Erik estava nos chamando para ir em direção aos ônibus. Ele era um cara de vinte e poucos anos, eu diria vinte e três, pele branca como neve, cabelo curto e louro, olhos verdes. Sempre nos perguntávamos porque um homem tão lindo, trabalhava em um colégio como instrutor.
-Por favor! Todos me acompanhem, terceiro ano M1, no ônibus amarelo. Terceiro M2, no vermelho. Terceiro M3, no ônibus azul. – a voz de Erik foi ecoada por todo o corredor, saindo pelo megafone. – Vamos logo! – a cantina foi tomada por passos e correrias até a saída. Com tudo organizado, estávamos em nosso devido assento. Eu estava no lado de Lucas, Debs no de Ray, bem atrás de nós. Fiquei calada durante todo o caminho.
Enquanto o nosso instrutor , Erik, dava ordens a qual professor seguir. Na divisão dos grupos, acabei caindo com um grupo da outra sala, o qual nem falava. Não sei se era bom por não ter que dá explicações ao meus amigos, ou se era r**m, por não conhecer e não ter i********e com as pessoas do meu grupo. Estávamos em uma estufa, com vários corredores. Havia grupos dentro, do lado de fora, ao redor ou em outro departamento.
- O que ela está fazendo? – perguntei com a voz baixa para mim mesma , ao ver Sofia com seus olhares vidrados em uma certa planta. Seus olhos estavam brilhando e o verde deles, parecia mais vivo. Eu não queria interromper, não mesmo, mas não consegui passar despercebida. Entrei no corredor e me aproximei devagar. – O que você está fazendo? – a garota não se moveu. –Sofia? – nenhum movimento outra vez. Aquela situação estava estranha, comecei a sentir um pouco de medo. A toquei e a senti olhar para mim. Seus olhos continham um verde muito claro e um brilho parecer sair por alguns segundos. Sofia fechou os olhos e com dificuldade, os abriu novamente. –Você está bem? – ela pareceu não ter forças para se sustentar e ameaçou cair em meus braços. A segurei rapidamente e ao colocá-la de pé, senti uma ajuda externa, um vento frio. Era ele, novamente.
-Sofia, me escute. – ele pegou o rosto da garota e virou para ele, de modo que se fossem um casal, estavam prontos para dar um longo beijo. – Preciso que você se concentre e que não tenha medo. Isso é só o começo do que vai acontecer. Não se desespere e espere com calma que só assim, todas suas perguntas serão respondidas. – a voz dele ainda era doce e eu me perguntava o porque das roupas góticas em pleno sol da manhã.
-Quem é você? – a voz da menina parecia fraca, não entendia como ela podia falar. –Por favor, me solta.
-Você está fraca! Eu não vou te fazer m*l algum.
-Isa, me ajuda! – ela não deixou ele terminar de falar e me chamou. Ao ouvir meu nome, desviei meu olhar para ela. Seu braço estava buscando meu corpo para que ela pudesse se soltar dele. A peguei , o fazendo a soltar. – Chama ajuda!
-Não! – a voz estava forte – Não faça isso, será pior para vocês. – ao terminar de falar, só vi um vulto e o vento frio se foi, junto com o homem gótico.
- Sofia, senta aqui. – a encostei num pequeno armário de madeira que continha vários vasos de plantas em cima. - Toma um pouco de água. – abri minha bolsa, tirei minha pequena garrafa de água e coloquei sobre seus lábios. –O que você estava fazendo? Estava em transi com as plantas? Quão estranha você é? – ela revirou os olhos para mim, me ignorando.
- Quem era aquele cara? – ela parecia estar retomando suas forças e sua voz. – Você o conhecia, eu senti isso.
-Desde quando você sente coisas? – eu estava totalmente confusa e seguia ajoelhada perto dela. –É, eu o conheço. Quer dizer, não. Ele apenas fez comigo, o mesmo que acabou de fazer com você. Só que de uma maneira mais educada.
