-Bom dia! O Jony vai sair mais cedo da escola, vou buscá-lo pois vou levá-lo ao médico. – foi a primeira coisa que ouvi ao descer as escadas e chegar na cozinha, onde todos estavam reunidos.
-Bom dia! – sentei em um dos bancos que ficam juntos da bancada e pus o cereal com leite e comecei a comer. – Então isso significa que eu vou voltar sozinha.
-Ou volta com o Erik.- Jony estava do meu lado, comendo algo que a mamãe havia preparado.
-Não pense que eu esqueci de você garoto.
-Crianças, não briguem. Não a essa hora. – ela estava andando de um lado para o outro na cozinha.
-Jony, deixe sua irmã em paz. Você já está bem grandinho para estas coisas.
-Sim papai. – percebi a tristeza na voz de Jony ao concordar com o seu pai. Pareceu que ele havia tirado um doce da boca do menino.
-Não liga, pode continuar se quiser. Eu não ligo. – cochichei em seu ouvido o fazendo sorrir. – Vamos, já está na hora. – saltei do banco e peguei minha bolsa. –Xau, até mais tarde. – falei me despedindo.
-Xau! – escutei voz mista deles, peguei o Jony e fomos até o ponto de ônibus.
Ao saltar na escola, deixei Jony em sua área e fui para a minha. Não fui direto para a sala, nem tampouco para o lugar o qual ficava com meus amigos , fui para a cantina, onde sabia que encontraria elas.
-Eu tenho uma coisa para falar com vocês. – sentei na frente das duas e as esperei me olharem.
-Estamos ouvindo. – Alice pôs seus cotovelos na mesa e apoiou suas mãos sob o rosto.
-Não somos as únicas a sofrer coisas estranhas. – percebi os olhos arregalados e decidi não fazer muita volta no assunto. – È isso mesmo, a Luna também consegue fazer coisas esquisitas. E acho que ela tem uma certa amizade com o ar. – elas se olharam.
-Como você sabe disso?
-Podemos dizer que alguém a mandou me procurar. E , ontem eu vi. Com meus próprios olhos.
-Você quer dizer que a Luna foi te pedir ajuda? Ah, não brinca Isabelle. – Sofia parecia não acreditar em minhas palavras.
-Certo. Depois não diga que não avisei. – levantei e sai dali antes mesmo delas puderem chamar meu nome. Entrei na sala e fui para junto do meu grupo. – Bom dia!
-Bom dia! – o coro se direcionou até mim.
-Resolveu o que tinha que resolver ontem? – Lucas sentou na banca em minha frente .
-Posso dizer que achei mais um. Porém, resolvi outro. – percebi que eles não haviam entendido uma palavra do que falei. – E esse eu posso contar para vocês. Agora tem que ficar em segredo, ninguém pode saber.- todos eles se aconchegaram junto de mim. – Ontem , eu beijei o Erik. – todos eles abriram a boca em tom de surpresa.
-Você o que?
-Com o Erik?
-Como isso aconteceu?
-Não posso contar muita coisa. Mas, posso dizer que saímos ontem com o Jony e na volta ele disse que estaria comigo pro que eu precisasse. E aí, nos beijamos. – escutei os suspiros de Debs e as palmas de Ray.
-Finalmente você fisgou o garoto. – Ray me abraçou alegremente.
-Ray, fala baixo. – fiz um gesto para ela abaixar a voz. -Lembrem-se que não temos nada demais, foi apenas um beijo. Bem, dois beijos.
-Dois beijos? Você está oficialmente com o instrutor do colégio. - Lucas bateu palmas e me abraçou.
-Gente, por favor. Fiquem em silêncio. - fiz um gesto para calarem a boca. - Se eu souber que alguém mais do colégio sabe disso, vou saber que foi algum de vocês.
-Até porquê vocês não podem ficar juntos. Isa, ele é praticamente professor do seu irmão, e praticamente nosso professor também. - Debs parou um pouco para raciocinar e começou a enxergar os problemas.
-Praticamente Debs. Se ninguém ficar sabendo, não há provas. E senão há provas, não tem como alguém acreditar. - sorri indecentemente.
-Garota, você é perigosa! - Ray levantou sua mão e eu bati sorrindo. Nossa conversa foi interrompida pela chegada da professora. Eu queria prestar atenção na aula, mas ficava difícil a cada vez que lembrava do beijo de Erik. Mesmo tendo toda aquela coisa de magia, coisas esquisitas e está escondendo coisas dos meus amigos, ele me fazia esquecer todos esses problemas.
