não precisa se preocupar comigo, acho que já estou bem grandinha. - Eu sei, mas você quase não come. Assim vai ficar fraca até pra achar um emprego. - Você e Simon precisa comer mais do que eu. - É teimosa igual teu pai. Santo Deus! Suspiro. Meu pai. Tinha saudades dele, quando fiz 9 anos minha mãe recebeu uma ligação dizendo que tinha acontecido um acidente no trabalho dele. Minerador. Eu ainda não tinha superado depois de tantos anos e ouvir falando dele me fazia se sentir mais fraca ainda. Me sentia m*l por saber que eu poderia ter perdoado ele pela vez que eu queria brincar muito na chuva e ele não queria me levar e isso me fez ficar irritada com ele por dias, ele sempre com o seu jeito de querer se desculpar sem ter a culpa de nada, eu me sentia tão m*l toda vez que pensava nisso. Ele era o meu grande herói e pensar nisso me doía muito. Eu sentia tanta a falta dele. Deixei uma lágrima escapar. Terminei de costurar a calça e fui pro meu quarto enviar mais alguns currículos para empresas que eu ainda não havia enviado. Sem algum tipo de indicação era ainda mais difícil. Recebi uma mensagem de Miguel dizendo que iria vir aqui em casa. Desde do dia do cinema ficamos mais próximos, mas deixei bem claro que seria só amizade. Ele parecia ser uma boa pessoa, mas eu não estava bem comigo mesma e isso já seria um motivo para não tentar nada serio. Assim que ele chegou eu havia terminado de enviar os currículos. Minha mãe tinha gostado bastante dele e sempre ficava falando o quanto eu era teimosa e blá blá. Que precisava ter alguém legal ao meu lado, mas não era assim que funcionava. - Mãe, tá bom ele não precisa saber disso. - digo e ele ri. - Sua mãe me disse que você ainda não comeu, podemos ir em algum lugar. - Mãe!!! - repreendo. - Só falei a verdade, e eu tô preocupada com você. - já suspeitava. Ela queria que eu ficasse a sós mais um pouco com Miguel. - Vai ser rápido. Eu prometo. - Tudo bem, eu vou. - bufo e vou até o meu quarto buscar um casaco que logo visto. Saímos de casa e fomos andando. O bom de Nova Orleans, era que aqui os lugares eram bastante perto e dava para ir super de boa andando. Estava um tempo muito bom, não tão quente e com um ar refrescante. - Onde vamos? - pergunto - Prometo que não vai ser no Hob's. - Por que se fosse eu voltava agora mesmo. - Ele ri. - O que você gosta de comer? - Tudo, menos sushi, sabe eu não vou bem com comidas cruas. - É a minha comida favorita. - faz uma careta. - Desculpa. - sorrio. Continuamos a andar até achar um lugar aberto, era uma lanchonete de tacos, até então eu nunca tinha experimentado, e foi a melhor coisa que comi. Ele disse que sua família vem do México e é uma comida típica do país. - Juro, eu amei isso. - falo de boca cheia. Sei que isso não era nem um pouco elegante. - Eu percebi, acho que você já comeu uns 3. - ele ri. Ele se aproxima e passa seu dedo limpando algo que estava sujo. - É... obrigada por me trazer aqui. - digo sem jeito me ajeitando na cadeira. - De nada, mas acho melhor voltarmos. Sua mãe deve estar preocupada. - Concordo. .... - Bom eu acho que já está tarde, vou indo. - Mas já querido? - minha mãe o impede lhe oferecendo biscoitos. - Já estou cheio, obrigado. E sim, amanhã eu vou trabalhar. - Obrigada pelos tacos Miguel. - nós havíamos trazido tacos para o meu irmãozinho e minha mãe comer. Eu estava muito agradecida pelo Miguel por hoje. - Meu irmão adorou. - olhei para Simon que comia com os olhos brilhando. - Que bom que seu irmão gostou. - ele olha para o meu irmão que comia devagar para aproveitar cada pedaço do lanche. - Eu posso falar com você a sós Sally? - Claro. - fomos até o portão. - Eu não sei se deveria te contar, mas eu não consigo parar de pensar nisso. - O que foi? - Eu te inscrevi em um trabalho voluntário. - An? Como assim? - pergunto confusa. - O que é isso exatamente? - Olha, eu não sei os detalhes. Mas eu vi em um site que dizem que pagam em euros. Isso não é bom? - ele fala animado. - Sim, é ótimo. Mas eu não sei, como funciona? É em outro país? - pergunto ainda confusa. - No site diz que eles ligam um dia depois da inscrição, provavelmente amanhã. Não se preocupe, você irá tirar todas as suas dúvidas. - Bom... é... eu não sei o que dizer. Mas se tem salário, acho que é uma boa oportunidade, não é? - É, eu espero. Bom eu realmente preciso ir Ele me dá um beijo na bochecha e vai embora. {...} Acordo no outro dia com a cara horrível, eu não havia dormido direito pelo que o Miguel havia falado, fiquei com insônia a madrugada toda ansiosa pela ligação que ele disse que teria. Meu irmão estava usando o banheiro então optei por tomar meu café da manhã logo. - Bom dia filha, que cara é essa? - - Eu tive insônia. E você, dormiu bem? - Quase nada também, estou com uma dor de coluna horrível. - diz fazendo uma careta. - Sally meu amor, eu preciso que hoje você leve seu irmão à escola. - Com prazer. O dia passou tão lento que parecia uma eternidade, tentei ocupar o tempo de várias formas, e fiquei mais desanimada ainda por saber que o telefone não tinha tocado nenhuma vez, fazendo minha esperança cair por água abaixo. Quando fui me deitar na cama, ouvi o telefone tocar sem parar e logo fui de imediato, desesperadamente. - Saline Willis? - Oi...sou eu. Quem gostaria? - Olá Sra. Willis, aqui quem fala é a Samantha da empresa de voluntários que você se inscreveu, e a senhorita foi selecionada por nossa empresa. Gostaríamos de saber se tem interesse em fazer parte do nosso time de garotas? - Bom, na verdade não fui eu que me inscrevi, então não sei muito bem sobre do que se trata, mas eu estou muito interessada. - Ótimo. Fazemos o seguinte então, amanhã às 10:30 você vai até a lanchonete do Hob's que foi seu último emprego, certo? - Concordo - E assina o contrato assim que eu te explicar melhor do que se trata. - Hmm...Pode ser. - Então tá bom querida. Até amanhã. - Até... Eu não sabia em que estava se metendo e se isso seria uma boa idea, mas saberia amanhã.
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