-Isso foi uma conversa? Não me pareceu legal. – Sofia jogou a garrafa no meu colo, pôs suas mãos no chão, tomou impulso e levantou. – Você não pode falar disso para ninguém.
-Do que? Que eu te ajudei ou do homem que está atrás de nós? – perguntei com muita ironia. – Não se preocupe, não vou falar sobre nada. Aliás, eu aconselho que você fale com sua amiga Alice. A causa de eu estar com ela mais cedo, foi o mesmo motivo o qual estou com você agora. – ela me olhou e eu senti seu olhar confuso. – Ela não te contou não foi? Não é para menos, ela estava bastante assustada.
-E porque você está sempre por perto quando ele aparece? Isto é mais uma de suas brincadeiras?
-Ah, claro que é! Parece muito uma brincadeira não é? – uma de suas mãos cobriu a testa, senti uma preocupação. –Ele apareceu para mim também. Falou a mesma coisa, talvez estejamos ligadas a alguma coisa.
-Ligadas? Isso é apenas um cara s*******o que está falando coisas sem nexo.
-E seu transi com as plantas, seus olhos brilhando mais que o normal, também é algo sem nexo? – antes que ela pudesse responder, fomos interrompidas pelos meus amigos. Percebi que eram eles ao ouvir o sarcasmo.
-Primeiro a Alice, agora a Sofia. Estou começando a achar que você quer mudar de grupo Isa. – ouvi a voz de Lucas atrás de mim.
-Eu realmente estou sentindo, hum, que há algo errado por aqui. – ao me virar , vi Debs entrelaçada em um dos braços fortes de Lucas.
-Seus amigos são realmente patéticos. – Alice pegou seu caderno do chão, que havia caído quando o homem apareceu, virou as costas e saiu do corredor.
-Vocês estão fazendo tempestade num copo de água. Porque eu trocaria vocês por ela? Vocês sabem o que acho dela. – peguei minhas coisas e andei em direção a eles.
-Todo mundo sabe. Mas se encontramos você conversando com alguma delas, sem ser com xingamentos ou alterações de vozes, é estranho.
-E por favor, não deixe a Ray saber disso. Ela vai pirar. – Debs sabia do que Ray era capaz e queria ao máximo evitar confusões.
-È só vocês não contarem nada. – me coloquei no meio deles .- Vamos, estamos perdendo a explicação. – eu havia perdido meu grupo de vista, porém, não importava. Eu poderia ficar em qualquer um.
No final da excursão, no pátio do colégio, eu estava saindo do banheiro quando fui parada por duas garotas. Parei imediatamente ao vê-las na minha frente, suas faces não estavam amigáveis.
-Okay! – falei pausadamente olhando para as duas. – Eu não sei o que vocês querem, mas eu não quero confusão.
-Dessa vez, não é confusão. Queremos saber quem é aquele cara. – Sofia tomou a voz, enquanto Alice concordava com leves acenos.
-Estamos no mesmo barco. Também quero saber quem é ele, e porque está indo até minha casa me falar besteiras. – senti seus olhos arregalarem.
-Na sua casa?
-Ele sabe onde você mora?
-Sim. E não duvido que saibam seus endereços também. Ele tem algo diferente, algo que não é desse mundo.- comecei a andar e elas vieram atrás de mim. Alice no meu lado direito e Sofia no esquerdo.
-Algo que não é desse mundo? Nossa estou muito mais tranquila agora. – Alice resmungou ao meu lado.
-Como assim? Algo que não é desse mundo? Isabelle, você tem que falar tudo que sabe. – Sofia impôs um tipo de moral que eu já havia presenciado. Parei imediatamente e me pus em frente as duas.
-Primeiro, parem de me fazer perguntas a qual eu não sei responder. Segundo, eu adoraria saber quem e o que esse cara quer. Terceiro, parem de me seguir ou andar comigo. Eu já tenho problemas suficientes e não quero que me vejam andando com vocês. – ao terminar de falar, deixei as duas sem palavras e segui meu caminho.