Como em todos os horários de almoço, estávamos na cantina, cada um com seu grupo e em seu lugar. Contudo, sempre havia um pequeno show da Luna ou do Leo implicando com alguém do lado mais fraco. Dessa vez era o Leo, e pior, ele estava incomodando Lucas e alguns de seus amigos.
- È verdade que se você começa a andar com gays, você vira um também? – Leo chegou até o grupo de Lucas, bem atrás dele. Lucas revirou os olhos , mas não se virou. – Estou falando com vocês. – Leo deu um pequeno soco no ombro de Lucas.
-Sabe Leo, porque você não nos deixa em paz? – um garoto moreno, de olhos escuros se levantou e enfrentou Leo. Se ouviu um "uuuh" daquela tropa.
-Olha só, temos um valentão aqui. – Leo deu a volta e foi até onde o garoto estava. O olhou dos pés a cabeça. – Então, você é o namorado dele?
-Você não entende que somos apenas amigos? Entenda Leo, eles não são diferentes de nós, não temos que afastá-los. – um garoto forte, com cabelos longos e pretos, tomou a frente de Leo e o outro garoto.
-Vai defender eles agora Mike? O que aconteceu? Virou um deles?
-Você sabe o quanto eu odeio injustiças. – os olhos deles se cruzaram , houve um pequeno silencio ao se encararem.
-Mas o que está acontecendo aqui? – cheguei junto deles e olhei para os garotos se encarando. Havia poucos minutos que eu tinha chegado na cantina e logo quando vi a cena de longe, fui até Lucas, junto com Ray e Debs , para tirá-lo de lá. Por coincidência, Luna e seu grupo chegou logo em alguns instantes.
-O que está acontecendo aqui? – Leo virou para Luna e deu um sorriso.
-Minha rainha, junte-se a nós nesse adorável almoço. – Leo abraçou Luna, que logo se retirou dos braços dele.
-Luna , manda seu namorado deixar meus amigos em paz. – me pus de frente para Luna e a encarei. – Você me deve pelo menos isso. – cheguei mais junto e cochichei no ouvido dela. Todos estavam nos olhando, apenas esperando os próximos movimentos.
-Não me ameaça na frente de todo mundo. Você sabe o que eu posso fazer. – ela me encarou e colocou sua cara de malvada riquinha novamente. – E nós duas sabemos, que você não tem nada de especial.
-Talvez a gente possa descobrir agora. – coloquei minha mão sobre seus pulsos e agarrei forte. Ela retirou rapidamente, senti que seu braço esquentou e ela arfou de dor. – Manda eles irem embora. – minha voz ainda estava baixa e totalmente concentrada para chegar somente até ela.
-Leo, deixa em eles paz. Vamos voltar para nossa mesa. – Luna ultrapassou meu corpo, me deixando para trás e indo em direção a Leo.
-O que ? Você está brincando não está? – todos ao redor estavam perplexo com a cena que tinham acabado de assistir e a atitude de Luna.
-Leo, vamos. – o olhar dela estava firme para ela, e com braços cruzados parecia ter maior autoridade. Luna deu o primeiro passo do lado contrario a mesa em que os garotos estavam. As seguidoras delas a seguiram no mesmo instante, e antes de sair, Leo olhou para mim. Dei uma piscada de olho e um pequeno tchau com a mão. A raiva dele, não era algo que dava para esconder. Após eles saírem, toda a atenção se voltou para mim.
-Obrigado Isa. Você nos safou de uma grande confusão. – um garoto ruivo saiu do meio dos meninos, e me soltou um sorriso simpático. Eu não tinha a menor ideia de quem era ela, porém sabia , que Lucas o conhecia.
-Não me agradeçam. Apenas, vamos comer em paz. – olhei ao meu redor e percebi que ainda havia pessoas olhando para nós. – O que foi? Voltem para o que estavam fazendo. – gritei para todos os curiosos. – Por favor, vamos comer. – pedi com calma para meus amigos. Sentamos, todos na mesma mesa. Eu sabia que todos queriam saber como eu tinha feito aquilo, principalmente meus amigos. Senti os olhares de Debs e Ray para mim durante todo o almoço. Eu sabia que quando tivéssemos uma oportunidade, elas me interrogariam.